A palavra do momento é resiliência. Talvez pelo momento pandêmico ou pela complexidade e pelo dinamismo do nosso “novo normal”, não sei, mas o que me deixa indignada por esses tempos é a quantidade de vezes que temos que nos fazer e refazer para sobrevivermos à intolerância, à inveja e à necessidade constante de destruição promovida por alguns.
Voltemos à palavra. Se procurarmos no dicionário, encontraremos resiliência como a característica dos corpos que, após sofrerem alguma deformação ou choque, voltam à sua forma original. Do ponto de vista pessoal, ser resiliente é a capacidade de adaptação em meio às adversidades.
É certo que precisamos participar desse processo evolutivo constante — que é a vida — para nos tornarmos resilientes e nos adaptarmos mesmo nas adversidades, mas por esses dias me peguei pensando sobre o porquê de tanta adversidade criada?
O elástico tem sua característica de elasticidade, de obedecer determinado limite do mesmo, e que, quando ultrapassado, o mesmo se deforma, sendo impossível retornar à forma original. Sendo assim, mesmo acreditando na necessidade de sermos mais tolerantes e mais “adaptáveis”, questiono-me a respeito de por que as pessoas insistem em ser a “adversidade” das outras?
A resiliência infelizmente está sendo romantizada a ponto de que sofrer e lutar loucamente em prol de algo é algo bonito, um ato de coragem. Mas é que é tanta gente gostando de ver o outro se estrepando, correndo de um lado para o outro, que se esquecem de que a resiliência tem um limite e segue uma linha tênue entre o sucesso e o fracasso.
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A gente luta tanto apenas para sobreviver, ou não apenas sobreviver, mas sim existir em meio a essa selva de pedra, que não está demorando muito para a elasticidade perder as suas propriedades. Nada é cem por cento adaptável o tempo todo. Vamos parar de ferir, dificultar ou diminuir a luta do outro. Porque no final estamos todos no mesmo barco e seremos julgados da mesma forma pra onde quer que nossa essência vá.