Doenças Mentais

O que é esquizofrenia?

Homem de idade tapando os ouvidos com travesseiro para não ouvir vozes (sintoma de esquizofrenia)
UfaBizPhoto / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você já deve ter visto personagens com esquizofrenia sendo retratados como loucos em filmes, novelas e séries. Mas, na vida real, você sabe o que é esquizofrenia?

A palavra que dá nome ao transtorno psiquiátrico é a junção dos termos “esquizo” e “frenia”, respectivamente, “dividir” e “mente”. A seguir, vamos entender melhor o que isso quer dizer.

O que é esquizofrenia?

Como o próprio nome sugere, a esquizofrenia é o distúrbio da mente dividida. Isso porque a esquizofrenia mistura o mundo real com delírios e alucinações. Cientificamente falando, o termo se refere a um conjunto de transtornos psiquiátricos que provocam alterações no pensamento, nas emoções e no comportamento.

De forma geral, a pessoa perde o contato com a realidade. Ela se torna apática e parece viver em uma realidade paralela, onde todos estão sempre confabulando contra a sua vida.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a esquizofrenia atinge cerca de 1% de toda a população mundial. No Brasil, o Ministério da Saúde estima aproximadamente 2 milhões de brasileiros afetados. No entanto, os estigmas ligados ao transtorno, como o preconceito e a carga negativa associada à condição, dificultam o diagnóstico e causam uma subnotificação.

Tipos de esquizofrenia

Para entender melhor como esse transtorno impacta a vida do paciente, é preciso, primeiro, conhecer as suas classificações. Os tipos de esquizofrenia variam de acordo com os sintomas apresentados. Podemos dividi-los em cinco:

  1. Esquizofrenia paranoide: é o tipo mais comum, em que o paciente tem delírios e alucinações, relata ouvir vozes irreais e fica bastante agitado. Os delírios costumam girar sobre o mesmo tema, mas a pessoa ainda é capaz de manter relações interpessoais;
  2. Esquizofrenia catatônica: é a classificação baseada na catatonia, isto é, na forma lenta e retardada de reagir aos estímulos do ambiente. Esses pacientes podem permanecer por dias na mesma posição ou repetir movimentos considerados estranhos por quem está ao redor. Eles também costumam imitar outras pessoas ou repetir suas falas;
  3. Esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada: nesse tipo, o paciente fica extremamente desinteressado da vida, se isola e perde a capacidade de organizar o pensamento, produzindo falas sem sentido e fora de contexto. Adota um comportamento infantilizado;
  4. Esquizofrenia residual: é como se fosse a forma crônica do transtorno, em que a pessoa já não cumpre mais os requisitos para o diagnóstico de esquizofrenia que apresentou no passado, mas ainda tem alguns sintoma
  5. Esquizofrenia indiferenciada: é a classificação que reúne todos os pacientes com esquizofrenia que não se encaixam nos tipos acima.
Mulher em fundo branco sofrendo de distúrbio de personalidade, um dos sintomas da esquizofrenia.
My Ocean Production / Shutterstock

Agora que você já conhece um pouco mais sobre as classificações da esquizofrenia, aprenda a reconhecê-la no tópico abaixo.

Sintomas de esquizofrenia

Pessoas com esquizofrenia não costumam apresentar sintomas até o final da adolescência. É nessa fase, que se estende até os 30 anos, que surge uma certa apatia, um desinteresse pelas atividades rotineiras. Como consequência, o indivíduo se isola e passa a não demonstrar as reações esperadas frente aos acontecimentos da vida.

Sendo mais específico, os sintomas variam entre:

  • Delírios: quando a pessoa acredita em algo que não é real;
  • Alucinações: quando a pessoa vê ou ouve situações que não são reais;
  • Pensamento desorganizado: quando a pessoa diz coisas sem sentido e sem ligação com a realidade;
  • Movimentos estranhos: quando a pessoa apresenta falta de movimentação, olhar fixo, repetição do que outras pessoas dizem, caretas constantes, reações descoordenadas, entre outros;
  • Alterações no comportamento: quando a pessoa fica mais agressiva ou agitada devido a sua condição;
  • Negatividade: quando a pessoa se torna apática, deixa de se cuidar, não tem interesse por nada e não demonstra emoções;
  • Dificuldade para se concentrar e aprender;
  • Alterações na memória.

Tais sintomas podem aparecer de um dia para o outro ou ao longo de vários anos. As primeiras pessoas a perceberem costumam ser os amigos e familiares, pois notam que o indivíduo está mais confuso ou afastado.

A partir daí, é preciso buscar ajuda médica, como veremos a seguir.

Como tratar esquizofrenia?

O diagnóstico e o tratamento da esquizofrenia são feitos majoritariamente pelo psiquiatra. O objetivo é devolver a qualidade de vida da pessoa, controlando os sintomas.

Uma das maneiras de fazer isso é com medicamentos antipsicóticos, os quais só podem ser receitados pelo especialista. Tais medicamentos podem ser separados em primeira e segunda geração. A primeira são as medicações mais antigas, desenvolvidas a partir da década de 1950. Já a segunda são aquelas produzidas a partir dos anos 1990, com uma ação mais equilibrada no organismo e efeitos adversos mais leves. Apenas quando estes falham é que se recorre às drogas tradicionais, da primeira geração.

O tratamento para o transtorno tem apresentado algumas novidades. A injeção de longa ação, por exemplo, é igual aos comprimidos, mas com efeitos que duram de semanas a um mês — o que resolve a dificuldade dos pacientes em seguir o método com comprimidos à risca. Uma pesquisa de 2017 do Instituto Karolinska, com o apoio do laboratório Janssen, analisou quase 30 mil pacientes suecos com esquizofrenia e concluiu que o risco de readmissão no hospital utilizando a injeção é de 20% a 30% menor do que utilizando a medicação via oral.

Outra alternativa é a eletroconvulsoterapia, que foi estudada a partir de evidências científicas depois dos anos 1970 e se tornou muito mais segura.

Ainda assim, a via medicamentosa é o principal alicerce para o combate do transtorno. Com o acompanhamento de um médico ou psiquiatra, o tratamento consiste em utilizar os remédios prescritos de forma contínua para amenizar os sintomas, evitar recaídas e prevenir novas crises.

Em associação, é claro, há a possibilidade de a psicoterapia para trabalhar a mente e reinserir o paciente na sociedade. Se houver a suspeita de esquizofrenia, não tenha medo de procurar a ajuda de um profissional especializado.

Dá para prevenir a esquizofrenia?

É difícil falar em prevenção para o transtorno, já que não se sabe exatamente o que o causa. As hipóteses são a presença de fatores hereditários (parentes próximos com esquizofrenia), ambientais (complicações durante o parto que possam afetar o desenvolvimento do sistema nervoso) ou neuroquímicos (uso de drogas e substâncias psicoativas).

Você também pode gostar

Enquanto a ciência ainda não sabe ao certo de onde vem a esquizofrenia e o que fazer para evitá-la, é preciso que a sociedade reconheça os portadores desse transtorno como quaisquer outros, que precisam de apoio, acolhimento e tratamento. Quanto menos preconceito, maior o acesso da população ao diagnóstico e acompanhamento de qualidade.

Sobre o autor

Eu Sem Fronteiras

O Eu Sem Fronteiras conta com uma equipe de jornalistas e profissionais de comunicação empenhados em trazer sempre informações atualizadas. Aqui você não encontrará textos copiados de outros sites. Nossa proposta é a de propagar o bem sempre, respeitando os direitos alheios.

"O que a gente não quer para nós, não desejamos aos outros"

Sejam Bem-vindos!

Torne-se também um colunista. Envie um e-mail para colunistas@eusemfronteiras.com.br