Os cabalistas estudam as leis espirituais de forma profunda, os aspectos ocultos que estão expostos na Torá, que são os cinco primeiros livros da Bíblia, o também chamado Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
Assim sendo, o ego está relacionado com uma das mais importantes passagens da Torá, que é a escravidão dos hebreus no Egito. Segundo a história, contada no livro de Êxodo, o faraó dominava o povo hebreu que vivia em suas terras e impunha-lhes uma série de trabalhos forçados, cada vez mais duros. Moisés, então escolhido como líder espiritual enviado por Deus, confrontou o faraó para que os libertasse, tendo seu pedido rejeitado por diversas vezes. Após várias pragas que caíram sobre os egípcios – dez ao total –, o faraó finalmente os libertou, somente depois da morte de todos os primogênitos.
Mas o que tem a ver a história do cativeiro dos hebreus com o ego?
Na Torá, as palavras contêm códigos ocultos e contam, na verdade, a nossa história, a verdade que se esconde em nosso interior. O faraó é uma palavra que está identificada com o nosso ego, o líder de nossa mente, que comanda o nosso corpo físico, se assim deixarmos. É o líder do mundo material, relacionado também com o desejo de receber somente para si mesmo. Moisés, por sua vez, representa a nossa Luz interna, que conecta nossa alma com os mundos superiores. O Egito, por sua vez, é o mundo físico, o último nível da Árvore da Vida.
Quando estamos desequilibrados internamente e manifestamos o desejo de receber, sem querer compartilhar, unicamente para satisfação de nossos mais primitivos instintos, colocamo-nos em um regime de escravidão. Trabalhamos incessantemente, para alcançar objetivos e metas físicas, que, ao serem atingidas, são rapidamente substituídas por outras, mais difíceis e elevadas. O faraó, nosso ego, pode exigir que obtenhamos riquezas, fama, poder ou quaisquer outras conquistas, que ao fim serão deixadas de lado e deixarão nossas vidas exauridas de sentido real.
Sim, o ego também nos identifica de forma positiva, se tivermos uma vida equilibrada, não identificada nem presa aos estímulos físicos, à posse de bens, à idolatria.
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A pergunta que devemos fazer é: a quem obedeceremos? A qual lado daremos ouvidos? Ao faraó, que nos obriga ao trabalho árduo e escravo, ou a Moisés, que nos convida a caminhar rumo à Terra Prometida, a uma vida livre e cheia de significado? A escolha é nossa.