Uma pessoa magra, com corpo escultural. Quem vê nem imagina que ela pode ter um problema sério: bulimia. Ou seja, sem que os outros saibam, ela come descontrolodamente e depois é tomada por um sentimento de culpa.
Por isso não necessariamente se refletir no peso, costuma ser difícil de diagnosticar. É o próprio paciente quem precisa procurar ajuda, o que se torna bastante complicado devido à vergonha.
Se você estiver passando por isso, saiba que não está sozinho(a). Confira todas as informações sobre a bulimia que separamos para que você possa identificar e saber onde buscar apoio. Vamos lá?
Você irá encontrar nesse artigo:
- Bulimia: o que é?
- Qual é a diferença entre anorexia e bulimia?
- Possíveis causas da doença
- Sintomas da bulimia
- Exames recomendados para aliviar a saúde do portador da doença
- Consequências e complicações da doença, a curto, a médio e a longo prazo
- Tratamento da bulimia
- O que fazer para evitar a bulimia?
- Mitos e verdades sobre a bulimia
- Magreza não é sinônimo de bulimia
- Recomendações para quem tem bulimia
Bulimia: o que é?
Antes de começar, precisamos saber o que caracteriza a bulimia. Esse distúrbio é marcado por episódios frequentes de consumo exagerado de alimentos, seguidos de reações extremas para evitar o ganho de peso, como indução ao vômito, uso de remédios que estimulam o metabolismo, excesso de exercícios físicos ou jejum “compensatório”.
Situações como essa definem a bulimia quando acontecem, pelo menos, duas vezes por semana durante três meses. A maior parte dos pacientes são mulheres jovens, extremamente preocupadas com o próprio corpo e que, muitas vezes, também têm outros tipos de transtornos, como anorexia.
Qual a diferença entre anorexia e bulimia?
A anorexia também é um distúrbio alimentar e, da mesma forma que a bulimia, está intimamente relacionada com a preocupação com a autoimagem. Por outro lado, as duas têm características muito diferentes.
No caso da anorexia, o paciente se enxerga gordo mesmo estando no peso ideal ou até abaixo do ideal. Por isso começa a restringir de forma perigosa a própria alimentação, deixando de comer e podendo chegar a um estado de extrema desnutrição e emagrecimento.
Na bulimia, por sua vez, a dieta segue normalmente, pontuada por casos isolados de ingestão de alimentos calóricos em grandes quantidades. Depois, o paciente se sente culpado e recorre a práticas pouco saudáveis, como o vômito forçado. Por isso a perda de peso costuma ser pequena e vagarosa.
Possíveis causas da doença
Em ambos os distúrbios, as causas são as mesmas. A pressão da sociedade por corpos inalcançáveis é a principal delas. Confira:
- Predisposição genética: pessoas com casos de bulimia na família estão mais propensas a desenvolverem a doença;
- Pressão social: se os amigos ou familiares insistem para que a pessoa perca peso, isso pode ser um gatilho para o desenvolvimento da bulimia;
- Cobrança por um ideal de beleza: o mesmo se dá em relação à autocobrança ou à cobrança da sociedade para que as pessoas, principalmente jovens, sigam o padrão do corpo magro;
- Quadros depressivos e ansiosos: quem possui algum tipo de transtorno psicológico está mais sujeito a apresentar distúrbios alimentares como a bulimia.
Sintomas da bulimia
Agora que você já sabe o que é a bulimia e como ela surge, é preciso entender como identificá-la. Os principais sintomas desse distúrbio são:
- Ingestão compulsiva de alimentos, seguida de compensação: em um curto período de tempo, a pessoa come em grandes quantidades e, por culpa ou vergonha, induz o próprio vômito (por exemplo, colocando o dedo na garganta), exagera na prática de exercícios físicos, entre outras atitudes “compensatórias”;
- Uso regular de laxantes ou inibidores de apetite sem prescrição médica: é uma forma de evitar novos episódios de compulsão ou eliminar as calorias ingeridas;
- Comer escondido: para evitar que os outros descubram, a pessoa esconde alimentos para comer na hora da compulsão;
- Perda de controle no meio de dietas: episódios de ingestão exagerada durante dietas rígidas;
- Episódios depressivos, de ansiedade ou vontade de se machucar: o psicológico fica extremamente abalado, podendo levar ao desenvolvimento de outros transtornos;
- Alternância no peso corpóreo: por causa do comportamento instável, a pessoa ganha e perde peso sem nenhuma constância;
- Distorção da autoimagem e baixa autoestima: ainda que esteja no peso ideal, a pessoa acha que ainda precisa emagrecer.
Os sintomas, portanto, não são leves e podem provocar diversos prejuízos à saúde, como veremos mais para frente.
Exames recomendados para avaliar a saúde do portador da doença
Para quem suspeita ou já recebeu o diagnóstico de bulimia, a primeira coisa que os médicos pedem são exames físicos para verificar como o distúrbio tem afetado o equilíbrio do organismo. A partir daí, é possível traçar o melhor plano de tratamento para o paciente. Entenda:
- Exame de sangue: avalia a quantidade dos eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e magnésio), da glicemia, das proteínas totais e fracionadas e das funções renais e hepáticas, que são elementos importantes para o bom funcionamento do corpo.
- Ultrassonografia abdominal: identifica doenças nos órgãos do abdômen, como pancreatite, alterações no fígado, pedras na vesícula, entre outras;
- Endoscopia: confere se os órgãos do sistema digestivo estão em ordem;
- Colonoscopia: também voltado para o intestino, o exame detecta pólipos, cânceres e doenças inflamatórias intestinais;
- Densitometria óssea: checa a massa óssea e diagnostica osteoporose e outros problemas.
Durante o tratamento, alguns desses exames talvez precisem ser refeitos para acompanhar a evolução do paciente.
Consequências e complicações da doença a curto, médio e longo prazo
Quando o tratamento é deixado de lado, a bulimia predomina, com consequências cada vez piores para a vida do paciente. Veja as principais complicações que o distúrbio traz:
- A curto prazo: dor e inflamação de garganta crônicas, azia, refluxo gástrico, dores no estômago, inchaço nas bochechas;
- A médio e longo prazo: inflamação e ruptura do esôfago e do estômago, destruição do esmalte dos dentes, úlceras intestinais, osteoporose, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca, sangramentos, menstruação desregulada, prisão de ventre crônica, insônia, mudanças de humor, desnutrição e deficiências nutricionais.
Além disso, a bulimia também afeta o bem-estar individual e da família, que se preocupa com o comportamento do paciente.
Tratamento da bulimia
Para evitar tais complicações e combater os sintomas, existem diversas linhas de tratamento. Em geral, é multidisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos e/ou psiquiatras e nutricionistas. A duração do tratamento depende de cada caso e do comprometimento do paciente. Saiba como funciona:
Tratamento psicológico
O acompanhamento psicológico é importante para atuar na raiz do problema: a forma como a pessoa se enxerga e lida com o próprio peso. Com a ajuda da terapia, o psicólogo ou o psiquiatra faz com que o paciente tenha uma maior consciência corporal e identifique os gatilhos que o levam à ingestão compulsiva de alimentos, oferecendo ferramentas para que ele a evite. A pessoa com bulimia aprende, ainda, a enfrentar melhor os seus problemas pessoais.
A modalidade da terapia e se as sessões serão individuais ou em grupo dependem da avaliação do profissional.
Tratamento nutricional
Ao lado da terapia, o acompanhamento nutricional com um profissional de confiança tira todas as dúvidas do paciente sobre a própria alimentação, auxiliando-o a fazer escolhas equilibradas, sem privações ou exageros. É essencial para o desenvolvimento de uma relação saudável com a comida, seguindo uma dieta eficaz e satisfatória, que leve em consideração também as deficiências nutricionais ocasionadas pela bulimia.
Tratamento medicamentoso
Esse tipo de tratamento só pode ser realizado com prescrição médica. Quando a bulimia é identificada ainda no início, podem ser indicados medicamentos antidepressivos, a depender da avaliação do psiquiatra. Em níveis mais avançados, por vezes, são necessários remédios para combater as consequências do distúrbio no organismo. Já em casos extremos, pode ser preciso fazer internação hospitalar ou em clínicas especializadas.
O que fazer para evitar a bulimia?
Não existe um passo a passo para evitar a bulimia, mas alguns cuidados podem ser tomados ainda na infância para que as futuras gerações não cresçam com uma relação descompensada com a comida. Veja:
- Não incentivar o culto à magreza;
- Ensinar sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis desde cedo;
- Estimular uma dieta variada e equilibrada;
- Não oferecer muitos alimentos açucarados ou industrializados;
- Atentar-se à saúde mental das crianças, principalmente no que diz respeito à autoestima;
- Promover um ambiente aberto de comunicação;
- Encorajar a prática de atividades físicas e a adoção de atitudes saudáveis, como horas de sono adequadas;
- Ser o exemplo das dicas acima dentro de casa.
Mitos e verdades sobre a bulimia
Agora, vamos desmistificar alguns dos estereótipos atribuídos à bulimia:
- A bulimia tem cura. Verdade! Seguindo todas as orientações descritas neste artigo, é possível, sim, curar o distúrbio. No entanto, como está ligada ao equilíbrio psicológico, pode reincidir em momentos de fragilidade.
- A pessoa consegue evitar o vômito autoinduzido se quiser. Mito! Assim como o comer compulsivo, a prática de induzir o vômito ou ficar em longos períodos de jejum não são escolhas conscientes. Elas fazem parte dos sintomas causados pela bulimia.
- A bulimia é causada por transtornos emocionais. Verdade! Quando algo não vai bem, a pessoa com o transtorno vê a comida como uma válvula de escape para liberar o estresse.
- Transtornos alimentares não levam a óbito. Mito! Em casos graves, nos quais não há ajuda médica ou familiar a tempo, é possível, sim, que o paciente venha a falecer em decorrência das complicações da doença.
- Toda pessoa com bulimia aparenta não estar saudável? Mito! Nem todo bulímico está muito abaixo ou muito acima do peso. Muitos, na verdade, não aparentam ter problema nenhum e, em geral, escondem o que estão sentindo, por isso esse transtorno é tão perigoso.
Magreza não é sinônimo de bulimia
Falando nisso, é preciso ter em mente que o contrário também não tem nenhuma correlação imediata. Assim como bulímicos podem ou não estar acima ou abaixo do peso, pessoas magras podem ou não desenvolver bulimia.
Em muitos casos, o indivíduo é magro por causa de um biotipo herdado da família, o que não significa que ela tenha algum transtorno alimentar, como bulimia, anorexia ou desnutrição. O perigo está em achar que a magreza é o contrário de saúde, quando, na verdade, isso é apenas uma herança genética. Como vimos, existem diversas formas de identificar a bulimia, e muitas vão além do peso.
Recomendações para quem tem bulimia
A fim de evitar que a bulimia volte a atormentar a sua vida, o paciente deve manter as seguintes recomendações:
- Não hesitar em procurar ajuda de amigos, familiares ou profissionais de saúde ao perceber os sintomas do transtorno;
- Lembrar-se de que uma dieta muito severa e restritiva aumenta a chance de recaídas de episódios de compulsão;
- Entender os riscos que a doença provoca quando não tratada;
- Identificar os gatilhos que levam ao descontrole e combatê-los;
- Planejar a rotina de alimentação;
- Fazer várias refeições pequenas ao longo do dia;
- Anotar o que come e o que sente em um diário para entender a relação com a comida;
- Manter hábitos de vida saudáveis, como exercícios físicos, sono e hidratação;
- Não guardar guloseimas dentro de casa, mesmo que escondidas;
- Aceitar ajuda e compartilhar o que está acontecendo com outras pessoas.
Você também pode gostar:
- Descubra como o autoconhecimento pode ajudar a combater a anorexia
- Reflita sobre a sua relação com o que come
- Veja como identificar os sinais de um transtorno alimentar
No fim, você vai perceber a importância do autocuidado para eliminar de vez a bulimia da sua vida. Existem formas saudáveis de perder peso, as quais não precisam envolver descontrole ou sentimento de culpa. Não tenha vergonha de procurar ajuda!