“O amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.”
Bendito seja Camões por essa poesia, ou “maldito” seja. O amor é o que move a humanidade, mas de uns tempos para cá esse sentimento está movendo um bando de pessoas programadas a agir de tal forma para alcançar tal resultado.
O amor deixou de ser tema de poesias para virar “técnicas de sedução”, ou pior, técnicas para brincar com os sentimentos alheios. Sem mais delongas, aprenda um pouco sobre o que fazem com você ou o que você faz com os outros e que deveria parar, tanto num relacionamento sério quanto nas suas possíveis aventuras corriqueiras, para deixarmos de ser esses computadores ambulantes e voltarmos à boa e antiga humanidade.
Puro egoísmo
Vamos começar do começo. Existem aqueles indivíduos que não entendem muito bem que um relacionamento funciona com duas pessoas, isso é, para eles estar num relacionamento significa: só eu falo, só eu preciso de carinho, só eu preciso ter prazer, só eu preciso de uma boa risada no fim do dia. Para essas pessoas só há uma coisa a dizer: volte duas casas e vá aprender um pouco sobre o que realmente significa “vida a dois”.
Ter alguém na mão
Tem algumas mulheres que adoram ter uma geladeira cheia de rostinhos prontos para elogiá-las e dar um level up na sua autoestima quando precisam, e alguns homens que gostam de ter aquela menina que, como diria Luan Santana, “é só fazer assim… que eu volto”. Parem com isso. Vocês estão lidando com pessoas, não com um exército de robôs feitos para satisfazer seus desejos. As pessoas têm sentimentos, se iludem fácil, podem não estar vivendo a vida delas, tudo porque certas pessoas adoram tê-las na mão para quando convém um elogio ou uma noite de amor.
Indiferença
Não tem nada de errado em se importar com o outro, não é porque vocês querem saber um pouco mais sobre ele ou ela que vai “dar na cara” que você está a fim. Parem com a famosa técnica de “Não vou ligar, só assim para ele(a) reparar em mim”. Se a pessoa reparar em você, provavelmente é por tristeza, por não ser levado a sério, ou pior, por ser ignorado. Vocês com certeza não tratam um animal assim, então por que tratar uma pessoa dessa maneira?
Superficialidade
Famosos papos de conquista: “Você é linda(o)”; “O que fez hoje?”. Beleza, inteligência, bom humor… se a pessoa tiver alguma dessas qualidades, provavelmente ela ouve isso mais do que gostaria de admitir. Vão além, descubram mais coisas sobre ela. Uma pessoa é um milhão de histórias só esperando por um bom ouvinte, assim como você também é.
Igualar o comportamento
“Ele demorou uma hora para me responder, vou demorar duas só para ele ver como é bom”. Não. Parem com isso. Talvez a pessoa tenha tido um motivo para não te responder, ou ela simplesmente seja escrota — isso acontece mais do que gostaríamos de admitir — mas é aquele velho ditado: “Dê a outra cara da moeda”. Parem de se preocupar com as aparências, vocês são muito mais maduros do que isso.
Vitimismo
Um relacionamento não se trata de ser presa ou predador. Qual a dificuldade em ter uma conversa franca? Em realmente abrir o coração? Se fazer de vítima é algo cruel tanto para si mesmo quanto para o outro. Não devemos culpar alguém pela nossa própria falta de segurança ou de autoestima.
Discussões
A pessoa não agiu como vocês gostariam, e de repente…brigas. Parem, respirem. Um monte de palavras carregadas de “calor do momento” não levam a nada, talvez a um desabafo que te trará dor de cabeça. Mesmo que eventualmente fique tudo bem, aquelas palavras ficarão guardadas no coração da pessoa — mesmo que ela tenha uma memória ruim, nos lembramos do que sentimos em certas situações, e é isso o que fica.
Silêncio
Outra arma mortal. Por que ignorar alguém? Por que não dizer o que sente? Uma coisa é precisar de um tempo para se acalmar e refletir, outra é dar uma de Mestre dos Magos de propósito ficando em silêncio bem quando a vida a dois precisa de uma direção.
Com certeza você já passou por alguma situação dessas, seja sendo o “computador” ou o humano. Não te ofereço conselhos porque não sou nenhum Hitch, o conselheiro amoroso, mas te deixo algumas reflexões:
- Talvez nem todo mundo seja babaca.
- Ser romântico não é ruim, ter sentimentos é a prova de que estamos vivos, e fingir ou se convencer de que é à prova deles é a mesma coisa que ser um White Walker.
- E, principalmente, diferente do que muitos pensam: um relacionamento não se trata de mudar a si mesmo ou o outro, mas se propor a fazer dar certo. É lindo ver um casal fazendo bodas de ouro e pensar: “Estão juntos porque foram feitos um para o outro”. Essa é uma visão romântica, mas na realidade eles tiveram suas dificuldades, e em vez de passar o tempo praticando o famoso mimimi ou os incríveis jogos emocionais, eles se propunham a conversar e se entender. O amor é aquela coisa: amar os defeitos, não desistir nas dificuldades, e entender que não existe “hoje eu amo, amanhã não amo mais”.
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Seja conquistando ou já em um relacionamento, quem está a sua frente é uma pessoa, não um jogo para você brincar como bem entender. Jogos emocionais, técnicas de sedução, todas essas “táticas” não passam de tentativas para se esconder, e muitas vezes se enganar. Seu parceiro(a) é muito mais do que isso, você é muito mais do que isso. O amor não é motivo para brincadeiras, o amor é motivo para poesias.
“O mundo é apenas uma brincadeira de lego para aqueles que nunca aprenderam que as pessoas não são peças.”