Você largaria seu emprego e buscaria um melhor ou até mesmo o seu emprego dos sonhos? Sairia para uma viagem de meses com poucos recursos?
Essas e muitas outras perguntas seriam respondidas com muito mais facilidade caso não sentíssemos medo, não é verdade? Muitos de nós vivemos uma vida de rotina de trabalho, estudos entre outros e às vezes não conseguimos enxergar outras possibilidades. Seja por comodismo ou medo
A psicóloga mestre pela USP — Universidade de São Paulo — Juliana Ferrari fala sobre o medo:
“O medo é uma sensação em consequência da liberação de hormônios, como a adrenalina, que causam imediata aceleração dos batimentos cardíacos. É uma resposta do organismo a uma estimulação aversiva, física ou mental, cuja função é preparar o sujeito para uma possível luta ou fuga.
Antes de sentir medo, a pessoa experiencia a ansiedade, que é uma antecipação do estado de alerta. Entre outras reações fisiológicas em relação ao medo, podemos citar o ressecamento dos lábios, o empalidecimento da pele e as contrações musculares involuntárias, como tremedeiras.
Em alguns casos, o organismo reage de forma exagerada ao medo, fazendo com que esse estado de alerta, benéfico em muitos momentos da vida, transforme-se num estado patológico, quando o medo se transforma em fobia. A fobia se trata de uma antecipação do medo ou da ansiedade.
Sua característica mais importante é o comprometimento da relação que o sujeito estabelece com o mundo que o cerca. No caso da fobia, o medo não prepara o indivíduo para decidir entre lutar ou fugir, ele o paralisa, impede que se relacione com o objeto de seu medo.”
É natural sentirmos medo diante das dúvidas da nossa vida, pois é também uma forma de proteção e autodefesa, porém é importante entendermos nossas fraquezas — inclusive o medo — para que não se tornem o ponto principal de nossa vida, impedindo de galgarmos novos caminhos e oportunidades.
Controlar e vencer o medo é o caso da publicitária Lysiane Fonseca, que conheceu a cultura oriental mesmo diante do medo que sentia caso algo desse errado: “Muitas pessoas haviam me perguntado, durante todos os meses anteriores de preparação e planejamento, se eu não tinha medo.
Eu perguntava, medo de quê? ‘De se perder, medo de ir para um lugar estranho sozinha onde ninguém fala a sua língua, medo de ficar doente e não ter ninguém pra te ajudar, medo de ser assaltada, de perder seu passaporte, medo de se sentir muito sozinha, de perder todos os seus alunos’ e por aí vai.
Me perguntaram até se eu não tinha medo de ser estuprada. Obviamente, algumas dessas coisas passaram pela minha cabeça, mas não chegavam a me causar medo. Talvez uma certa apreensão, mas nada que fosse capaz de me paralisar e me impedir de viajar. Meus medos eram outros, muito pessoais para serem citados aqui, mas posso garantir que eram tão ou mais assustadores quanto.”
Ela conta que passou por algumas dificuldades em sua viagem para a China, como, por exemplo, dificuldades de comunicação e de ter se perdido do hotel onde estava hospedada. Conta que, mesmo diante de seu medo e das dificuldades, foi uma viagem prazerosa e inesquecível:
“Mas, não, não foi também uma viagem difícil. Assim como a minha vida, minha viagem foi fácil e leve, pelo menos dentro dos meus padrões. Fiz grandes e verdadeiros amigos, cujas idades variam entre 5 e 75 anos. A Jéssica, a chinesinha da escola de Tai Chi, foi um alento num país tão estranho pra mim.
Não entendíamos uma palavra do que a outra dizia, mas passávamos horas brincando e nos entendendo na companhia do Tom, o lindo e romântico francês que também morava lá e arriscava algumas palavras em mandarim nos servindo de intérprete nos momentos mais críticos.
O Sr. Nagayama, meu companheiro no Caminho de Santiago, me ensinou que os japoneses podem ser e são, sim, muito amorosos, ainda que tenham uma maneira muito discreta de expressar isso. Me ensinou também a ser mais guerreira e a não desistir daquilo que me propuser a fazer.
Eles, assim como os tantos outros amigos que fiz durante esses cinco meses, me ensinaram que é fácil e possível aprender a amar as pessoas mesmo num período de tempo tão curto e com quem temos tão pouco, ou quase nada, em comum.”
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Esse é um de inúmeros exemplos de que o medo faz parte de nós, porém não podemos torná-lo o eixo central que permeia tudo em nossas vidas. Algo importante para vencer o medo e buscar cada vez mais os sonhos e objetivos é permitir-se. Quando você se liberta das correntes das limitações de sua vida, um grande passo foi tomado rumo à concretização dos seus sonhos
E aí a resposta para o título será respondida não somente com palavras, mas também com atitudes.
Texto escrito por Bruno da Silva Melo da Equipe Eu Sem Fronteiras