Já no dia 5 de Novembro partimos de Kyoto com destino ao Monte Kurama, ou seja, exatamente aquele que o Sensei Mikao Usui subiu para fazer um trabalho pessoal de meditação e jejum, preparando-se para morte, quando então em iluminação recebe e descobre o Reiki. Por esse motivo o Monte Kurama é conhecido no mundo todo pelos reikianos, sendo considerado o Berço do Reiki.
Depois de alguns minutos de caminhada por uma trilha que cruzava belas paisagens em meio a uma típica floresta daquela região, passando ainda por alguns pequenos templos, chegamos finalmente na parte alta do monte. Já lá em cima, frente ao principal templo erguido, o Sensei Johnny De’Carli realizou uma intensa e emocionante Iniciação dos 40 reikianos do grupo, divididos em 4 turmas de 10. Quem é Mestre de Reiki sabe que não é tarefa fácil iniciar 40 pessoas em uma ocasião, e, por isso, ele teve auxílio da Mestre Rita De’Carli. Este trabalho foi muito especial e, mesmo antes mesmo de começarem as Iniciações, nos reunimos em frente ao templo para realizar uma Meditação Gassho, Reiki Mawashi e Envio de Reiki para o Planeta. Todos traçamos os símbolos, demos as mãos formando um círculo, criamos um fluxo de Reiki muito forte, canalizando e amplificando a energia, que por sua vez foi emanada para tudo e todos. Esse foi um dos momentos mais esperado da viagem, quando pudemos nos conectar estando no Berço do Reiki, meditar e receber essa luz e essa energia maravilhosa através do trabalho feito pelo Sensei Johnny De’ Carli. Foi realmente sensacional.
Ainda no Monte Kurama, por entre algumas pequenas tendas existentes, avistei uns mini-japamalas, em formato de anel, que muito me chamaram a atenção, já que pessoalmente utilizo e também indico o uso dos tradicionais Japamalas como ferramenta auxiliar de entrega para a prática do Ho’oponopono, técnica da qual também venho ministrando cursos e publicando livros já há alguns anos. Em fim, comprei alguns mini-japamalas, na intenção de presentear amigos e alunos. O fato é que, pela limitada quantidade de mini-japamalas ali disponíveis para venda, percebi que seria impossível conseguir suficiente a todos que estava imaginando. Foi então que me veio a intuição para que eu buscasse desenvolver esse tipo de produto, logo em meu regresso a Portugal. E assim fiz e, para breve, novidades estarão surgindo nesse sentido.
Como já dito anteriormente, tínhamos nesta viagem também o objetivo de nos aproximar da cultura japonesa, sentir um pouco mais sobre o que é ser japonês, o que é viver o Japão. Pois bem, houve então uma fantástica experiência que pudemos vivenciar por lá, especificamente no Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu, situado entre as províncias de Yamanashi, Shizuoka, Kanagawa e Tóquio, compreendendo nele o Monte Fuji, os Cinco Lagos de Fuji, Hakone, a Península de Izu e as Ilhas de Izu, tendo como cidades mais próximas as de Odawara, Fuji e Numazu. Ficamos hospedados em Hakone em um Ryokan, típico hotel japonês onde tudo está preparado para se vivenciar os reais costumes daquele povo. E assim fizemos. Logo ao entrar no quarto tira-se os sapatos e os deixa de maneira alinhada e ordenada no hall de entrada, sempre apontados para o lado de fora. Nesse típico quarto não há camas, e sim uma espécie de futon posicionado sobre o tatâmi, muito confortável que foi preparado pelos camareiros enquanto nós jantávamos. Ficamos todos aos pares em cada quarto e, particularmente, tive uma excelente roommate, com quem aproveitamos ao máximo para vivenciar tudo o que tinha aquele lugar a nos oferecer.
A casa de banho desse quarto, por si só, já era bem distinta dos que estava habituada, e dessa forma já proporcionou uma distinta experiência. Após o banho, havíamos de usar vestimentas típicas, e para tal estavam ali a yukata, espécie de kimonos japoneses feitos em puro algodão, extremamente confortáveis e que servem para um pós-banho e para a hora de dormir.
Quando se está em um Ryokan você pode circular vestida com a yukata por todas as áreas. Eu e minha roommate bebemos uma xícara de chá no quarto já de yukata, e logo fomos assim nos encontrar com todos para o jantar.
Ao chegar no restaurante, absolutamente todos do grupo estavam devidamente vestidos com o yukata, o que demonstrou haver uma real intenção de todos em mergulhar naquela cultura e desfrutar da oportunidade de vivenciá-la in loco. Sobre a comida ali servida, acredito que já devem ter ouvido falar que a comida japonesa de verdade é bem diferente do que estamos habituados aqui no ocidente. Isso é verdade. Notei bastante diferença, porém posso lhes afirmar que é muito gostosa e, principalmente, me pareceu ser muito mais saudável. Digo isso pois sempre me senti muito bem-disposta durante este período no Japão, e acredito que a comida tem uma ligação forte e muito direta com o nosso bem-estar. Me chamou a atenção também o fato de que em todas as refeições, incluindo o pequeno almoço, iniciavam sempre pelo Missô, servindo ainda peixes e sopas, além de outras comidas.
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Neste Ryokan tínhamos à disposição os banhos sulfurosos na natureza, isso mesmo, ao ar livre. Esse banho é muito típico naquela cultura, tendo todo um ritual a ser seguido. Também existem algumas restrições e regras. Pessoas tatuadas não têm autorização para entrar nesses banhos. Existem locais de banhos separados para mulheres e homens. As yukatas devem ser retiradas, dobradas e mantidas em uma prateleira, enrolando-se então em toalhas brancas antes de adentrar ao recinto dos banhos. Primeiramente atravessa-se uma área com várias duchas de banho, dispostas lado a lado e sem separações, onde haviam ainda banquetas para se tomar a ducha sentados. As toalhas são retiradas, dobradas e mantidas à beira, e nus fomos em um pequeno grupo lentamente entrando em uma imensa banheira natural com águas sulfurosas, ainda em ambiente fechado. Permanecemos ali por alguns minutos, desfrutando de todo relaxamento que aquela água quente proporcionava aos nossos corpos. Em seguida partimos então para o banho externo, numa enorme banheira natural ao ar livre, circundada de lindas árvores. Ali permanecemos por mais alguns minutos, maravilhados com tudo o que estava acontecendo. Foi uma experiência mágica e, particularmente, libertadora.
No dia a seguir, partimos do Ryokan, fomos todos do grupo passear de barco pelo Lago Ashi. Para chegar até o barco, descemos de bonde. Pudemos usufruir de uma vista sensacional do Lago Ashi. Os barcos são lindos, tipicamente japoneses, é um passeio que vale muito ser feito. Logo seguimos pela região vulcânica de Owakuni, onde se faz possível avistar o Monte Fugi e comer ovos cozidos pelas altas temperaturas das terras vulcânicas, vale experimentar, mas nada demais.
Pela tarde fomos conhecer uma estátua gigante de Buda em Kamakura, na qual se fazia possível entrar nele. Entrei junto a meu pai e Mitiko, uma amiga japonesa que dizemos ser a “Nossa Mestre Hawayo Takata”, devido a peculiar semelhança com a Sensei Hawayo Takata, aquela que trouxe o Reiki para o ocidente. Lá, nos chamou a atenção a presença de monges tibetanos em meditação dentro do Buda Kamakura.
Depois desse belo passeio partimos em direção a Tóquio, o que nos fez sentir que a viagem estaria chegando ao fim, apesar de ainda haverem pequenas atividades programadas pela frente. De qualquer maneira, o que até ali havia sido vivido já tinha valido muito a pena, fazendo-me ter a certeza de que transformações significativas aconteceram, de que muito ganhei como ser humano e, principalmente, como reikiana, por ali ter estado. Nesse sentido, enumero três aprendizados que tive, e os quais considero aqui serem os mais relevantes em relação ao Reiki:
1. Os cinco princípios do Reiki e a prática do Gokai são de fato muito presentes para os reikianos japoneses. Todos os dias, e em todos os rituais, são repetidos os 5 princípios originais em japonês. Essa é a base primordial da filosofia dos reikianos no Japão.
2. O Reiki no Japão é praticado de maneira muito mais intuitiva. O reikiano sente quanto tempo deve aplicar Reiki em uma posição e não fica preso ao tempo imposto pelo relógio. Particularmente assim já o vinha usando. Indico o tempo controlado pelo relógio apenas para as pessoas que ainda não despertaram totalmente a sensibilidade intuitiva através das mãos. Lá, também, as posições de aplicação não são fixas, podendo aplicar em qualquer ponto que sintam intuitivamente ser necessário.
3. O símbolo Koriki é mesmo muito poderoso. De acordo com o Sensei Fuminori Aoki este símbolo traz maior força para as pessoas, dando consequentemente sustentação ao Planeta. Isso porque traz felicidade e, portanto, maior base emocional, ajudando muito as pessoas que estão passando por momentos difíceis. A Iniciação dada por ele para este símbolo fez, não apenas a mim, mas também a todos que lá estavam, sentirem os corpos vibrarem fortemente, com a sensação de estar em um verdadeiro formigueiro vibrante de Luz.
Para finalizar este texto, com muita alegria e gratidão, compartilho ainda com vocês o Gokai Oficial em japonês e sua respetiva tradução.
Kyo dake Wa ♥ Só por hoje
Okoruna ♥ Não sentirei raiva
Shimpaisuna ♥ Não me preocuparei
Kanshashite ♥ Sou grato
Gyo o hage me ♥ Faço meu trabalho honestamente
Hito ni shinsetsu ni ♥ Sou gentil com o próximo