Quando as luzes se apagam, o que é visto? E quando os olhos se abrem na escuridão? Apenas penumbras indecifráveis? Por muito tempo meus olhos só eram sensíveis à luz. Graças ao Sol, podemos saber os limites entre o interior e o exterior. Contornos, cores. Minha educação sempre foi para o estímulo, e não o contrário. Talvez por isso tinha medo do escuro quando
criança. Não sabia agir, ou melhor, não agir dentro de um espaço não delimitado.
A escuridão é definida, basicamente, como ausência de luz. Da que possibilita a visão externa. Mas a experiência e a visão da fonte de luz interna? Eu nem sabia que existia. O medo do vazio, da falta de contornos me tornou por muito tempo uma pessoa cada vez mais de olhos abertos para o exterior e fechados para o interior. O escuro – talvez – seja a nossa primeira experiência com o Infinito. De unidade, integração e dissolução.
Meu medo do escuro só passou na fase adulta, através da meditação. Senti o quão poderosa é a experiência de não delimitação. A delimitação limita. No escuro, sou ilimitada e, portanto, me fundo com o Uno. Não sou sombra ou luz. Sou sombra e luz. Então me aprofundo.
Dentro da fusão, o que não ressoa se esvai. E o que sobra? O que me sobrou foi o que sou. Amor, alegria. Dentro dessa atmosfera, não importa se os olhos são estimulados pelos dias. A unidade permanece. Meu uníssono expressou-se através da arte. De escrever. De desenhar. De falar. De brotar.
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Estou no início de um re-caminho. Mas a confusão não me assola, pois a liberdade da escuridão me ensinou a confiar para então sobrar.
Independentemente das ferramentas utilizadas, experimentar a unidade é o primeiro passo para ver o que te sobra. Depois, só o mistério do escuro revelará.