Da mesma forma que respiramos, o uso desenfreado das redes sociais tem tomado lugar na rotina de milhões de pessoas como se fosse algo natural, algo que já fazemos sem nos dar conta e de maneira constante, automática. Quem nunca pegou o celular e entrou nos aplicativos de maneira compulsiva, sem querer, mesmo que não houvesse notificação e acabou passando horas logado? Nosso cérebro tem se adaptado ou vem sendo forçado a viver neste mundo que não para e, aos poucos, tem se acostumado a não parar também.
Quer você queira ou não, esse hábito influencia, e muito, no seu comportamento e até na sua saúde de um jeito que pode vir a ser prejudicial, como nos casos em que pessoas relataram ansiedade, baixa autoestima e até depressão por serem heavy users das redes e se depararem incessantemente com conteúdos danosos online. O que nos leva a encarar de frente uma das últimas decisões tomadas por uma das redes sociais mais famosas do mundo: o Instagram, que parou de mostrar a quantidade de curtidas das publicações.
Esta escolha do aplicativo de compartilhamento e edição de fotos não acabou com as curtidas da rede, mas as deixou ocultas para quem navega no feed, aparecendo apenas para o dono do perfil. Dessa forma, o público não vai se relacionar mais com esse dado e ações mais importantes do que apenas curtir podem passar a ser consideradas. A proposta da empresa é que isso ajude sua comunidade a se engajar mais com as fotos e vídeos do que com a aceitação social gerada pelo número de curtidas, acabando com a sensação de “competição”. Com a atualização, o Instagram também espera que as pessoas se concentrem menos nas curtidas recebidas e mais em compartilhar histórias na sua página.
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Se esse mundo digital está uma loucura para os usuários, imagine para os famosinhos ou famosões da internet que precisam correr atrás de patrocinadores renomados, “parcerias” e cada vez criar mais conteúdo para tentar conseguir um espaço e conquistar o reconhecimento dos olhos atentos nas telinhas dos celulares? Mudanças efetuadas nos sistemas de alcance e visibilidade das redes sociais muitas vezes geram a necessidade da criação e postagem de publicações sem parar para alimentar a internet e, só assim, ter suas publicações aparecendo nas linhas do tempo de quem curte seu conteúdo: que vença quem conseguir postar mais, gerar mais interações para que a própria rede social saia ganhando.
Desde que a youtuber Nátaly Neri, do canal Afros e Afins por Nátaly Neri, publicou um vídeo falando sobre o Slow Blogging – uma maneira de produzir conteúdo mais devagar, este virou um assunto curinga para os criadores de conteúdo internet afora. Segundo Nátaly, o posicionamento de “blogar devagar” faz parte do movimento “Slow Living”, que possui várias vertentes, incluindo o Slow Fashion, e tem o objetivo de fazer com que você conduza sua vida em um ritmo mais tranquilo, indo na contramão dessa demanda atual que obriga a correria e diminuindo a velocidade.
Em 2016, Todd Sieling escreveu o “Slow Blogging Manifesto”, em que compartilhou diretrizes para quem não queria fazer parte da onda do imediatismo e prezava mais a qualidade do que a quantidade do conteúdo postado.
“Slow Blogging” é uma rejeição ao imediatismo. É uma afirmação de que nem todas as coisas merecem ser escritas rapidamente”, alegou Todd em 2008 ao “New York Times”.
Fugir da alta demanda de criação de conteúdo e do consumo de tanta informação de forma desenfreada gera benefícios a curto e a longo prazo. Um estudo publicado pela Universidade de Pittsburgh descobriu que uma pessoa que passa duas horas por dia no Instagram, no Facebook e no Twitter tem o dobro de risco de isolamento em comparação a quem gasta cerca de 30 minutos a uma hora por dia nas mesmas redes; fora a pressão de estar sempre querendo postar algo que receba curtidas para ser “alguém” online, podendo causar depressão, ansiedade, bullying e outros problemas de saúde.