Talvez você já tenha visto uma bandeira que trazia as cores vermelho, amarelo e verde na horizontal e em sequência. Pulseiras reproduzem essa estampa, assim como camisetas e bonés. E muitas pessoas associam essas três cores reunidas ao estilo musical reggae, personificado na figura de Bob Marley.
Embora existam muitos símbolos que possam ser associados a esse estilo musical, aprofundar-se nesse tema pode ser uma jornada inspiradora, ao encontro de sua própria espiritualidade. A seguir, você vai entender mais sobre cada detalhe do reggae e sobre como ele pode transmitir paz e amor!
Direto ao ponto
História do reggae
Reggae é o nome do estilo musical que surgiu na Jamaica, na América Central, no fim dos anos 1960. O ritmo foi desenvolvido a partir de outros dois estilos musicais, ska e rocksteady, e é caracterizado por uma batida lenta e envolvente, que promove uma sensação de paz e tranquilidade instantaneamente.
Com o passar do tempo, o reggae passou a ganhar diferentes influências, de acordo com os países nos quais se desenvolveu. É possível encontrar estilos de reggae inspirados em músicas tradicionais africanas, em ritmos caribenhos e baseados no ritmo blues, surgido nos Estados Unidos da América.
De acordo com o músico Toots Hibert, o nome “reggae” surgiu como uma adaptação espontânea de um termo jamaicano (streggae) usado para caracterizar uma pessoa que está desarrumada ou usando uma roupa esfarrapada.
Ou seja, o reggae é considerado um estilo musical descontraído e com ar de desleixado, ainda que haja uma filosofia complexa por trás da mensagem que as músicas com esse ritmo disseminam.
Em relação às cores (vermelho, amarelo e verde), que estão presentes na bandeira jamaicana, o reggae atribui significados a cada uma delas. Há uma interpretação física, relacionada a algo visível, e uma interpretação metafórica, relacionada a um conceito.
O vermelho é o sangue que os mártires derramaram pelo bem do povo, ao mesmo tempo em que representa a fé para conquistar um objetivo e o poder para alcançá-lo. O amarelo simboliza o ouro e as riquezas naturais, além da espiritualidade e do amor, essenciais para quem produz o ritmo. O verde está relacionado à fertilidade da terra, representando a esperança e a capacidade de renovação.
Principais personalidades do reggae
A disseminação do reggae talvez não fosse possível sem grandes personalidades que incorporaram o ritmo ao próprio estilo de vida. A seguir, conheça alguns dos maiores representantes mundiais do reggae!
1) Bob Marley
Nascido Robert Nesta Marley, em 1945, o jamaicano fez história do reggae por escrever músicas sobre amor, resistência e mudança na sociedade. A figura dele é uma das mais disseminadas, sendo caracterizado pelos dreadlocks, pelo gorro e pela erva na boca. Para muitas pessoas, ele é uma figura que incentivava a paz e o amor.
2) Jimmy Cliff
O vocalista da banda de reggae Dragonaires, Jimmy Cliff nasceu em 1948, na Jamaica. Embora tenha alcançado sucesso internacional, não conseguiu superar aquele que era o grande ídolo do reggae no mundo, Bob Marley. Ainda assim, Jimmy merece todo reconhecimento!
3) Peter Tosh
Integrante da banda The Wailers, Peter Tosh, nascido Winston Hubert McIntosh, em 1944, tocou ao lado de Bob Marley e Bunny Wailer. Ele aprendeu o reggae sem ajuda e se tornou um sucesso ao lado dos companheiros de banda.
4) Bunny Wailer
Neville O’Riley Livingston é o nome de batismo de Bunny Wailer, membro da banda The Wailers, nascido em 1947. Ele é o único integrante do conjunto que ainda está vivo e continua produzindo reggae, lançando sucessos que chegam ao mundo todo.
5) Ziggy Marley
Dono de um sobrenome famoso, Ziggy Marley, pseudônimo de David Nesta Marley, fez sucesso desde quando nasceu, em 1968. Filho de Bob Marley, Ziggy representa a herança do pai para a música reggae.
Filosofia rastafari
Na Jamaica, berço do reggae, um movimento religioso judaico-cristão se destacava nos anos 1930. A filosofia rastafari, como é chamada, foi criada por camponeses descendentes de pessoas africanas que foram escravizadas. Muito presente na sociedade jamaicana, essa filosofia encontrou no reggae um meio de se expandir.
O que prega a filosofia rastafari é a ideia de que Haile Selassie I, o último imperador da Etiópia, seria o messias. Para outros, ele é a representação de Jah, a divindade venerada por esse povo. Acredita-se ainda que Haile era um dos herdeiros do rei Salomão.
Dessa forma, as pessoas que seguem a filosofia rastafari, chamadas de rasta, unem conceitos do cristianismo protestante, do misticismo e do pan-africanismo, seguindo um movimento que combina religião, espiritualidade e política.
O ativista Marcus Garvey é uma figura rasta que incentivava o orgulho das origens negras e a crença de que é preciso se reconectar com a ancestralidade africana para honrá-la. Assim, a filosofia rastafari é também um movimento social pelo povo negro e pelo amor.
Entre os princípios dessa filosofia está o vegetarianismo, a ingestão de alimentos naturais e puros, o uso de dreadlocks como forma de se conectar ao próprio corpo, o fumo de maconha para limpeza e purificação espiritual e a homeopatia como tratamento para possíveis doenças.
O que prevalece na filosofia rastafari, e que é seguido pelo reggae, é a necessidade de buscar a pureza dos produtos e das relações, prezando sempre a limpeza espiritual, o amor e a paz.
Reggae e espiritualidade
Em 2018, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) incluiu o estilo musical reggae na lista de patrimônios imateriais da humanidade. Na época, a instituição declarou que o reggae traz uma “contribuição para o discurso internacional sobre questões de injustiça, resistência, amor e humanidade, e ressalta sua dinâmica de ser, ao mesmo tempo, cerebral, sócio-político, sensual e espiritual”.
A forma como a UNESCO caracterizou o reggae diz muito sobre o que esse estilo musical pode proporcionar ao mundo. Tendo base na filosofia rastafari e fazendo referências a Jah (palavra usada para se referir a Deus), o reggae é um ritmo que se baseia na religião para disseminar mensagens de amor e de paz.
As músicas falam sobre a necessidade de se conectar com Jah, líder religioso, e de se libertar de todas as formas de opressão. Uma pessoa que ouve reggae não será, necessariamente, rasta. No entanto ela terá a possibilidade de entrar em contato com os conceitos dessa filosofia: amor, liberdade e valorização das próprias origens.
Músicas para desenvolver sua espiritualidade
Agora que você conhece toda a positividade que as músicas do estilo musical reggae trazem, está na hora de atualizar a sua playlist. Confira as 6 melhores músicas para desenvolver a sua espiritualidade e disseminar uma mensagem de amor e paz!
1) Exodus – Bob Marley e The Wailers
“Abra seus olhos e olhe para dentro
Você está satisfeito com a vida que leva?
Sabemos aonde estamos indo
Sabemos de onde somos
Estamos deixando Babilônia, viu?
Estamos indo para a nossa pátria.”
2) Black Woman – Judy Mowatt
“Nós somos os mesmos nas plantações
Com chicotadas nas nossas peles
Em blocos de leilões nós fomos acorrentados
Mercadoria de marca
Abusos carnais
E desprezados e recusados
E jogados na lata de lixo
Mas não é assim agora
Só se liberte disso agora
E ajude-me a cantar minha música.”
3) Poor and Needy – Misty in Roots
“Até quando julgará injustamente e aceitará as pessoas sem piedade?
Defenda os pobres e os órfãos
Faça justiça aos aflitos e aos necessitados.”
4) World-a-music – Ini Kamoze
“Mostrando o que se sente
Cantando a graciosa bondade
Então mil ritmos se dissipam
Faz a aranha beijar a mosca.”
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5) Freedom taking over – Groundation
“Damos graças e louvores aos anciãos
Pois dissemos a eles que sabemos que
Ninguém deve permanecer sozinho essa noite
Deve correr, correr, esta noite, ficar só esta noite
Deve correr, correr à noite
Muito antes desta guerra costumávamos chorar e deitar na cama
Com visões de fogo virando vermelho,
Mas em vez disso nós chamamos os anciãos.”
6) None shall escape the judgement – Johnny Clarke
“Sim, os corações fracos devem cair
Apenas o justos permanecerão
Neste congregação de Jah
Qualquer coisa que Jah dizer, eu sempre farei
Qualquer coisa que Jah dizer, eu sempre farei
Porque eu o amo,
Porque eu o amo.”