Para exercer a Medicina no Brasil, são necessários pelo menos 5 anos de estudos, mais 2 anos de estágio, e a obtenção do CRM. Para exercer o Direito, são 5 anos de estudos, mais estágio, mais OAB. Para exercer engenharia, também são pelo menos 5 anos de estudo, e o CREA.
Para se candidatar a um cargo político, as exigências são, basicamente:
- Ter nacionalidade brasileira (ser brasileiro nato ou naturalizado);
- Possuir pleno exercício dos direitos políticos;
- Ser alfabetizado (saber ler e escrever);
- Estar em dia com a Justiça Eleitoral;
- Ser maior de 18 anos de idade na data da posse;
- Certificado de reservista (apenas para pessoas do sexo masculino).
Resumindo, não é preciso estudar absolutamente nenhuma ciência do conhecimento disponível para ser considerado apto a representar o povo através de um cargo político.
Cabe a pergunta: como isso é possível?
A partir dessa simples constatação já podemos refletir muito acerca da base onde a política nacional está situada.
Quem gosta de seu filho, confiaria sua educação a uma entidade educacional com profissionais que não tenham estudado pedagogia?
Quem gosta de seu animal de estimação, entregaria-o aos cuidados de uma pessoa sem qualquer estudo de medicina veterinária?
Aquele que zela por seu automóvel, confiaria-o a uma oficina mecânica sem profissionais devidamente qualificados?
Você também pode gostar
- Direitos Humanos: saiba como fazer a sua parte neles
- Conheça os direitos de acesso à informação
- Autorresponsabilidade: entenda sua participação no que acontece contigo
Além da formação em uma área do conhecimento, um requisito básico para ter competência em gestão de pessoas é a honestidade. Mas como se mede a honestidade de um representante se às virtudes não cabe diploma?
Para termos a capacidade de ser honestos, é preciso que a honestidade exista primeiro dentro de nós – o que significa dizer que temos que ser honestos conosco antes de sermos com outrem. É aí que moram os inúmeros obstáculos que dificultam esse desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que, de forma inconsciente, demandamos que os governantes sejam responsáveis, escapamos da honestidade de enxergar a nós mesmos.
Seguiremos com uma reflexão acerca do que é exigido pelo povo:
Saúde
Existe muita cobrança por condições mais favoráveis à saúde e ao bem-estar social: construção de hospitais, investimento na formação dos profissionais, melhorias no saneamento básico, controle na qualidade da água, etc.
Você já refletiu se está de fato cuidando e se responsabilizando por sua própria saúde?
Você se dedica a uma atividade física com regularidade, antes de apenas perguntar ao médico qual o motivo das dores no corpo?
Está atento ao que compra no mercado? Prioriza o natural ao invés do industrializado, antes de perguntar ao médico o motivo das manchas na pele?
Mesmo consumindo um produto que contém várias advertências na embalagem: “Este produto contém mais de 4.700 substâncias tóxicas e pode causar dependência química”, você mantém na mente a ideia de que pode responsabilizar alguém por sua falta de ar?
Economia
Desvios de verba pública são expostos na mídia rotineiramente: desse ou daquele candidato, dessa ou daquela organização, dessa ou daquela secretaria, etc. Quem nunca se percebeu (ou ouviu de alguém) fazendo um comentário do tipo: “deveriam ter feito esta rua de outro jeito! jogaram dinheiro fora!”?
Antes de nascer em nós uma crítica ou julgamento sobre a má administração das finanças públicas, seguimos com as perguntas:
Administro bem o meu salário, gastando apenas o necessário? Ou tenho inúmeras dívidas contraídas?
Compro roupas e acessórios de vestimenta que sempre utilizo? Ou cometi excessos no meu guarda-roupa e tenho peças que não uso há anos?
Está equilibrada a porcentagem da renda que destino a investimentos em cursos – estudos e livros (educação no geral) – se comparada à porcentagem investida em lazer e entretenimento?
Tenho objetos que comprei, mas quase nem usei, esquecidos no “quartinho da bagunça”? Costumo dedicar um pouco de atenção para separá-los para doação, de forma que sejam úteis a alguém?
Quanto é gasto em prazeres da carne, se comparado ao quanto é gasto em serenidade do espírito?
O mundo está aí, e ele é o que é. Todo o sistema foi criado por inconsciência de quem realmente somos e não pode ser mudado, o que apenas pode ser alterado é o nosso olhar para o mundo. Não adianta dar murro em ponta de faca, pois só causará dor em você. Em contrapartida, o que nasce do seu interior pode, sim, ser alterado: sua atitude perante si mesmo, perante a vida, um comprometimento de alma em fazer diferente onde quer que esteja.
O autoconhecimento – se levado a sério – exige um aprofundamento da honestidade de si para si, de cada um com cada um. Este caminhar de forma sincera faz brotar a bem-aventurança que é propriedade de quem realmente somos. Desfazer-se das mentiras que impedem o reconhecimento da liberdade é árduo, mas cada passo traz em si um contentamento de alma que alimenta a continuidade dessa caminhada para dentro.