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O desejo de transformação: o que está oculto na busca por procedimentos estéticos

Imagem do rosto de uma mulher sendo desenhado por um médico para fazer um procedimento cirúrgico na região dos olhos e bochecha.
Veles-Studio / Getty Images / Canva
Escrito por Giselli Duarte

O desejo por procedimentos estéticos, sob a ótica psicanalítica, reflete conflitos internos e a busca por identidade e aceitação. Muitas vezes, a modificação do corpo tenta corrigir uma autoimagem distorcida. A verdadeira transformação ocorre no autoconhecimento, não apenas na aparência.

Sob a ótica psicanalítica, o desejo por procedimentos estéticos pode ser visto como um reflexo de conflitos internos e uma tentativa de resolver questões psíquicas que não foram totalmente processadas.

O inconsciente desempenha um papel fundamental nessa dinâmica, moldando ações que, à primeira vista, parecem superficiais, mas que, no fundo, têm raízes em uma busca mais profunda por identidade, aceitação e controle.

Na psicanálise, o corpo não é apenas uma estrutura física, mas também um campo de expressão dos conflitos internos e das experiências emocionais.

Quando alguém decide se submeter a um procedimento estético, essa escolha pode ser uma tentativa de modificar uma imagem que não condiz com o modo como a pessoa se percebe ou como deseja ser vista.

Isso pode refletir uma fragmentação da identidade, em que a aparência física se torna o reflexo de questões emocionais não resolvidas, muitas vezes originadas na infância ou em experiências significativas da vida.

A psicanálise nos mostra que a construção do self é resultado das interações sociais e das percepções externas, que se entrelaçam com as experiências internas.

À medida que crescemos, a maneira como vemos a nós mesmos vai se moldando conforme os feedbacks e as expectativas que recebemos, especialmente de figuras significativas.

Quando essa imagem não é suficientemente integrada ou quando ela gera frustração, pode surgir o desejo de modificar o corpo. O procedimento estético, nesse caso, não é apenas uma reação à pressão social, mas também uma tentativa de corrigir uma distorção interna da autoimagem.

Esse desejo de transformação pode estar relacionado a traumas, rejeições emocionais ou inseguranças não processadas. O corpo, na visão psicanalítica, pode se tornar um local de manifestação desses conflitos não resolvidos.

Imagem de um médico mostrando implantes de silicone para aumento de mama para paciente na clínica.
África / Canva

A escolha de alterar o corpo pode, portanto, ser uma tentativa de recuperar o controle sobre algo que parece estar fora de controle no plano emocional. No entanto, ao se focar apenas na aparência física, o conflito interno permanece, sem a devida resolução.

A busca por modificações estéticas, nesse contexto, pode se transformar em um ciclo repetitivo, onde a satisfação nunca é alcançada, pois o verdadeiro problema não está na aparência, mas nas questões emocionais mais profundas.

Além disso, a pressão social e cultural também exerce uma influência importante nesse comportamento. A psicanálise compreende que, desde a infância, as normas de beleza e os padrões de sucesso são internalizados, muitas vezes sem que a pessoa perceba.

Esse processo pode gerar um complexo de inferioridade, onde a pessoa sente que precisa atender a essas expectativas para se sentir aceita e valorizada, tanto pelos outros quanto por si mesma.

A busca por procedimentos estéticos pode ser uma resposta a esse impulso de adequação, um desejo de alcançar um ideal de beleza que foi internalizado e se tornou parte da identidade da pessoa.

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Em resumo, o desejo por mudanças estéticas, quando visto pela lente da psicanálise, revela muito sobre os conflitos internos que ainda não foram resolvidos.

O corpo, embora alterado, pode continuar a carregar as marcas desses conflitos, já que a verdadeira transformação não está na modificação física, mas na integração da imagem interna com a identidade.

Trabalhar o autoconhecimento e entender as motivações inconscientes que geram essas escolhas pode ser um passo importante para alcançar uma aceitação verdadeira, onde as mudanças externas sejam feitas de maneira mais consciente e alinhada com o que a pessoa realmente deseja, sem recorrer a soluções superficiais.

Sobre o autor

Giselli Duarte

Nunca fui alguém que se contenta em observar a vida passar. A inquietação sempre pulsou em mim, guiando-me a atravessar caminhos diversos, por vezes improváveis, mas sempre significativos. Não se tratava de buscar respostas rápidas, mas de me deixar ser moldada pelas perguntas.

Meu primeiro contato com o trabalho foi aos 14 anos. Não era apenas sobre ganhar meu próprio dinheiro, mas sobre entender como o mundo se movia, como as relações de troca iam além de cifras. Com o tempo, percebi que meu lugar não seria apenas cumprir horários, mas criar algo próprio. Assim, aos 21, nasceu meu primeiro negócio, registrado formalmente. Desde então, empreender tornou-se tanto profissão quanto paixão.

Mas, por trás dessa trajetória profissional, sempre existiu uma busca interior que muitas vezes precisei calar para priorizar o mundo exterior. Foi somente quando o cansaço me alcançou na forma de burnout que entendi que não podia mais ignorar a necessidade de olhar para dentro. Yoga e meditação não foram apenas escapes, mas verdadeiras reconexões com uma parte de mim que havia sido negligenciada.

Foi nesse espaço de silêncio que descobri o quanto a curiosidade que sempre me guiou podia ser dirigida também para dentro. Formei-me em Hatha Yoga, dentre outras terapias integrativas, e comecei a dividir o que aprendi com outras pessoas, conduzindo práticas e compartilhando reflexões em plataformas como Insight Timer e Aura Health. Ensinar, percebi, é uma das formas mais puras de aprender.

A escrita foi um desdobramento natural desse processo. Sempre acreditei que as palavras possuem a capacidade de transformar não só quem as lê, mas também quem as escreve. Meus livros, No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, são registros de uma caminhada que não se encerra, mas que encontra sentido na partilha. Participar de antologias poéticas também me mostrou a força do coletivo, de somar vozes em algo maior.

Cada curso que fiz, cada desafio que enfrentei, trouxe peças para um mosaico em constante formação. Marketing, design, gestão estratégica – cada aprendizado me preparou para algo que, na época, eu ainda não conseguia nomear. Hoje, entendo que tudo se conecta.

Minha missão não é ensinar verdades absolutas, mas oferecer ferramentas para que cada pessoa possa encontrar suas próprias respostas. Seja através da meditação, da escrita ou de uma simples conversa, acredito que o autoconhecimento é um processo contínuo, sem fim, mas cheio de significado.

E você, o que tem feito para ouvir as perguntas que habitam em você? Talvez nelas esteja o próximo passo para um novo horizonte.

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Meditação para quem não sabe meditar

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