Se você chegou aos 50 anos, então, esta leitura é para você. Se ainda não chegou, não perca mais tempo. Prossiga imediatamente com o texto. Não foi à toa que você o encontrou neste exato instante em seu caminho.
Ouvi dizer que a vida é como a escalada de uma montanha. Até os 50 anos ela é uma subida onde tudo é uma conquista. Muita luta, superação, vitórias, escorregões pelo caminho, encontros e desencontros, derrotas e tudo parece nunca ter fim. Um passo após o outro onde não podemos parar. Sempre olhando para o alto, desejando o pico. O topo. O “chegar lá”…
Isso mesmo, companheiro de escalada, um dia chegaremos “lá”. Uma respirada, um breve descanso e vamos lá novamente. Iniciamos nossa jornada insana rumo ao topo de nossas vidas. O tempo passa e cada um, à sua moda, vai conquistando a sua própria montanha, o seu Everest particular. Não há tempo para percebermos a paisagem de tirar o fôlego atrás de nós. Só sentimos a rocha dura embaixo de nossos corpos suados pela luta diária do ganha pão.
Perdemos noites e noites com insônias temendo a própria morte, o chefe, as contas e aumentamos o passo para chegarmos cada vez mais alto ainda em nossa escalada. Se pudéssemos, adiantaríamos o relógio em décadas para acabar de uma vez por todas com o nosso ciclo de escalada e já nos veríamos no topo de nossas vidas, já homens e mulheres feitos, bem casados, bem empregados ou já aposentados.
E o céu é o limite! Assim, tocamos a vida insanamente até chegarmos ao topo da vida aos 50 anos! E então, o que acontece? Um encontro… Um momento mágico, de pura comunhão… Céu e terra se encontram em harmonia e o Divino pode ser vivenciado de forma plena. Nos tornamos o que tanto queríamos ser. Gozamos, enfim, do êxtase da conquista!
“Chegamos lá!”.
Hum, será que é isso mesmo? Infelizmente, não!
Na vida real, normalmente o que acontece é um aniversário de 50 anos cheio de encanações a respeito da idade que já está dando uma dobrada pra lá do Cabo da Boa Esperança e já se faz contas do plano de saúde que cada vez fica mais sênior e mais caro.
Depois do pico, o que vem é a descida da montanha. Ao contrário da subida, ela é mais rápida. Literalmente, é ladeira abaixo. As células do corpo já não se reproduzem mais na mesma velocidade e ao longo do tempo, tudo morre. O corpo passa a morrer. Este é o processo.
Mas o que sobra, então? O desespero? Pode ser, mas a intenção aqui é mostrar o outro lado. A beleza da descida. A senioridade em perceber que não precisamos mais da bagagem de conhecimento que tanto nos pesava em nossa mochila na subida. Isso abrirá espaço para adquirirmos vasta sabedoria nesta jornada rumo ao retorno à nossa casa.
Sabedoria em aceitar a jornada de volta, em curti-la, em adaptar suas limitações e readaptar o caminho. Sabedoria em desapegar-se da bagagem desnecessária da subida. Dos companheiros de viagem. Dos acessórios desnecessários. Do que não é mais valioso além da própria vida.
Sabedoria em aproveitar apenas o viver. E poder, finalmente, apreciar cada respiração, cada inspiração, cada raio de sol e cada luz do luar que o Universo nos propicia gratuitamente, mas que apenas com os olhos de um sábio ancião é que teremos a felicidade em contemplar tais preciosidades.
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Por isto, caro escalador, pare e respire. Olhe em volta. Reavalie sua mochila. Quem sabe já não esteja na hora de trocar seu conhecimento por um pouco mais de sabedoria? E se precisar, estou aqui, prontamente para atendê-lo em meu consultório ou simplesmente a sua espera para um delicioso café.
Um beijo no coração de cada um de vocês.