Faz sentido, mas geralmente quem fala isso, acaba evitando o caminho do autoconhecimento, justamente por essa e outras explicações.
A proposta deste texto não é de te convencer a seguir por esse caminho, e muito menos te fazer mudar de ideia de seus argumentos, mas como uma buscadora de mim mesma desde pequena, me sinto no direito de explicar o porquê de sempre seguir buscando e olhando para dentro.
O autoconhecimento me proporciona um contato comigo que vai muito além de olhar apenas para mim. Ao olhar para dentro não vejo só a mim, mas as pessoas ao meu redor, desde quem me deu origem, até as pessoas que vivem comigo no meu dia a dia e que trocam experiências.
Olhar para dentro gera empatia, porque vamos até a possibilidade emocional mais profunda e sentimos tudo o que pudermos sentir, compreendendo o próximo.
Esse misto de sentimentos varia desde sentimentos confortáveis e aconchegantes, até a mais profunda dor e sofrimento por entrar em contato com algo em nós que não concordamos, ou não queremos aceitar.
Temos luz e sombra convivendo juntas dentro desse “receptáculo” que chamamos corpo. Ao mesmo tempo que posso demonstrar atitudes afetivas, gentis e delicadas, tenho também uma outra face onde um monstro bem feio e cheio de maldades, malícias e atitudes inferiores se mostra, e me autoconhecer faz com que eu entenda a existência dele, respeite-o e saiba entender quando ele vem querendo aparecer, porque é muito importante que eu não abafe ou exclua essa característica que faz parte da dualidade de meu ser.
A partir do momento que eu crio total afinidade com os “seres” que vivem dentro de mim, entendo como devo cuidar, aconchegar, educar e respeitar cada uma dessas personalidades, e tendo domínio e controle sobre os limites delas, consigo entender quem eu sou verdadeiramente.
Então, volto lá para o início deste texto, onde o meu argumento principal é: “Olho e entendo primeiro a mim, para olhar e entender você”, e o que quero dizer com isso, é que conhecendo a mim e sabendo tudo o que tenho dentro de mim e tudo o que posso expressar como reação de muitos contextos emocionais em minha vida, também conheço você e posso entender as suas reações diante de qualquer experiência vivida por você, e que eu já possa ter vivido, e se não a mesma, talvez uma semelhante. Essa ação gera a empatia já comentada anteriormente, pois se senti em mim, posso entender como você se sente quando passa por essa situação ou por situação semelhante, e assim sei respeitar sua dor, sua atitude ou o que quer que você sinta sobre isso.
O caminho do autoconhecimento é um caminho complexo, intenso e cheio de experiências interessantes, e quando ele nos proporciona não só entender a nós mesmos, mas compreender o próximo com carinho e compaixão, os olhares para muitas situações rotineiras mudam, gerando um movimento mais acolhedor e de não julgamento, apenas entendendo que cada um age com o que tem, com o que viveu e com o que aprendeu, e saber disso dá paz, porque aí sim paramos de pensar de forma egocêntrica e saímos da posição de julgador, crítico ou vítim
Afinal, quem somos nós para pensar algo do outro ou dizer o que o outro deve ou não fazer, se dentro da gente também tem um lado frágil, que se deixarmos, pode facilmente errar no mesmo erro que um dia viemos a criticar?
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