O veganismo é caracterizado pelo consumo de alimentos, cosméticos, roupas e sapatos que não provém de animais (carne, leite, ovos, pele, couro) e/ou que não são testados neles. Isso demonstra não só a preocupação com a preservação do meio ambiente, mas também o respeito com as vidas animais.
Embora esse seja um estilo de vida que traz muitos benefícios (além de serem livres de crueldade, os produtos veganos permitem um funcionamento melhor do organismo), ainda existe uma resistência à adoção do veganismo, tanto por pessoas quanto por instituições.
O primeiro ponto a ser considerado sobre a relação entre o elitismo e o veganismo é a consciência ambiental. Para uma pessoa identificar que a alimentação dela está prejudicando animais de forma massiva, ou que cosméticos não deveriam ser testados em animais, ela precisa de instrução sobre esses assuntos.
De acordo com o levantamento feito em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 52,6% das pessoas brasileiras não completou a educação básica esperada. Os motivos para essa realidade incluem a dificuldade de acesso a escolas gratuitas de qualidade e a necessidade de gerar renda para a família.
É compreensível que, sem a instrução adequada, a maioria das pessoas de baixa renda sequer conheça a questão vegana. O distanciamento do processo de produção dos itens provenientes de animais impede que essas pessoas possam mensurar o impacto negativo do estilo de vida pautado na crença de que os animais devem servir aos humanos.
Uma evidência disso é que, nos países em que o veganismo já é a realidade de muitas pessoas, os níveis de desenvolvimento social e econômico são mais altos em relação ao Brasil, por exemplo. É o caso da Espanha, do Reino Unido, da Suécia, do Canadá e dos Estados Unidos da América.
Outra faceta da desinformação atinge a população de classe média. Mesmo com pleno acesso à informação e com ensino superior, muitas pessoas se recusam a seguir uma nova dieta por desconhecerem os valores nutritivos dela. Questões como a falta de proteínas e de carboidratos são associadas a uma alimentação vegana.
Com a orientação correta de profissionais da área de nutrição, no entanto, seria possível que essa parcela da sociedade aprendesse que grãos, legumes, vegetais e frutas podem fornecer todos os nutrientes dos quais o corpo precisa.
Mesmo que o problema da falta de conhecimento fosse superado, as pessoas que desejassem se tornar veganas encontrariam outra barreira: o preço dos produtos veganos. No caso de roupas e de cosméticos que não fazem uso de animais para a produção, o valor da peça é mais caro porque, entre outros fatores, a elaboração exige um sistema tecnológico não convencional.
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Além disso, os produtos veganos ainda são feitos em menor escala. Isso vale tanto para cosméticos e roupas, quanto para alguns tipos de alimentos. O que encarece as comidas veganas são os produtos que se pretendem imitar os alimentos provenientes de animais, como leite de amêndoas e de amendoim, carnes e queijos de soja e doces sem lactose ou sem gelatina.
Em outros casos, os alimentos veganos contém na composição ingredientes orgânicos, sem o uso de agrotóxicos e pesticidas, provenientes de agriculturas de baixa escala. Como a oferta desses produtos é menor, o preço naturalmente será mais alto, por ser escasso.
O cenário para o veganismo no Brasil, porém, não é tão pessimista quanto esses fatores poderiam sugerir. De acordo com o Instituto Brasileiro de opinião pública e estatística (IBOPE), em 2018, 14% das pessoas brasileiras se declararam vegetarianas. Além disso, 55% das pessoas entrevistadas pela pesquisa alegaram que consumiriam produtos veganos se estes fossem indicados com precisão nas embalagens, enquanto 60% das(os) brasileiras(os) declararam que o fator determinante para consumir esse tipo de produto seria a equiparação dos preços de produtos veganos e não veganos.
Os desafios para que o mercado vegano se estabeleça no Brasil são impostos às empresas que não contam com esse tipo de produto, mas já são tradicionais e de grande influência. As mudanças na produção poderiam levar à perda de fornecedores e de contratos, reduzindo o prestígio de uma marca já estabelecida no mercado.
Para ter uma ideia do impacto de mudar para uma produção vegana, basta levar em conta os seguintes fatores: seria necessário repensar a forma de produção e renovar a tecnologia de cada processo; precisariam criar novas estratégias de comunicação e de marketing, tanto para manter o público fiel à marca quanto para atrair novas(os) consumidoras(es); investimentos de fornecedores distintos seriam essenciais, mas ainda difíceis em um país que não é, em sua maioria, vegano.
Enquanto esses desafios não forem superados pelas empresas, resta recorrer aos produtos veganos que já estão no mercado. Cosméticos e roupas podem ser mais difíceis de encontrar, mas, em relação aos alimentos, a maioria deles, na verdade, já faz parte da alimentação brasileira. A seguir, você vai encontrar alimentos que são veganos e que talvez você nem tivesse percebido:
1) Arroz: fonte de carboidratos, sobretudo se for o arroz integral;
2) Batata: rica em carboidratos, até mesmo a batata doce;
3) Aveia: com fibras e com carboidratos;
4) Lentilha, grão de bico e outros grãos: fontes de carboidratos e de proteínas;
5) Feijão (de qualquer tipo): rico em proteínas e em ferro;
6) Espinafre e outras folhas escuras: fonte de ferro e de proteínas;
7) Tomate e outros frutos: ricos em vitaminas A, B e C, além de fósforo, potássio, cálcio e magnésio;
8) Frutas: todas as frutas são veganas, já que não são de origem animal. Fornecem vitaminas, carboidratos e frutose, um açúcar;
9) Abacate e banana: fontes de potássio, sendo que o abacate pode ser usado em preparos salgados;
10) Óleo vegetal: comidas veganas podem ser fritas, mas só com óleo vegetal.
Vá até o mercado e veja quantos alimentos do seu cardápio já não incluem animais. Aproveite para aprimorar o seu paladar e encontrar substitutos para a proteína e para o ferro, que existem em abundância na parte de hortaliças. Ser vegano(a) pode ser barato!