Muitas vezes nos encontramos em determinadas situações na vida em que é muito mais fácil ser extremamente dócil e gentil dizendo um grande “sim” do que agir com sinceridade e dizer um “não”. Muitas pessoas acreditam que o ato de dizer “não” pode ser desgastante e até mesmo um motivo para desconforto tanto para quem diz quanto para quem ouve. Mas a verdade é que, ao agir no impulso e dizer “sim” quando não existe certeza sobre o que é dito, complicamos e problematizamos situações que poderiam ter sido resolvidas de maneira muito simples. Quem nunca aceitou um convite para sair no final de semana e, na mesma hora em que o “sim” foi dito, a mente elaborou no mínimo duas situações que poderiam ser usadas como desculpas esfarrapadas para livrar-se do passeio? Desculpas como dor de cabeça, falta de dinheiro, a avó doente ou até mesmo “minha mãe não deixou” são as mais usadas na hora de “furar” com alguém. Mas você sabe o que faz as pessoas agirem dessa forma?
Por que fugir é melhor do que enfrentar?
Nos tempos atuais, lidar com situações indesejadas promove ansiedade e faz com que as pessoas busquem saídas mais simples e menos desgastantes, o que é uma grande ilusão, pois o ato de adiar uma decisão ou até mesmo um compromisso vira aquela famosa frase: “empurrar com a barriga”; por mais que você fuja agora, as questões não serão resolvidas sozinhas, muito menos sumirão!
A sociedade moderna anseia por soluções mas se esquece de que o caminho até cada realização é de extrema importância e define como cada situação findará: se você olha para o que precisa ser resolvido agora e com seriedade, tudo acontecerá como planejado. Mas se você adia e prefere acreditar que tudo ficará bem, mesmo quando você não toma atitude alguma, o controle da situação será perdido e você terá que lidar com as consequências da sua falta de ação e posicionamento.
Ignorar o que causa desconforto não faz com que alguém se sinta confortável, mas, sim, com uma pendência. A fuga promove a sensação de não ter a responsabilidade de algo e dá a falsa ideia de que tudo está bem, por isso é que deixar de lado pode parecer uma ótima opção em momentos decisivos que causam constante preocupação, mas mais uma vez é preciso ressaltar: essa sensação é ilusória!
Por que as pessoas dão desculpas esfarrapadas?
Depois que o “sim” já foi dito, você se torna responsável por um compromisso. Quando você aceita um convite, uma oportunidade ou simplesmente aceita algo que uma pessoa impôs ou disse, você toma para si a responsabilidade de manter a sua palavra e de não falhar – tanto com o outro quanto consigo mesmo. Ao perceber que algo foi aceito apenas para não dizer “não”, automaticamente um indivíduo faz planos internamente para sair dessa situação, e é aí que surgem as desculpas esfarrapadas.
Inventar uma mentira é considerado por muitos algo menos doloroso do que a verdade, mas a realidade é que não é a verdade que machuca, mas a forma como você lida com ela. No fim, tudo depende do jeito com o qual as palavras são ditas! Certamente inventar uma doença não é melhor do que remarcar um passeio para um dia em que você esteja mais animado. Fugir da culpa e das obrigações como ser humano faz com que uma pessoa entre em um ciclo em que as desculpas criadas para “tapar buracos” se tornam comuns e até mesmo definam quem você é.
Há quem tenha a impressão e acredite na ideia de que um “não” pode fechar portas em qualquer situação da vida, mas saiba que arranjar pretextos para cobrir a sua verdadeira vontade ou decisão faz de você uma pessoa completamente enrolada!
Pretextos podem ser considerados um mecanismo de defesa?
Muita gente se sente acuada diante de algumas situações da vida, então, por medo, preferem não se expor ou não se abrir, preservando o seu íntimo. O medo de julgamentos alheios pode fazer com que um indivíduo sinta a necessidade de parecer algo que não é e até mesmo de aceitar tudo o que lhe é proposto para ser bem-visto socialmente. Mas mais uma vez, entenda: essas sensações são ilusórias!
Quando nos sentimos deslocados ou intimidados por pessoas ou situações, é comum que queiramos sair correndo no mesmo momento ou que falemos qualquer coisa simplesmente para sair bem e de fininho. Mas e depois? Como arcar com o que foi dito e como manter a nossa palavra? Por mais que a necessidade de ser aceito ou de transparecer força e clareza seja algo extremamente forte, as consequências surgem quando nos deparamos novamente com situações e pessoas ou quando apenas chega o momento que pede a nossa atitude.
Defender-se com uma desculpa é tapar o sol com uma peneira!
O que este hábito pode causar nas pessoas?
Quem costuma arranjar desculpas esfarrapadas para determinadas situações automaticamente passa por cima de si, das próprias vontades e valores simplesmente para agradar aos outros. O sentimento de frustração logo chega, fazendo com que ambas as partes se decepcionem: a pessoa que arranjou as desculpas se sente frustrada consigo mesma pela dificuldade de enfatizar o que quer e aquela que ouviu as desculpas também se sente frustrada por ter acreditado e até apostado na outra pessoa.
O costume de usar pretextos para não dizer a verdade faz com que uma pessoa perca totalmente a sua credibilidade diante dos outros – não é difícil perceber que alguém está inventando algo para se “safar” de uma situação. Além disso, essa fuga acaba se tornando um vício, é aquele famoso “sim, mas depois eu resolvo”. Adiar resoluções torna qualquer coisa mais difícil. É preciso entender que, na maioria das vezes, somos nós quem problematizamos e complicamos as situações. O hábito de postergar uma decisão faz com que fiquemos ansiosos e criemos mil possibilidades quando, na verdade, tudo é muito simples; quanto mais se complica, mais se quer fugir ou deixar para depois!
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Conviver com uma pessoa que vive arranjando desculpas é viver com alguém movido por incertezas e inconstância: não tem como saber se você poderá contar com ela nem se o que ela diz é verdade ou se deve ser levado em consideração. Frustração é a palavra que define, e acredite: quanto mais desculpas um indivíduo usa para se livrar de algo, mais ele se enrola e menos consegue ter uma vida tranquila.