Em algum momento, quando já temos idade para entender o conceito de objetivos, aprendemos que a felicidade está nos marcos da vida: na promoção de emprego que ainda queremos, no carro que ainda não compramos, na viagem que sonhamos, e assim por diante.
No entanto, o que percebemos com o tempo é que logo alcançamos o que buscamos, e ele se torna velho, precisando ser substituído por algo mais. Aquela alegria inicial de conquistar um novo trabalho, um relacionamento ou mesmo um novo projeto logo se torna rotina. E, assim, nos vemos novamente à procura de algo diferente.
Por exemplo, a expectativa de comprar um celular novo traz euforia e excitação — e então, meses depois, ele parece apenas um objeto comum. O mesmo acontece com tantas outras coisas: uma casa nova, uma mudança de cidade, uma promoção no trabalho.
Cada conquista parece perder o brilho inicial, e logo estamos em busca de outra novidade. A busca pela felicidade, assim, se torna um ciclo sem fim, sempre colocada no futuro, e nunca no aqui e agora.
O engano está em acreditar que essa busca nos trará a felicidade definitiva. Muitos colocam seus sonhos em alcançar um padrão de vida superior, pensando que o dinheiro será a solução para todos os problemas.
Contudo, o aumento financeiro traz alívio temporário, mas não sustenta a felicidade a longo prazo. As pesquisas mostram que, até certo ponto, o dinheiro alivia tensões, mas não possui o poder de gerar felicidade constante.
Talvez seja porque nem mesmo sabemos o que é essa tal felicidade. Muitas vezes, a interpretamos como alegria intensa e constante, esquecendo que, como seres humanos, somos feitos para experimentar uma variedade de sentimentos.
Quando insistimos em buscar a alegria contínua, criamos uma armadilha para nós mesmos: a cada fase em que o sentimento de excitação diminui, surge a frustração e a desilusão. E assim, seguimos sempre em busca de algo que parece nunca se completar.
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A verdadeira felicidade pode surgir quando deixamos de colocar a vida em espera, esperando pelo “amanhã perfeito”. Ela vem ao aceitar os altos e baixos do presente, com todas as emoções que isso implica. O hoje é tudo o que temos; o ontem já passou, e o amanhã é uma promessa incerta.
Janio, psicanalista em sessão online
Autor do e-book “Você é Refém da Procrastinação” – descubra o impacto de adiar sua vida para o futuro e aprenda a viver o presente.