Antes de abordarmos essa relação que se intensificou bastante na última década em função, principalmente, mas não unicamente, de atentados terroristas, vamos explicar de maneira sucinta o que é o islamismo e a dimensão que essa religião tem aos adeptos de todo o mundo.
De acordo com o historiador Alderi Souza de Matos, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o islamismo foi fruto da genialidade de um notável líder religioso, Maomé (Muhammad, 570-632), que transformou os povos árabes, até então inexpressivos e desunidos, em uma poderosa força no contexto internacional.
Inspirados pela nova fé, em poucas décadas os muçulmanos conquistaram todo o Oriente Médio, a Mesopotâmia e o norte da África, bem como passaram a ameaçar a Europa cristã tanto no Oriente (Ásia Menor) quanto no Ocidente (Península Ibérica).
Quando vemos sob esse panorama, então o que levaria exatamente a uma fúria de parte desse povo contra os ocidentais? Matos explica que no início do século 20, o fim do império turco, a partilha dos territórios árabes entre vários países europeus (colonialismo), a criação do Estado de Israel e a descoberta de petróleo no Oriente Médio deram nova visibilidade à região e produziram renovados conflitos com o Ocidente.
O descumprimento de promessas no que diz respeito à independência dos países árabes, à criação de Israel e à preservação dos direitos dos palestinos gerou forte sentimento antieuropeu e antiamericano naquela região.
Ou seja, enquanto nós do Ocidente muitas vezes retratamos esses povos como terroristas e “vilões” da humanidade, a perspectiva deles é bem diferente ao considerar nós como responsáveis em invadir suas terras. A criação de Israel logo após a Segunda Guerra Mundial foi como jogar gasolina em um incêndio que já existe há muito tempo na região.
O atentado do Charlie Hebdo, por exemplo, que escandalizou os nossos olhos foi, segundo os muçulmanos, uma resposta ao desrespeito que a revista praticava ao retratar a cultura árabe.
Entre as abordagens da linha editorial da revistava estava a realização de sátiras, inclusive de Maomé. Segundo o Islamismo, a figura de Maomé não pode ser retratada e tal desrespeito é um grave pecado. Um filme foi feito sobre o líder religioso na primeira pessoa, ou seja, mostrava o ângulo de visão dele, mas sem mostrar a sua figura.
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É de se esperar um maior respeito e tolerância de ambos os lados, baseando-se na compreensão e interação cultural entre ocidente e oriente. A religião é um elemento da cultura da humanidade e quanto mais se trabalhar no campo do conhecimento, mais evoluídos seremos.
• Texto escrito por Diego Rennan da Equipe Eu Sem Fronteiras