A busca da maioria dos seres está sempre voltada para a conquista da paz, do bem-estar, da prosperidade, da realização. Sempre estamos nos projetando para fora e planejando ações de conquistas, mesmo inconscientemente.
Trazemos conosco essa cultura do conquistar algo de maneira muito, muito forte. Não que isso seja ruim, mas sem um certo despertar logo somos invadidos por uma boa dose de estresse, oriundo da rotina. O cansaço mental, as frustrações geradas pelos excessivos anseios do querer e querer mais nos desconectam profundamente do lado sutil e luminoso da vida. É comum usarmos a fala de que parecemos robôs programados. De certa forma, não é uma fala errada.
Como todo mundo, sempre vivi buscando algo além de mim. Na profissão, a meta era ir o mais longe possível e angariar novos desafios. A sociedade dos títulos favorece essa postura.
O olhar divino
Lembro-me de uma ocasião em que estava esgotada mentalmente devido ao trabalho e com muito mal-estar, gripes e mais gripes, insônia e inquietação. Fui a um homeopata com uma vertente mais holística e me lembro das palavras dele até hoje: “Por que você busca tanto o sucesso? Apenas faça o que precisa e o que você precisa chegará”.
Vendo assim, parece até um adivinho, profecia… enfim! Na verdade, era só um bom médico com uma boa dose de percepção, empatia e sim um olhar mais divino sobre o outro ser.
É aí o ponto! Esse olhar que tal médico teve comigo me despertou. Saí de lá refletindo com minha receita na mão. Na verdade, duas. A que tinha que mandar fazer e a que precisava praticar.
É o olhar divino que esquecemos: primeiro de nós para nós, depois de nós para cada irmão ou irmã de jornada e por fim para o mundo. Esse olhar dá qualidade à existência.
Quando nos esquecemos desse olhar, desse tom suave e doce da vida, nos esquecemos do nosso propósito maior, que a meu ver é experimentar, é viver em cooperação mútua, acolhimento, risos e sorrisos.
A busca, afinal
Quando comecei a praticar a meditação raja yoga, estava exaurida. A maioria de nós acaba por buscar essas práticas quando algo não vai bem porque acreditamos que precisamos ser salvos, sempre.
Fui aprendendo que além de tudo aquilo que eu exercia existia um ser original e puro e que eu era esse ser e todo o resto apenas papéis que eu desempenhava sem muita consciência disso.
Nessa nova proposta de vida, agora com propósito, fui aprendendo que ser e ter são coisas bem distintas. Uma vem do eu e a outra do meu. Uma vem do eco e a outra do ego. É libertador aprender a soltar e sair dessa atitude de tomada e posse em que a maioria de nós vivemos. Sempre mendigando algum tipo de amor ou reconhecimento.
Meditar me trouxe um lindo despertar e o prenúncio de uma vida espiritual profunda e bonita.
A mente que está numa Frequência Elevada e Pura torna-se igual
Meditar não é parar de pensar e isso me alegrou muito. Eu amo saber que nós pensamos o tempo todo. Sinal de que temos energia vital girando e somos cocriadores do mundo.
Meditar no raja yoga é saber coordenar pensamentos, focar na qualidade deles e certamente fomentar aquilo que é elevado, reconhecendo todas as qualidades que já trazemos conosco! Paz, verdade, felicidade, pureza, poder …tudo já é nosso. Eis a razão pela qual soltar a atitude de posse nos dá muito mais. Nos dá porque o que fazemos é um movimento de cultivo e cuidado e não de ganância ou mesquinhez. Transbordamos o que temos e certamente que recebemos aquilo que doamos. Aqui aplica-se a lei do retorno, que quando bem entendida, sem medo e sem peso, vira ferramenta de liberdade.
Esse movimento todo envolve estar conectado com o Deus que se acredita. Gosto de me sentar diante de um grande Sol Espiritual e ali receber energia para fazer emergir o que já tenho de melhor. É um silêncio restaurativo e uma conexão com uma Frequência Elevada e Pura. Pouco a pouco, com a prática diária, criamos um doce relacionamento com essa Alma de Luz. Temos um Amigo, Um Pai, Uma Mãe, Um Irmão, Um Guia… sem intermediários.
Meditar me colocou imersa num Oceano de Amor e possibilidades sem que eu precisasse ingressar na mecânica de que todo dia é dia de lutar. Entendi que todo dia é dia de desfrutar.
Aprendi que todo dia é dia de viver com a fé natural do ser e uma vida espiritual nos convida a criar introspecção assertiva e comunicação amorosa.
Não é preciso fugir ou isolar-se, nem mesmo ser estranho. Somos o que somos e uma vida espiritual nos pede justamente isso: ser aquilo que realmente somos para que todos os tesouros encontrados em nós possam ser doados. Quanto mais doamos, mais ricos somos.
Os tesouros? Ah… nossa paz é um tesouro imperecível. O amor que trazemos, a pureza do encantamento diante de um novo dia, no qual podemos enxergar tudo com inocência de crianças, mas com atitudes cheias de maestria.
Vida espiritual são todas as vidas, afinal. Sem distinções.
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