Se você está aprendendo sobre a sociedade na qual vivemos, já deve ter ouvido falar em objetificação feminina. Essa expressão nomeia uma das consequências do patriarcado, que é um sistema de opressão em que o mundo está inserido.
No patriarcado, uma comunidade se estabelece em torno da figura de um homem, que seria o gênero mais poderoso e importante em detrimento dos outros. Com o machismo, que faz parte desse sistema, as pessoas passam a acreditar que os homens são, de fato, superiores às mulheres.
Ou seja, uma pessoa machista é aquela que acredita que a desigualdade de gênero é a forma correta de estabelecer uma sociedade. Essa pessoa, portanto, pensa dessa maneira porque vive em uma sociedade patriarcal, que apresenta mecanismos a partir dos quais o homem continua sendo o centro de tudo.
Como consequência disso, as vontades dos homens prevalecem sobre as vontades das mulheres, até mesmo no que diz respeito ao corpo delas. É a partir desse ponto que podemos começar a falar sobre a objetificação feminina. A seguir, aprofunde-se nesse assunto!
Direto ao ponto
O que é objetificação feminina?
Para entender a objetificação feminina, vamos começar analisando as duas palavras que compõem esse conceito. Em primeiro lugar, a objetificação é definida como o ato de tratar uma pessoa como um objeto. Em segundo lugar, “feminina” diz respeito ao gênero feminino, muitas vezes associado às mulheres.
Logo, a objetificação feminina é tratar as mulheres como um objeto, e não como pessoas. Então, uma mulher deixa de ser reconhecida como alguém que tem as próprias vontades, os próprios pensamentos e inúmeras capacidades. Em vez disso, ela se torna apenas um corpo, que deve servir aos homens.
Dessa maneira, o papel da mulher em uma sociedade patriarcal é atender aos desejos dos homens. Esses desejos não estão restritos ao prazer sexual. Se um homem quisesse que uma mulher limpasse a casa para ele, por exemplo, ela deveria fazer isso sem questionar. Afinal, ela está em uma posição de submissão em relação a ele nesse cenário.
Exemplos de objetificação feminina
Se você está imaginando que a objetificação feminina é um conceito muito abstrato, vamos apresentar a você exemplos de como ela ocorre na nossa sociedade.
1) Na mídia
Pense nas representações de mulheres mais frequentes em propagandas, filmes, séries e novelas. Na maioria delas, há um foco exagerado na aparência delas sempre associado a um padrão de beleza. Não conhecemos os pensamentos e os sonhos das mulheres, mas sabemos como é cada parte do corpo delas.
Além disso, nessas representações dificilmente as mulheres apresentam uma narrativa própria e independente de algum homem. É como se elas fossem um acessório para ele, que é representado como corajoso, livre e bem-sucedido. Comece a reparar nisso!
2) Nos relacionamentos
Embora isso não seja uma regra, em muitos relacionamentos heterossexuais as mulheres são intensamente objetificadas pelos parceiros. Isso porque elas são induzidas a fazer o que não querem apenas para agradá-lo, devem ter uma aparência próxima de um padrão de beleza e precisam estar sempre à disposição deles.
Em uma relação saudável, é esperado que um homem esteja atento aos reais desejos da mulher, para que não imponha as próprias vontades sobre ela. Sendo assim, é fundamental entender que a parceira é uma companheira para a vida, e não uma ferramenta para obter prazer.
3) Nas ruas
A objetificação feminina está tão impregnada na sociedade que até nas ruas, andando livremente, as mulheres sofrem com ela. Quantas vezes você já ouviu falar em homens que assobiaram ou fizeram comentários quando elas estavam passando por eles?
Esse tipo de assédio sexual desconsidera que elas sejam pessoas que devem ter a própria dignidade respeitada. Em vez disso, elas são vistas, exclusivamente, como um objeto de desejo. Para quem realiza esses insultos, os sentimentos das mulheres pouco importam.
4) No trabalho
A partir do momento em que as mulheres foram inseridas no mercado de trabalho, esperava-se que o papel dela na sociedade mudasse. Essa nova função, entretanto, foi apenas acrescentada às outras que elas já tinham. Ou seja, deveriam trabalhar fora e dentro de casa, cuidar dos filhos e atender aos desejos dos maridos.
Então, no ambiente de trabalho, as mulheres continuam sendo vistas como um objeto. Elas devem seguir ordens sem questionar, manter uma aparência dentro dos padrões e nunca manifestar o que estão pensando sobre algo. Infelizmente, isso reduz significativamente a autoestima profissional dessas pessoas.
5) Na escola
Nem mesmo as jovens mulheres estão imunes à objetificação feminina. Na escola, elas ainda podem ouvir comentários de colegas e de professores questionando a inteligência delas ou colocando as aparências que elas têm acima de qualquer outra qualidade.
Nesse caso, reforça-se a ideia de que as mulheres não precisam desenvolver outras capacidades que não estão relacionadas à beleza exterior. Isso pode comprometer seriamente a imagem que uma adolescente tem sobre ela mesma, causando problemas durante toda a vida dela.
Padrão de beleza, racismo e o patriarcado
Uma vez que a objetificação feminina está tão presente na sociedade, os efeitos nocivos dela se manifestam nas mulheres. Isso acontece porque, ao longo de toda a vida, elas ouviram que a aparência é tudo e que nada mais sobre elas é importante.
Assim, por mais que uma mulher estude muito, tenha várias habilidades e se relacione bem com outras pessoas, ela ainda se sente mal por não ter o corpo perfeito. Essa aparência específica e inalcançável é definida a partir de padrões europeus.
Por isso qualquer representante do gênero feminino precisa ser branca, magra e jovem, principalmente. Somado a esse padrão, existe uma série de outras imposições, como ter seios e glúteos grandes, um nariz pequeno e fino, um cabelo liso e comprido.
Isso significa que a objetificação feminina não está ligada apenas ao patriarcado, mas também ao racismo. Afinal, uma aparência que traz prazer aos homens e que os levaria a um relacionamento amoroso não apresenta traços de pessoas pretas ou amarelas.
Na verdade, as mulheres pretas e amarelas são ainda mais objetificadas do que as mulheres brancas. Enquanto as brancas dentro do padrão são consideradas para um envolvimento emocional mais profundo, as pretas e as amarelas são entendidas como um objeto exótico, que serve só para diversão.
Nesse cenário, é compreensível que tantas mulheres se sintam inseguras sobre si. Apesar de tudo que elas podem ser, aprenderam que não têm valor se não forem atraentes e desejadas pelos homens. Se não se encaixarem nos padrões de beleza, sequer terão chances de serem vistas pela sociedade.
Meu corpo, minhas regras?
Com tudo girando em torno da aparência feminina, muitas mulheres sentem que precisam mudar o próprio corpo para se sentir bem sobre quem são, por isso não cabe a nós julgar essas pessoas que são tão oprimidas pela sociedade. Sendo assim, se elas dizem “meu corpo, minhas regras” ao fazer cirurgias plásticas, ninguém deve opinar sobre isso.
Entretanto é importante questionar de onde vem o nosso desejo de mudar as nossas aparências e por que fazemos isso. Será que os aspectos dos quais você não gosta no seu corpo são realmente ruins para você ou só não estão dentro do padrão de beleza e, por isso, incomodam-no?
Preocupar-se com a própria aparência é um comportamento normal de qualquer ser humano, mas não deveríamos condicionar o nosso olhar a partir de um sistema de opressão. Ainda que seja difícil de acreditar nisso, o valor de uma mulher vai muito além da beleza exterior dela.
Você também pode gostar
Se, portanto, o corpo é seu, faça as suas regras para ele, não reproduza as regras que já existem. Preocupe-se em ser uma pessoa saudável, autêntica, determinada, inteligente, corajosa e gentil. Compreenda que o seu corpo é apenas uma parte de quem você é e não define a sua essência. Exercite sua autoestima para ser feliz vivendo na sua pele!
A partir das informações apresentadas, compreendemos que a objetificação feminina é um problema que a sociedade enfrenta. Para combatê-la, precisamos enxergar que as mulheres são mais do que só um corpo. Posicione-se sobre o assunto para mostrar que você as reconhece como pessoas, e não como objetos de prazer que atendem aos homens.