Desde que eu me entendo por gente, ouço esse tipo de expressão: o ocidente é judaico-cristão. Convenhamos, qualquer um que investigue um pouco a nossa realidade irá perceber que essa afirmação é absurda, pois não existe nada de cristão no ocidente, apenas de judaico.
Não é preciso muito esforço para entender isso, simplesmente porque pensamos e agimos como os fariseus de outrora e não existe absolutamente nada em nossas leis, em nossas ações ou em nosso comportamento que possa refletir o pensamento de Jesus.
Estamos presos e amarrados ainda à moral dos escribas, julgando, condenando, seguindo normas atrás de normas, segregando, classificando, enfim, cumprindo todas as prescrições impostas por esse mundo doente em que vivemos. As religiões cristãs insistem em dar ênfase ao Velho Testamento e não se aprofundam na Boa Nova trazida pelo advento a vinda do Messias.
Quem seria capaz de oferecer a outra face para dizer-se cristão? Quem não reagiria ao mal e fugiria de contendas, disputas, discussões, desapegando-se completamente de tudo em favor do outro? Quem seria capaz de orar por aqueles que o perseguem? Quem seria capaz de amar incondicionalmente o seu semelhante, seja ele um corrupto como Zaqueu, uma adúltera, um cobrador de impostos, um rei, uma samaritana ou um miserável qualquer que cruzasse o seu caminho?
Ninguém! Portanto, não há cristãos, há apenas judeus.
Infelizmente, não conseguimos subir esse degrau, estamos com pedras na mão o tempo todo, distantes da nossa verdadeira natureza, vivendo com a seriedade e sisudez própria dos orgulhosos, sendo hipócritas como sempre fomos.
O que existe, desde sempre, nesse estágio em que estamos, infelizmente, é uma predisposição absurda em julgar, apontar o dedo, condenar, punir, executar, enfim, impor uma disciplina ariana ao outro, para que ele esteja sempre ajustado às normas.
É a velha justiça dos Escribas e Fariseus. Somos ainda aquilo que já éramos no advento da vinda do Mestre Nazareno: androides programados por crenças e valores ultrapassados — e nos julgamos cristãos.
Estamos mais próximos dos hipócritas que rezam em praça pública, fazendo longos jejuns para chamar a atenção e ganhar respeito público, agindo por pura vaidade, do que da simplicidade e leveza trazida pelo Galileu.
O ocidente é judaico, e só judaico, essa é toda a verdade.
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Nosso comportamento reflete esse padrão, não devemos continuar nos enganando, acreditando que somos melhores do que os nossos ancestrais, pois enquanto não trabalharmos o desapego, a renúncia, a humildade, a confiança, a alegria, a coragem, a perseverança e a serenidade daqueles que despertaram, continuaremos seguindo as orientações de um falso eu, programado por valores anacrônicos e perversos.