Hoje, eu venho com um causo de um conhecido meu que ficou por horas pregando sobre como ele estava salvando o nosso amado planeta.
Sim, querido amigo, enquanto ele está resguardando o nosso lar de gente como eu, eu mesmo fico por aqui comendo os meus deliciosos companheiros bovinos.
Calma, antes de você também me julgar e se manifestar contra o meu atraso evolutivo, como ele tão habilmente e luminosamente o fez, quero colocar um ponto em questão.
O ego pode se iluminar?
Quando esta pessoa se comparara aos outros seres humanos e chega à conclusão de que não somos tão evoluídos quanto ela (fique tranquilo, você está fora deste hall involutivo!), é claro que é o ego quem faz tal comparação, pois a alma (ou seja lá o nome que você queira dar para esta “consciência maior” que há dentro de cada um de nós e que tanto buscamos despertar para ela) não compara.
Esta “consciência maior” é como a natureza. Não é nem moral, nem imoral. Simplesmente amoral. É o que é.
Mas ao sair desta amoralidade, onde nada se julga e tudo o que há é a contemplação do que é, entramos no ego.
Hum, aí a coisa pega…
É quando entram as comparações e, claro, os julgamentos.
Ele vira o salvador da pátria, enquanto eu, o vilão. O algoz…
O resto? Não importa!
A minha consciência de investir uma pequena fortuna em placas solares em casa para fornecer calor e eletricidade, devolvendo energia elétrica para o município ou a implantação de receptores enormes para captar a água da chuva, não surtem efeito perante a pregação que ele faz.
Tampouco o fato de eu não trocar de carro há anos para contribuir o mínimo possível com a indústria automobilística, pois esta, pior do que a indústria frigorífica, gera um verdadeiro caos ao planeta. Metais, borracha e, o vilão maior, o petróleo, estão corroborando para a morte das condições de vida neste espaço chamado Terra.
Para ele, sua consciência é maior.
E aqui tanto faz o ponto discutido.
Pode ser vegetarianismo, comunismo, capitalismo, consumismo… Não importa!
Este é o grande perigo de quando o ego se ilumina. É a situação em que a pessoa se vê como um iluminado, porém manifestando o discurso e as ações do próprio ego.
De qualquer forma, ele ainda não tem consciência para ver isto. Está imerso em seu discurso de mudar o mundo a partir de sua evolução pessoal, sempre mais íntegro, consciente e desperto do que os Neandertais ao seu redor. Claro, no julgamento que ele faz, ou melhor, que o ego dele faz, é lógico.
Quanto a mim?
Ah, estou a anos luz de chegar em algum lugar ligeiramente sombreado. Mas tudo bem, eu permaneço na escuridão iluminada. Já não dou tanta atenção ao meu próprio ego desde que passei a enxergar no escuro.
Por enquanto, apenas deixo as palavras caírem do meu ego como gotas de chuva que caem do céu, por não poderem ascender a ele.
Deixo uma frase, que gosto muito, do grande escritor André Ariel:
“Eu não sou o dono da verdade, e sim o dono da minha verdade. Se eu tiver a pretensão de achar que a minha verdade é absoluta, serei um pregador cheio de gratidão quando concordarem comigo e cheio de rancor quando discordarem de mim”.
Bem, fico por aqui.
Se precisar, eu estou aqui prontamente para atendê-lo em meu consultório ou simplesmente à sua espera para um delicioso café.
Um beijo no coração de cada um de vocês!
Você também pode gostar de outros artigos do autor. Acesse: https://www.eusemfronteiras.com.br/autor/dinamica-do-ser/