A oração, ou prece, também tem dia determinado no calendário das convenções humanas para ser comemorado. É o dia quatro de março. Os Espíritos Superiores, encarregados de transmitir os esclarecimentos do Consolador prometido por Jesus (João 14:26), se manifestaram a respeito da oração, e Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, inseriu em “O Livro dos Espíritos” as orientações recebidas.
Informam os Benfeitores Espirituais:
A prece é sempre agradável a Deus quando é do coração, porque a intenção é tudo e a prece do coração é preferível à que se pode ler, por mais bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o sentimento.
E acrescentam:
A prece é agradável a Deus quando é dita com fé, fervor e sinceridade, mas não acrediteis que Ele seja tocado pela prece do homem fútil, orgulhoso e egoísta, a menos que signifique de sua parte um ato de sincero arrependimento e verdadeira humildade.
A esse respeito o Senhor Jesus se manifestou dizendo: “Esse povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim”, ou seja, a oração só tem validade se for proferida a partir do “coração”.
Também recomendou o Senhor que as nossas orações deveriam ser feitas em particular, onde Deus nos vê e ouve, evitando-se as orações em demonstração de piedade e crença.
É evidente, no entanto, que podemos orar em conjunto, desde que a união das intenções esteja coerente com o objetivo buscado.
Sobre o caráter da prece, os Benfeitores dizem que:
A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar n’Ele, é se aproximar d’Ele, é se colocar em comunicação com Ele. Pela prece, podem-se propor três coisas: louvar, pedir e agradecer.
Allan Kardec questionou se a prece torna o homem melhor, obtendo a seguinte resposta:
Sim, quem ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e Deus envia bons Espíritos para assisti-lo.
Porém até os deliberadamente maus oram, e nós mesmos, com todas as nossas viciações, também oramos, e oramos muito, mas os Espíritos nos advertem:
O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas acreditam que todo o mérito está no tamanho da prece e fecham os olhos para os seus próprios defeitos. A prece é, para elas, uma ocupação, um emprego do tempo, e não um estudo delas mesmas.
Kardec também questionou:
É válido orar a Deus para perdoar as nossas faltas?
Deus sabe discernir o bem e o mal, a prece não oculta as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas apenas o obtém ao mudar de conduta. As boas ações são as melhores preces, porque os atos valem mais do que as palavras.
Nosso Senhor nos orientou a orarmos pelos nossos inimigos, perseguidores e caluniadores. O Senhor jamais indicaria um comportamento que não tivesse exequibilidade e eficácia, então, encontramos em “O Livro dos Espíritos”:
É válido orar para outra pessoa?
O Espírito daquele que ora age pela sua vontade de fazer o bem. Pela prece, atrai bons Espíritos que se associam ao bem que quer fazer.
Allan Kardec comenta a resposta:
Possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e pela vontade, um poder de ação que se estende além dos limites de nossa esfera corporal. A prece em favor de outras pessoas é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar os bons Espíritos para ajudar aquele por quem oramos, a fim de lhe sugerir bons pensamentos e lhe dar ao corpo e à alma a força de que tem necessidade.
Quanto às nossas dificuldades diante da vida e para os momentos de sofrimento, os Espíritos esclarecem que:
Vossas provas estão nas mãos de Deus e há algumas que devem ser suportadas até o fim, mas Deus tem sempre em conta a resignação. A prece traz para junto de vós os bons Espíritos que dão a força de suportá-las com coragem e fazem com que pareçam menos duras. Ajudai-vos e o céu vos ajudará, sabeis disso. Aliás, Deus não pode mudar a ordem da natureza à vontade de cada um, porque aquilo que é um grande mal sob o vosso ponto de vista mesquinho e vossa vida efêmera é, muitas vezes, um grande bem na ordem geral do universo. Além de tudo, quantos males há dos quais o homem é o próprio autor por sua imprevidência ou por suas faltas! Muitas vezes também, muitas vezes mesmo, Ele vos suscita o pensamento necessário para, por vós mesmos, sairdes do problema.
Aprendemos com a Doutrina Espírita que é útil a oração pelos mortos, e que essas orações os aliviam e incentivam, ajudando-os a seguirem suas vidas, e acabam por fortalecer os laços de amizade e amor.
O Cristo disse: “Amai-vos uns aos outros”. Essa recomendação ensina que o homem deve empregar todos os meios possíveis para demonstrar afeição aos outros, sem entrar em detalhes sobre a maneira de atingir esse objetivo.
Nos dias atuais, o poder da oração tem sido largamente estudado e comprovado pelas ciências biológicas, e os resultados estão disponíveis em um número crescente de pesquisas e livros editados a respeito.
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Sabe-se, por exemplo, que os que oram, mas que oram bem, vivem, em média, mais tempo do que os que não oram, adoecem menos e precisam de menos remédios e menor período de internação do que aqueles que não oram.
Por último, lembremo-nos de uma outra recomendação do Senhor Jesus:
“Vigiai e orai, para não caírem em tentação.” (Mateus 26:41).
O Senhor está preconizando a vigilância mental para prevenção de pensamentos infelizes, negativos e depressivos, e a prece como mecanismo de defesa para o enfrentamento dos desafios que temos em nossa vida diária.
Pensemos nisso.