Arunachalam Muruganantham, um nome tão desconhecido quanto impronunciável para nós, brasileiros, tornou-se um ícone de iniciativa, inovação e trabalho altruísta, o que tem levado milhares de mulheres indianas pobres a uma vida mais digna e salubre.
Nascido em uma cidade de médio porte no estado de Tamil Nadu, na Índia, em 1961, sua infância foi bastante difícil, principalmente após a morte do seu pai, ainda em seus primeiros anos de vida. Ele frequentou a escola até os 14 anos e depois disso abandonou os estudos para ajudar financeiramente a sua família por meio do trabalho. Foram vários os empregos aos quais Arunachalam se submeteu. Dentre eles, operador de máquinas, agente de vendas, trabalhador agrícola e soldador.
Foi a partir dos seus 37 anos que a sua vida começou a mudar. Após se casar, ele percebeu quão insalubre eram os hábitos de higiene da sua esposa, Shanthi, durante o seu período menstrual. Por serem muito pobres, eles não tinham dinheiro para comprar absorvente industrializado vendido nas farmácias e, por conta disso, as mulheres de sua aldeia utilizavam panos dos mais inadequados para a saúde ginecológica, a fim de estancar o sangramento, o que trazia tanto riscos para a fertilidade destas mulheres quanto para suas próprias vidas. Observando este problema, Arunachalam iniciou uma persistente jornada para criar um absorvente de baixo custo que pudesse acabar de vez com esse uso tão nocivo dos panos sujos.
Durante sua busca, Arunachalam passou por inúmeros desafios. Sua companheira, assim como várias outras mulheres próximas a ele, logo pararam de apoiá-lo por vergonha e toda a sua aldeia chegou a ridicularizá-lo quando descobriram que ele testava seus protótipos em si mesmo, usando sangue de animal. Foi depois de muitas dificuldades que ele adquiriu o conhecimento que o capacitou a produzir um absorvente tão efetivo quanto aqueles vendidos nas farmácias por multinacionais. Descobriu primeiramente que almofadas do interior do objeto eram feitas não de algodão, mas de uma fibra de celulose específica que ele logo conseguiu, adquirindo de um fornecedor em Mumbai. Quanto ao maquinário utilizado para a produção dos absorventes, que na época custava algo em torno de 500 mil dólares, ele construiu uma máquina com um custo de menos de mil dólares e tão eficaz quanto.
Arunachalam Muruganantham recebeu, em 2009, o prêmio da National Innovation Foundation, um órgão do governo indiano de incentivo à inovação tecnológica, e um financiamento que deu início à Jayaashree Industries, indústria criada por ele com o intuito de comercializar sua tecnologia para as aldeias de toda a Índia. Várias foram as ofertas de empresas multinacionais para a compra da sua tecnologia, mas todas recusadas. Arunachalam segue levando sua tecnologia a um preço acessível para todos os cantos do país e, além de distribuir saúde, distribui também trabalho e renda para as mulheres das aldeias que a sua tecnologia alcança.
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Mais que um exemplo de iniciativa, empreendedorismo e inovação, Arunachalam Muruganantham é, sem dúvidas, um exemplo de humanidade.