O que somos? Eu diria que sortudos, em primeiro lugar e, em seguida, diria que somos viajantes, assim, buscando a resposta da segunda pergunta.
O Buda Nitiren Daishonin disse em sua carta ao seus discípulos: “É raro nascer como ser humano. O número daqueles que são dotados com vida humana é tão pequeno quanto a quantidade de terra que podemos colocar sobre uma unha. Viver como ser humano é difícil — tão difícil quanto o orvalho permanecer sobre a grama. No entanto, é melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desgraça.”
O budismo, diferente de outros ensinos, destaca a importância e a missão com que nós nascemos, e somente nós temos a capacidade de descobri-las e cumpri-las dignamente. Além disso, no budismo é ensinado que somos energias em transformação contínua, vindo ao encontro com a primeira lei da termodinâmica em que a energia é constante e pode ser transformada. E como somos agentes em constante transformação e possuímos um corpo que contém energia, então somos “constantes transformações”.
A vida, bem como os fenômenos naturais, está em constante mudança. Em dado momento do dia está um calor escaldante, seguido por uma chuva torrencial que nos obriga a andar com um guarda-chuva na bolsa ou mochila, para depois de instantes, voltar a fazer calor ou até mesmo o frio. Adicionamos então uma blusa extra em nossos objetos ao sairmos de casa.
Assim como esses fenômenos, o budismo compreende que todas as formas de vida são cíclicas e constantes, e a mente humana é um exemplo vivo disso. Cientistas afirmam que nossa mente possui de 12 a 80 mil pensamentos por dia. Temos como base que nossa vida também sofre constantes mudanças, boas e ruins, seguidas de ações que permearão nossa existência.
Na visão budista, todas as coisas e fenômenos são impermanentes. Da mesma forma, tudo possui continuidade e nunca um fim. A partir dessa visão e raciocínio, só podemos pensar que nós somos continuidade de algo ou alguém, porque não há consequências sem causas realizadas.
Além disso, existe um termo chamado “inseparabilidade da vida e seu meio ambiente” (Esho Funi, em japonês), que elucida esse tema dizendo que “Na medida que a vida estende sua influência à circunvizinhança, o meio ambiente, automaticamente, muda de acordo com a condição da vida. Então, o meio ambiente – que é reflexo da vida dos seus habitantes – sempre adquire as características dos que nele existem.” (Vida – Um Enigma, uma joia preciosa, pág. 173).
Você também pode gostar
Enxergar essa verdade inata em nossa vida é um direito de toda e qualquer pessoa. E o melhor disso é saber que, mesmo cumprindo nossa missão, teremos inúmeras possibilidades numa infinita jornada, sem início nem fim.
Em poucas palavras e, diante da imensidão da vida e do universo, respondendo a pergunta “O que somos?” Eu diria: “Somos instantes” E “para onde vamos?”: “Para uma infinidade de possibilidades”.
Texto escrito por Bruno da Silva Melo da Equipe Eu Sem Fronteiras.