E se arriscar fazer diferente?!
“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”
– William Shakespeare.
Faz alguns anos que, toda manhã, Mari acorda e ainda na cama faz o planejamento de todo o dia. Ao colocar o pé esquerdo no chão, parte do plano desmorona. No banheiro, desiste do batom e do adereço de cabelo, que já havia separado na noite anterior. Agora, ela acha que eles são chamativos demais.
Também trocou o modelo de blusinha por um mais folgadinho, pois disfarça “as gordurinhas”. Antes de ir para a cozinha, manda 3 mensagens para o boy que a ignora há 1 mês. Ela havia jurado para si mesma que não o procuraria. Neste trajeto, desiste de pegar a sacola com a roupa e os tênis da academia que separou junto com a blusinha rosa que ela não usou.
Sim! Pegou a caneta e o caderno que carrega exaustivamente há 18 dias na esperança de ter uma ideia genial e registrá-la. Há 17 dias, o caderno está em branco. Não meditou porque ficou ansiosa esperando a resposta do “boy”, que só chegou 3 horas depois. Ela está esperando o “momento certo” para deletar o contato do carinha da agenda.
Na cozinha, alimenta o cachorro com um punhado de ração e um cafuné apressado. Não percebe que ele não comeu a ração de ontem à noite. Mari “belisca” o que está fácil no armário, já que não tem tempo para comer e, mesmo assim, apenas neste período da manhã enquanto vai da cozinha até a garagem, estoura a quantidade de pontos que ela deveria consumir durante todo o dia.
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Quando finalmente colocou os pés na rua, Mari se deu conta que aumentou mais um pouquinho a bola de neve de frustração que cultiva há anos. Estava prestes a ter um surto de ódio de si mesma (mais um). Decidiu fazer diferente: conteve-se, respirou fundo e parou ali mesmo no meio da calçada e da garoa. A moça respirou mais algumas vezes, mesmo se sentindo um cocô, como já era de hábito.
O milagre que a mudaria instantaneamente não aconteceu. Porém, teve uma ideia e, o principal: uma atitude. Hoje, Mari foi trabalhar a pé (e evita planos que não pode cumprir).