O chá é considerado a segunda bebida mais consumida no mundo, perdendo apenas para a água. A sua origem, reza a lenda, deu-se por um acaso no ano 737 a.C., quando folhas de um arbusto teriam caído dentro da água que os criados do imperador chinês Shen Nung ferviam para que ele e sua corte bebessem durante uma viagem. O resultado foi um líquido acastanhado que, movido pela curiosidade do imperador que também era cientista, foi provado e aprovado.
A bebida rapidamente conquistou os habitantes da China e começou a se espalhar pelo oriente, chegando ao resto do mundo a partir de 1560.
Variedades e Benefícios
Por ter tido sua origem em um país oriental, o chá já nasceu com pré-disposição a não ser somente uma bebida com sabor gostoso. Desde a época do imperador chinês, o líquido já era parte da cultura religiosa e, com o passar do tempo, foi-se descobrindo mais e mais sobre o poder da infusão de plantas na saúde do corpo e da mente.
“Podemos comparar os chás aos medicamentos, já que cada um serve para um determinado objetivo. Temos chás com alto poder antioxidante e mais estimulante, chás para melhora de distúrbios digestivos, outros com ação calmante e assim por diante”, explica a nutricionista e mestre em Biologia Celular, Priscila Teles.
A variedade de sabores de chás existente atualmente é imensa. Conheça alguns deles, e seus benefícios para a saúde:
* Camomila: de ação calmante, pode ajudar a combater a ansiedade e insônia, ajudando inclusive na enxaqueca. É ainda uma opção muito indicada para amenizar as cólicas, tanto menstruais quanto digestivas.
* Hortelã: refrescante, possui efeito vermífugo e auxilia no alívio de gases. Além disso, melhora a digestão, combatendo azias.
* Erva doce: relaxante, é usada para aliviar irritações no estômago e gases. É ainda recomendada para reduzir o apetite e auxiliar no processo de emagrecimento.
* Mate: tem ação estimulante e, por isso, ajuda a afastar o cansaço. É antioxidante, o que é bom para prevenir o envelhecimento precoce. Mas é preciso cuidado e evitar exageros se tiver hipertensão, já que ele contém cafeína.
* Canela: ótimo aliado no controle de diabetes, já que ajuda na redução da glicemia, regulando o açúcar no sangue. E ainda ajuda a diminuir a vontade de comer doces.
* Gengibre: um ótimo anti-inflamatório que também atua no sistema digestivo, contra cólicas e gases.
* Boldo: aumenta a produção da bile eliminando gases, cálculos na vesícula e no combate das afecções do fígado e baço.
* Preto: conta com grandes quantidades de cafeína que, quando consumida com moderação, diminui a sensação de fadiga e sonolência, pois possui propriedades excitantes, e estimula o cérebro.
* Verde: é uma excelente escolha. Desintoxicante, ajuda a fortalecer o sistema imunológico, previne problemas cardiovasculares e ainda tem vários princípios ativos que ajudam na prevenção do câncer. Ele também acelera o metabolismo na queima de gorduras e pode contribuir para quem quer perder quilos extras. Isso, claro, aliado a uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos.
Quanto e a que horas consumir?
É sempre necessário avaliar individualmente uso de chás e ervas pelo risco de toxicidade – principalmente quando se trata de crianças, idosos e gestantes – e quando utilizado juntamente com medicamentos ou na presença de doenças crônicas que interferem no metabolismo. “Uma boa opção de consumo diário é o chá verde pela sua ação antioxidante”, ressalta Priscila Teles.
O melhor momento para a ingestão do chá vai depender do tipo do objetivo de se fazer a ingestão deste. Os mais digestivos, como alecrim, boldo e hortelã, são indicados após as refeições, para auxiliar no processo de digestão. Já o chá verde, chá preto e mate, por sua grande quantidade de compostos fenólicos acabam atrapalhando o processo digestivo, não sendo recomendados após as refeições.
Chás estimulantes, como o preto e o de guaraná, são mais interessantes quando utilizados pela manhã, para não afetarem a qualidade do sono. Os mais calmantes, como a camomila, capim cidreira, jasmim, melissa e a passiflora são indicados à noite. Quanto aos demais, não há contraindicações quanto ao horário de utilização.
A nutricionista enfatiza, porém, que não é bom abusar da quantidade da bebida. “Devemos lembrar que o consumo de qualquer substância em excesso pode causar danos ao nosso organismo, não sendo recomendado exceder três xícaras ao dia”. E completa. “Não é adequado o consumo de chás muito quentes, já que a alta temperatura pode causar danos na mucosa do esôfago. Porém, não há diferença em consumir a bebida quente ou fria com relação às suas propriedades”.
Como preparar?
Existem duas formas mais indicadas para a preparações de chás: a infusão e a decocção.
Infusão: é o contato da planta (folhas ou flores) com a água quente. O ideal é aquecer a água (mineral ou filtrada), até o momento em que começar a borbulhar (a formação de pequenas bolhas indica que se chegou à temperatura ideal e neste momento, deve-se desligar o fogo não deixando chegar ao ponto de fervura). Jogar a água sobre as folhas ou flores, e deixar em recipiente tampado por cinco a 10 minutos. Coar e ingerir na temperatura que preferir.
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Decocção: ideal para caules, raízes e cascas, para extração dos seus princípios ativos até a ebulição. Deve-se despejar água fria sobre a parte utilizada e deixar ferver por cerca de três a cinco minutos.
Regulamentação
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamenta o uso dos chás com fins terapêuticos por meio de uma resolução de 2005. Dessa forma é possível saber quais plantas e frutas podem ser comercializadas e ingeridas na forma de chá, e que são reconhecidas pela medicina tradicional brasileira.
Curiosidades
Portugal foi o primeiro país europeu a consumir chá (trazido pelo Oriente pelos navegadores), mas foram os holandeses quem importaram o primeiro carregamento da bebida, levando-a para o continente americano em 1650.
Já na Inglaterra, por mais estranho que pareça, o chá chegou somente em 1652, pela mão da princesa portuguesa Catarina de Bragança, que se casa com o Rei Carlos II e apresenta aos ingleses a sua bebida predileta, que se torna a mais popular na corte e, mais tarde, no resto da classe alta.