Convivendo

Os ex da nossa vida

80065046 - close up of a young couple intimately close touching with heads about to kiss. man holding his partner close while touching her hair in a sensual expression of love.
Escrito por Sol Felix

Fim de semana transcendental. Sábado, eu conheci a atual do meu ex. Domingo, eu conheci – meio sem querer – a ex da minha atual.

Há 10 anos, eu jamais imaginaria que o “amor da minha vida para todo o sempre” – com quem eu mantive um relacionamento por 10 anos, sendo ele quase 10 anos mais velho que eu – seria hoje uma lembrança carinhosa do passado e que eu conheceria de tão bom grado o seu novo amor.

Alguns dizem que com o passar dos anos e o avançar da idade criamos couraças, nos blindamos e, portanto, nos fortalecemos. Digo o contrário: não quero blindagem e nem couraça que me endureça, eu quero é me manter aberta, leve, livre. O que facilita a vida é não levar a sério conceitos ultrapassados que criamos para amarrar a nossa própria existência.

Óbvio: uma ruptura é sempre uma ruptura, assim como certos “nãos” que recebemos são tão doloridos quanto um tapa na cara.

Lembro-me de uma cena que fiz. O personagem/ator que contracenava comigo – em certo momento da cena que eu mesma havia escrito – me batia. Eu, enquanto atriz que já sabia o que me aguardava, assim que recebia aquele mega dolorido “tapa cênico”, já vomitava meu texto e minha fúria.

Receber um “não” da vida é meio isso: uma bofetada surpresa (será?). Com todo susto, vem o choque. Seguido de dor. Seguido de reação. Seguido de sabe-se-lá-o-quê.

A vantagem de trocar a couraça por leveza e a blindagem por disponibilidade, é que o amor flerta com o permeável, com o leve, com o simples.

O amor é aquela borboleta amarela que, de tão destoante com o cinza-concreto da cidade, passa despercebida pela maioria das pessoas. Mas ela não é rara. São os nossos olhos que não estão treinados para vê-la. É a nossa imaginação que se nega a acreditar que algo tão belo possa ser encontrado no dia a dia ou perto de nós.

Quando finalmente enxerguei a minha borboleta dourada, ela me assustou com os seus 10 anos a menos e o dobro da minha maturidade.

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O amor não é raro. São os nossos preconceitos engessados que nos impedem de enxergá-lo.

Borboletas vão… Mas borboletas sempre vêm.

Sobre o autor

Sol Felix

Atriz formada pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul e Designer Gráfico (Universidade Paulista). Nesta vida, resido em São Paulo desde sempre. Não sou viciada em tecnologia e amo chocolate amargo. Acredito, de forma encantada, que o ser humano é, por excelência, Arte e Artista.