A garganta “fechada”, os olhos se enchendo d’água, a percepção de que não estamos mais no controle de nossas emoções… Esses são alguns dos sinais que estamos prestes a chorar, e você certamente já passou por isso. Ainda que essas indicações de que estamos quase caindo em lágrimas sejam parecidas para todos, os motivos que nos levam a chorar são bastante individuais.
Isso significa que, enquanto algumas pessoas dificilmente choram, outras choram com bastante frequência e por qualquer motivo. Ainda que chorar, especialmente em público, possa ser desconfortável, o choro é visto de diferentes formas em diferentes culturas, a depender também de quem está chorando e de quais são os motivos. Na nossa cultura, a ocidental, é comum que seja espalhado o preconceito de que homens chorando sejam considerados “menos homens” e “fracos”, enquanto mulheres, quando choram, estão “apenas fazendo o que mulheres fazem”, já que elas são consideradas dramáticas.
Na cultura oriental, usando como exemplo o Japão, é comum que tanto homens quanto mulheres chorem ao fazer pedidos de desculpas. Outro exemplo: há registros de que, no funeral do guerreiro viking Rollo, que passou a viver na França e se incorporou aos modos franceses, dezenas de milhares de guerreiros choraram sem nenhuma vergonha. Por fim, mais um exemplo: na tribo nigeriana tiv, pais e mães tapam a boca e as narinas de bebês quando eles choram e riem das crianças mais velhas quando elas vertem lágrimas, porque o choro é visto como sinal de fraqueza entre eles.
Preparamos um artigo que tem o objetivo de explicar as principais informações sobre o choro e sobre sua função. Confira:
Direto ao ponto
A função do choro
Em resumo, a função do choro é expressar um desconforto, seja físico, seja emocional — e aqui cabe uma explicação a respeito dos dois tipos diferentes de choro.
O primeiro tipo de choro é aquele estimulado por alguma reação física. Sabe quando você bate o dedo mindinho do pé numa quina ou sofre uma pancada muito forte, a ponto de lacrimejar? Isso nada mais é do que uma defesa do corpo, que extravasa a dor ou o desconforto por meio de lágrimas, já que a glândula lacrimal, que produz o choro, se contrai diante de alguns estímulos do sistema nervoso independente, responsável por “processar” a dor.
O segundo tipo de choro, mais conhecido, é o choro emocional, que acontece quando fortes emoções se apossam de nós – sejam ruins, como tristeza, depressão e saudade, sejam boas, como alegria, alívio e felicidade. A função do choro, nesse caso, é expressar que a emoção é realmente muito intensa. Pouco se sabe a respeito de por que o corpo “escolhe” as lágrimas como maneira de demonstrar fortes emoções, mas é assim que ele funciona para a maior parte das pessoas.
O que significa o choro na Psicologia?
Há duas principais teorias a respeito do choro para a Psicologia, ainda que cada caso seja bastante particular e, por essa razão, cada pessoa mereça ser analisada individualmente. A primeira teoria é que o choro é um transbordamento, uma maneira de o corpo expor de maneira física e tangível o que está sentindo. Além disso, há evidências científicas de que o choro promove alívio no estresse, então, além de expressar fortes emoções, ajuda-nos a lidar com elas.
A segunda teoria é que o choro pode ser um sintoma. Pessoas que passam por quadros de depressão, por exemplo, costumam chorar com frequência ou até mesmo de maneira ininterrupta por horas — e o pior: sem motivo. Portanto, muitas vezes, o pranto pode ser um sintoma de um problema maior, como depressão, transtorno de ansiedade ou síndrome do pânico. Sendo assim, é preciso fazer acompanhamento com um psicoterapeuta.
Por que eu choro facilmente?
Se você chegou a este artigo em busca de uma resposta precisa para essa pergunta, lamentamos decepcioná-lo, mas simplesmente não há nenhuma explicação possível para isso. Da mesma forma que a Psicologia já confirmou que nossas personalidades são únicas e individuais, o choro também é comprovadamente uma expressão singular para cada indivíduo. Então os motivos que me levam a chorar são diferentes dos motivos que levam você a chorar, bem como a frequência com a qual as lágrimas caem dos nossos olhos.
Há pessoas muito sérias e emocionalmente maduras que choram com frequência, enquanto há pessoas instáveis em suas emoções e bastante imaturas que dificilmente vão chorar. Portanto saiba que essa é uma reação individual e, a menos que seja sintoma de um problema de saúde, como depressão, não se preocupe muito com isso. Se você chora demais, pode ser apenas a maneira como o seu corpo manifesta suas emoções.
Chorar faz bem?
A não ser que o seu choro seja frequente e/ou excessivo, o que pode indicar um problema de saúde, não há nenhum malefício em chorar. De acordo com o psiquiatra Victor Bigelli de Carvalho, que trabalha no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, chorar tem uma função de praticamente trazer equilíbrio para o nosso emocional: “Chorar tem a função de gerenciar o nosso estresse e fazer com que o corpo entre em homeostase, ou seja, sua situação de equilíbrio”, afirmou ele, em entrevista ao site Viva Bem, do UOL.
De acordo com o médico, o ser humano sente uma necessidade natural de expressar suas emoções de alguma forma, então muitos encontram no choro uma maneira de fazer isso.
Por que choramos quando estamos com raiva?
Como já explicado neste artigo, os motivos que fazem uma pessoa chorar são bastante individuais. Então, enquanto chorar de raiva é prática comum para algumas pessoas, pode ser uma experiência pela qual outras pessoas jamais passarão. E se é uma experiência individual, os motivos que causam esse tipo de choro também são. Mas, para além disso, há alguns motivos que podem ajudar a desencadear o choro por motivo de raiva.
O primeiro deles é que o choro muitas vezes é utilizado pelo nosso corpo como uma maneira de manifestar desespero e necessidade de pedir ajuda, motivos que normalmente fazem com que choremos, já que seria um modo como nosso corpo estaria pedindo que aquele estresse emocional chegasse ao fim.
Além disso, o choro é uma reação que causa empatia, já que a nossa reação, quando vemos alguém chorando, costuma ser de acolher e cuidar. Dessa forma, o corpo pode acabar chorando em situações de raiva para “pedir” empatia de alguém com quem estamos em conflito, ou até mesmo solicitar ajuda daqueles que estão por perto.
Como controlar o choro emocional?
Demos vários exemplos aqui de como o choro é benéfico e, em alguns casos, essencial para nós, logo controlar o choro causado por nossas emoções pode não ser o mais recomendado. Ainda segundo Victor, caso não permitamos que o nosso choro “flua”, esse estresse acumulado provavelmente vai se manifestar de outra forma, como por meio de postura agressiva ou autodestrutiva.
Portanto a recomendação é que você não “segure” o seu choro ou tente evitá-lo. Em vez disso, permita que ele flua livremente, porque isso trará um alívio, até mesmo imediato, para o seu estresse.
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Quando perceber que vai chorar em público e se sentir constrangido por isso, procure se cercar de pessoas em quem confia e que vão acolhê-lo e tentar diminuir o seu sofrimento emocional causado por essa situação incômoda.
Como vimos, portanto, chorar é algo que não faz nenhum mal e que pode até ser bastante positivo para o nosso estado emocional, já que produz sensação de alívio e transbordamento. Que paremos, portanto, de ver o choro como um sinal de fraqueza e passemos a enxergá-lo como um sinal de alguém corajoso, que não tem vergonha de assumir e reconhecer suas vulnerabilidades.