Todos ansiamos por um mundo melhor, que se traduza por uma melhor condição de vida onde o sentimento de bem-estar, sob qualquer aspecto que se observe, se estabeleça amplamente.
O progresso das legislações humanas é um fato, tanto quanto é um fato que o clamor por mudanças de paradigmas nunca foi tão presente como nos dias de hoje.
Observa-se, no entanto, que a maioria de nós, diretamente interessados nesse estado de vida, esperamos que se dê por obra de forças e atuações externas, sem a correspondente participação particular. Prova disso é a cobrança constante por direitos, sem a contrapartida dos deveres cumpridos fielmente.
A despeito de todo pensamento ateísta e materialista, a espiritualidade está presente na natureza humana, inata que é, corroborada, nas mais diversas culturas, pela presença das revelações espirituais, que orientam o homem no sentido de se modificar moralmente para melhor, sempre direcionando o seu foco de ação para os seus semelhantes.
A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, se fundamenta nas revelações dos Espíritos Superiores, que com lógica e bom senso cristãos, se estabelece como sendo uma ciência que trata da natureza dos espíritos, sua origem, seu destino e, também, suas relações com o mundo corporal.
Os Espíritos Superiores, que são por conta de sua condição moral, não são criaturas a parte da ordem divina. São seres humanos como qualquer um outro, com a diferença que já atingiram, devido aos seus próprios esforços, condições de superioridade moral e, dentro de suas obrigações naturais, trabalham para esclarecer o ser humano encarnado, ainda em atraso, inclusive sobre suas responsabilidades naturais.
Nesse aspecto precisamos refletir seriamente sobre a última questão proposta por Allan Kardec aos Espíritos Superiores, constante de “O Livro dos Espíritos”, a respeito da implantação do bem na Terra.
Propõe o Codificador:
“O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra”?
A resposta é dada pelo espírito São Luís:
– “O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus, então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. Pelo progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus, mas os maus só a deixarão quando o homem tiver expulsado de si o orgulho e o egoísmo. A transformação da humanidade foi anunciada e é chegado o tempo em que todos os homens amantes do progresso se apresentam e se apressam, porque essa transformação se fará pela encarnação dos Espíritos melhores, que formarão sobre a Terra uma nova ordem. Então, os Espíritos maus, que a morte vai retirando a cada dia, e aqueles que tentam deter a marcha das coisas serão excluídos da Terra porque estariam deslocados entre os homens de bem dos quais perturbariam a felicidade. Eles irão para mundos novos, menos avançados, desempenhar missões punitivas para seu próprio adiantamento e de seus irmãos ainda mais atrasados. Nessa exclusão de Espíritos da Terra transformada não percebeis a sublime figura do paraíso perdido? E a chegada à Terra do homem em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original? O pecado original, sob esse ponto de vista, se refere à natureza ainda imperfeita do homem, que é, assim, responsável por si mesmo e por suas próprias faltas e não pelas faltas de seus pais. Todos vós, homens de fé e boa vontade, trabalhai com zelo e coragem na grande obra da regeneração, porque recolhereis cem vezes mais o grão que tiverdes semeado. Infelizes aqueles que fecham os olhos à luz. Preparam para si longos séculos de trevas e decepções, infelizes os que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações do que os prazeres de que desfrutaram, infelizes, principalmente, os egoístas, porque não encontrarão ninguém para ajudá-los a carregar o fardo de suas misérias”.
É evidente, na resposta do Benfeitor, a necessidade do esforço pessoal de cada um dos membros da sociedade humana em se corrigir, dominando e eliminando o orgulho e o egoísmo pessoal, com o cumprimento de seus deveres antes de reclamar os seus direitos.
Há uma condição lógica, em nosso próprio entendimento, que é a meritocracia. Não se admite, em sã consciência, que se dê, como retorno, algo que não se tem o mérito para consegui-lo. É princípio da justiça divina que Nosso Senhor Jesus Cristo nos apresenta quando diz que “a cada um é dado segundo suas obras”.
Você também pode gostar
Dessa forma, o bem que ansiamos experimentar na Terra depende de nossos próprios esforços, da nossa dedicação ao bem, consequentemente ao semelhante, que é, nas palavras de Jesus, o próximo, e aqueles que não se predisporem ao trabalho de correção íntima, serão transferidos, em espírito, para outros planetas – as muitas moradas anunciadas por Jesus, para que eles não prejudiquem os que aqui ficarem e para que continuem os seus progressos e condições, apropriados aos seus valores morais.
Pensemos nisso.