O que é o amor? Ah, o amor! Quando a gente fala sobre esse sentimento, milhares de ideias, definições e interpretações vêm à nossa mente. Pode ser o amor entre um casal, amor entre amigos, de mãe ou pai pelo filho, amor pelos animais… não sabemos explicar, apenas sabemos que é bom sentir – amando e sendo amados. Mas e se precisássemos definir, por algum motivo, o que é o amor? Você saberia dizer?
Direto ao ponto
O significado literal
Até nos dicionários o amor aparece sendo definido de várias formas. São vários os seus significados. Começa assim:
(a.mor)
m.
1. Sentimento que faz alguém querer o bem de outrem ou de alguma coisa.
Mas ao longo das definições, o significado do amor vai se dissolvendo e se transformando em várias coisas que envolvem afeto, bem-querer, empatia, cuidado, zelo, dedicação e apego. Também se fala sobre as diversas formas de amor: amor ao próximo, amor à primeira vista, amor-próprio, amor platônico… Até passa pela materialização do amor carnal, que é o “fazer amor”. Ou associar esse sentimento a uma pessoa doce e cordial – quem nunca falou “fulana é um amor de pessoa”,pra definir que ela é gentil, bondosa e simpática?
Mas o amor vai além dos glossários, além do que a semântica pode estabelecer. O amor é um sentimento muitas vezes independente, transformador e poderoso. Como será que ele é visto entre pensadores, seguidores de uma religião e filósofos?
O amor como um caso de estudo
Embora a experiência sobre o amor tenha um caráter bem particular para cada pessoa, ao longo dos tempos muito se falou (e ainda se fala!) sobre o amor.
O amor é cantado, registrado na história e colocado como foco de reflexões. Já foi debatido pela religião, pela filosofia e pela cultura popular. O que não falta é assunto. Toda área tem uma definição (ou tentativa de definição) sobre o que é o amor.
O que é o amor, segundo a mitologia?
Toda mitologia possui seus deuses e deusas representantes do amor, bem como histórias que versam sobre o tema, das mais variadas formas, desde um amor bem-sucedido até os amores trágicos e impossíveis.
Na mitologia nórdica, Frigga é a deusa do amor, da união e da fertilidade. Freya, também na mitologia nórdica, é a deusa do amor e está associada a sexo, luxúria, beleza e fertilidade. Krishna é o deus do amor na mitologia indiana, assim como Lakshmi, que representa, também na mitologia indiana, a deusa do amor e a riqueza material e espiritual.
Entre os gregos, eram inúmeros os deuses do amor: Eros (amor e fertilidade), Pothos (paixão, anseio erótico), Himeros (desejo erótico), Anteros (amor recíproco), Himeneu (casamento) e Afrodite (amor, beleza e luxúria).
Já os romanos cultuavam o amor por meio do deus Cupido (que representa o amor personificado) e da deusa Vênus (o amor e a beleza).
A mitologia iorubá traz os orixás como seus representantes. Oxum é a divindade da água doce, da fecundidade e do amor. Iemanjá também pode ser relacionada ao sentimento, já que protege o amor e a vingança contra o amor desfeito.
A civilização asteca tem Xochipilli como o deus do amor e também de outras áreas: arte, jogos, beleza, dança, juventude, flores e música.
Na mitologia maia, Ixchel é a deusa do arco-íris. Ela também está relacionada a amor, medicina, tecelagem e maternidade.
O panteão dos deuses da mitologia tupi (que é também a nossa mitologia) traz Rudá como deus do amor (capaz de despertar o amor no coração dos homens), Tambatajá como deus do amor e protetor contra todos os perigos e Uiapuru como deus do amor no mundo alado.
O que é o amor na literatura?
Na literatura, cada escola literária abordou o amor sob a sua ótica, dando ao sentimento um enfoque particular, que definia a estrutura, o tema e a realidade de cada obra, tendo em vista também o contexto histórico.
Tivemos a poesia trovadoresca trazendo um amor paradoxal, entre o desejo e o divino. As cantigas de amor e de amigo retratavam o amor proibido e não correspondido, inconcebível. Já o classicismo trouxe o “amor” e o “Amor” nos poemas de Camões. Enquanto o amor (escrito em letras minúsculas) era um sentimento próprio de cada pessoa, o Amor (grafado com a inicial maiúscula) era neoplatônico – um amor idealizado, que transcendia a beleza externa, um sentimento harmonioso e sereno, capaz de conduzir o ser a um determinado grau de elevação. Tratava-se de um sentimento intangível, fruto de extensa e intensa reflexão. Para ele, o Amor era quase uma entidade.
Os poetas árcades apresentavam um convencionalismo amoroso com fórmulas que resultavam em bem-estar, simulando a perfeição. Já com o Romantismo, o sentimentalismo exacerbado idealizava o amor. A famosa fase chamada “mal do século” exaltava amores impossíveis, tornando o amor e o sofrimento praticamente dois lados da mesma moeda. No Simbolismo, os valores românticos eram rebuscados. Algumas obras eraM marcadas pela sublimação do amor, em outras se abordava o amor erótico. Por vezes era um amor perdido, inalcançável e, por essa razão, lamentado.
O Realismo começou a se opor aos ideais românticos, associando o amor aos interesses sociais e vendo o sentimento com certo ceticismo. Tudo isso foi reforçado pelo Naturalismo, surgido na mesma época. Mais para frente, o Parnasianismo trouxe uma visão mais carnal do amor, longe dos padrões do Romantismo.
Mas as escolas literárias não trouxeram somente o amor pelas pessoas, entre os objetos de desejo ou sentimentos. Houve fases em que se exaltava o nacionalismo, por vezes beirando o ufanismo (um amor exagerado pela pátria) – especialmente no Modernismo e na primeira geração do Romantismo.
O que é o amor para as religiões?
Via de regra, religião é sinônimo de amor. Na verdade, o amor deveria ser o elo entre todas as religiões. Embora não seja o que temos visto ao longo do tempo, o amor deveria ser a mola propulsora da prática religiosa.
O amor pode significar uma base doutrinária, motivo de reflexão, ter uma concepção mística ou um caráter didático. Especificamente, o que é o amor para as diferentes doutrinas e religiões?
Para o cristianismo, o amor não é somente um sentimento, é o modo de viver, é o princípio cristão. Tanto que Jesus resume os 10 mandamentos em dois principais: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. O amor de Deus pela humanidade fez com que Ele entregasse seu único filho para nossa salvação.
O budismo enxerga o amor como a única força capaz de acabar com o ódio. Para além de um mero sentimento, os budistas enxergam o amor como uma prática, uma ação. O amor é exercício de auxílio e compaixão.
Para o hinduísmo, a forma mais pura e sublime do amor é o materno. A mãe se doa completamente para o filho sem esperar retribuição ou reconhecimento. Isso é fato, porque carregar o filho por nove meses na barriga, passar pelo parto, amamentar e cuidar de um ser durante o puerpério é muito amor. Apesar de não ser nada fácil, as mulheres se entregam completamente a essa tarefa, usando o instinto como força. E esse instinto se chama amor.
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Na doutrina espírita, o amor é a energia transformadora que reside em cada um de nós. O espiritismo se baseia nos ensinamentos de Jesus, em especial o de amar ao próximo como a si mesmo. Um trecho da obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” traduz o conceito de amor da seguinte forma: “O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado”.
No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento”.
O que é o amor para você?
O mais importante de tudo é como você enxerga e prática o amor. Ele deve ser sempre relacionado a coisas boas, como empatia, respeito, solidariedade, responsabilidade, afeto, compreensão e aceitação do outro.
Estamos vivendo uma época em que o ódio tem sido vencedor numa batalha na qual o amor não pediu para entrar. É o ódio ao que é diferente, ao que vai contra aquilo que algumas pessoas acham ser o certo. É preciso haver mais amor no mundo e entre as pessoas. E Não só como um princípio religioso, mas como um propósito de vida, independentemente de orientação sexual, raça, etnia, posição política e outras convicções. E o amor não tem forma. Pode ser uma pessoa, pode ser o seu bichinho de estimação (os animais, a propósito, são o puro espírito do amor), pode ser uma atitude, pode ser um olhar. É preciso amor na base de tudo.
E para você, o que é o amor?