Eu conheço um montão de gente que vive dizendo SIM para tudo e para todos. São pessoas que não sabem dizer NÃO. Infelizmente, a grande maioria dessas pessoas vive atarefada, estressada e não é feliz!
Quem só sabe dizer SIM quase nunca tem tempo para si mesmo e acaba esquecendo de aproveitar a vida, de viver momentos importantes, ao lado daqueles que realmente o amam: os próprios familiares.
É preciso aprender a dizer NÃO! É preciso ensinar as crianças, os adolescentes, os jovens, os idosos, os trabalhadores, as donas de casa, os empregados… a dizer “não”. É urgente a pedagogia do “não”!
Nenhum ser humano pode dizer SIM quando é preciso dizer NÃO. Muitas vezes um “não” se torna mais educativo do que um “sim”. Dizer sempre “sim” pode ser sinal de fraqueza, de falta de personalidade. Durante a pandemia, dediquei várias horas do meu dia para atender e ajudar os meus alunos que estavam passando por alguma dificuldade, algum problema. Foram horas, dias, noites, semanas, meses… de escuta.
Eram alunos que relatavam sentimentos, problemas de todos os tipos. Pouco, ou quase nunca, eles queriam falar sobre a tarefa escolar, sobre o assunto da aula ministrada. Muitos deles só queriam conversar, desabafar.
Eles me relatavam que não conseguiam superar as próprias dificuldades porque se sentiam sufocados. Relatavam-me, ainda, dificuldades e sentimentos que lhes tiravam as forças e a vontade de viver.
Frequentemente relatavam-me problemas econômicos, amorosos, políticos, sociais. Ao longo desse trabalho, achei-os tão cheios de angústias, tristes que não cabiam mais dentro si, nem mesmo um bom conselho.
Aos poucos, fui percebendo que os meus alunos – e muitos dos pais dos meus alunos, que eu também passei a ouvir e ajudar durante a pandemia – só precisavam se esvaziar, desabafar, jogar conversa fora.
Nesse período, eu aprendi que quem sofre precisa expor seus sentimentos. Muitas pessoas têm uma necessidade tremenda de revelar o que sentem a seu companheiro, a seu amigo, a sua família, mas não sabem como. As escolas precisam ser espaços de acolhimento, de partilha. Mas como fazer isso se nas escolas não tem psicólogo? Se os professores têm carga horária fixa e extenso conteúdo programático a ser ministrado?
Quando as aulas presenciais retornaram, contei essa experiência a um gestor. E você sabe o que ele me disse? Que eu desse continuidade ao projeto, agora presencial, que eu teria todo o apoio da gestão escolar.
Disse-me, ainda, que chamasse os pais, a comunidade… Enfim, que, na abertura do projeto, ele pensava fazer uma grande festa. Disse-me até que a presença do secretário de Educação já estava confirmada.
Você sabe qual foi a minha resposta? Eu respondi: NÃOOOOOOO!
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Foi a partir desse dia que eu aprendi a dizer “não”.
Foi a partir desse dia que eu descobri o poder do “não”.
E você? Sabe dizer “não”?
Hoje, para qual situação você quer dizer “não”?
Vamos refletir sobre isso?