Quando o conteúdo de memórias, instintos e reflexos no corpo (que inclui o cérebro) é ameaçado por certos estímulos externos que nos induzem a acatar ordens que contradizem a nossa integridade em todos os sentidos, ocorre uma rebelião interior que se manifesta na forma de medo, agressão, tristeza ou apatia. Esses sintomas variam de pessoa para pessoa e dependem do ambiente em que elas se encontram e das experiências que compartilham entre si e com o meio, entre outros fatores dos quais não temos controle ou sequer acesso consciente.
Seria ingênuo acreditar que o nosso sistema imunológico só se revolta contra bactérias e vírus… Resistimos com a febre a esses organismos estranhos como também geramos uma espécie de reação alérgica diante de ideias, pensamentos, imagens, sons, cheiros, sensações e outras informações e símbolos que invadem nossa mente tentando poluí-la. E, pra manter a consciência pura, começamos a somatizar e a nos comportar de um jeito transtornado na esperança de que isso nos ajude a neutralizar e expelir determinado conceito nocivo que estiver nos incomodando. Quando tal conflito psicológico entre instinto e inteligência é muito grande, atentados à própria vida e a dos outros será a consequência lógica. Por isso, por mais que criemos punições e leis, a corrupção e outros crimes continuam se aperfeiçoando e proliferando. Na falta de uma ação direta na raiz do problema, só combatemos os efeitos sem tocar nas causas. Cortamos uma das várias cabeças do monstro e nos espantamos quando nascem outras no lugar… Esse ciclo vicioso precisa ser interrompido se quisermos conviver uns com os outros do jeito mais saudável e digno possível: em paz. A outra alternativa é fazer mais do mesmo. E quem insistir nisso estará assinando atestado de insanidade.
A Solução Tai Chi
O ser humano não é um animal racional como nos ensinaram. É um animal com o potencial pra pensar e agir racionalmente. Racionalidade, se comparada a raciocínio, intenção e percepção, também é uma capacidade mental que precisa ser cultivada a cada momento até se transformar em um hábito. Na carência de razão, ou seja, de explicação científica para fenômenos, sentimentos e comportamentos, nós voltamos para os módulos básicos de sobrevivência, onde prevalecem o desespero e o desejo bruto sem consideração pelos outros ao nosso redor ou pelo nosso habitat. Logo, não é de se estranhar a barbárie das guerras que se perpetuam há milênios e a devastação crescente de recursos naturais, crimes perigosamente banalizados graças ao bombardeamento incessante das mídias, nos anestesiando com o excesso de estímulos sem permitir tempo suficiente pra serem filtrados por nosso senso crítico.
Refletir e meditar sobre essa nossa condição de insegurança é a forma mais alta de autodefesa em longo prazo. É justamente o que o TAI CHI CHUAN favorece, graças ao movimento meditativo estimulado durante a prática da sequência das suas 37 posturas: a Forma. Exercer e exercitar a nossa máxima capacidade intelectual, combinada com movimentos que exigem uma coordenação neurossensorial refinada, eliminando quaisquer gestos supérfluos, enquanto, simultaneamente, investigamos a nós mesmos até nos livrarmos de todas as ideologias irracionais com as quais fomos amamentados e com as quais crescemos enquanto ainda não tínhamos as habilidades cognitivas necessárias pra detectá-las, questioná-las e erradicá-las é o primeiro e último passo que precisamos dar, tanto nas artes marciais quanto na vida.
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Esse trabalho diário sobre a mente e o corpo na forma de uma resistência metódica a toda expressão de irracionalidade e abusos ceifaria e cauterizaria cada uma daquelas ideologias nocivas que por sua vez não contaminariam a próxima geração. E, assim, as Crianças do Futuro seriam herdeiras de uma filosofia, ciência e arte inspiradas no TAI CHI e aprenderiam com os nossos acertos, em vez de repetir todos os nossos erros e os que herdamos dos nossos antepassados outra vez e novamente. As transformações sociais, econômicas, culturais e tecnológicas que vão surgir a partir delas serão imprevisíveis, mas positivas sem sombra de dúvidas e desafiariam até a mais incrível das utopias!
É hora de substituir as mitologias do passado por uma inédita, cujos heróis não sejam dos quadrinhos ou do cinema, mas pessoas reais, livres e racionais, armadas com um único superpoder: uma mente aguda e afiada.
Ela não se baseia em conceitos místicos e é totalmente pragmática e embasada nos avanços da medicina moderna. Com essa ferramenta aplicada em nossos relacionamentos e com o planeta, a era dos mártires, dos sacrifícios e dos sacrificados, dos espetáculos de dor e vaidade finalmente vai acabar pra sempre.