Gatos são animais incríveis, independentes, autoconfiantes, donos de si. Quem tem esses pequenos felinos na vida costuma dizer que são eles que escolhem seus “donos”, e são sinceros até demais. Quem não conhece, pode até dizer que gatos são animais desapegados e pouco sentimentais, ao contrário dos cachorros. Existem, inclusive, vários memes na web fazendo comparativos entre cães e gatos, com foco no temperamento de cada espécie.
Mas quem ama os bichanos pode garantir, com toda a certeza, que eles são amáveis e carinhosos, sim. E demonstram seus sentimentos. Aliás, garantem que gatos sentem ciúme, sim, seja com outros humanos ou até mesmo com outros gatos.
Comportamento felino
Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que ciúme é uma emoção tipicamente humana, então podemos estar usando o termo de forma inadequada para definir um comportamento que tem outras explicações.
Até existem estudos relacionando o ciúme (ou um termo mais apropriado) aos cães, mas não se aplicaria aos gatos. Ainda assim, existem comportamentos que podem nos levar a pensar que se trata desse sentimento.
Isso se deve ao fato de que, apesar de os felinos domésticos serem animais solitários, a própria domesticação fez com que eles escolhessem uma pessoa (ou mesmo outro animal) como referência, ou seja, o seu indivíduo favorito, por razões óbvias: alimentamos, cuidamos, protegemos, interagimos socialmente com eles, principalmente nos dias de hoje, em que a relação tutor-pet cria mais vínculos do que no passado. Nossos pets são nossos filhos.
Considerando forma como tratamos nossos “filhos peludos”, é de se esperar que os gatos nos vejam como “seus humanos”, contrapondo essa relação com algum outro indivíduo (humano ou não) que represente o seu rival social, com condutas (como rejeição e agressividade) que possam nos levar a pensar que se trata de ciúme.
Será ciúme mesmo?
Bem, não há como analisar o comportamento do gato agressivo e dizer que se trata de ciúme, então existem possíveis atitudes típicas de “gatos ciumentos”. Demonstrar agressividade com o “rival”, buscar atenção frequente do seu “humano preferido”, mostrar interesse exacerbado ou interferir negativamente na socialização entre o humano e o “rival” podem ser sinais de que há algum problema.
No entanto isso poderia ser certeiro se estivéssemos falando de cachorros, já que, com os gatos, essas ações podem sugerir diversos problemas comportamentais, e a territorialidade é um dos principais.
Existem várias causas para mudanças de comportamento (para pior) dos gatos em relação à pessoa que ele tem como referência, como a chegada de um novo bebê, que, além de representar uma importante perda de atenção; caso os pais briguem com ele para proteger o recém-nascido, isso pode fazer com que o gato associe ao bebê essa experiência ruim.
Nesse caso, é interessante incluir seu “filho felino” na rotina. Apenas redobre a atenção para que o seu gato não arranhe seu bebê ou consiga materializar a agressividade de alguma forma. Mas jamais – nunca mesmo! – seja agressivo com o bichano.
Se o seu gato apresenta um comportamento agressivo com outro gato, fique sabendo que a causa pode ser simplesmente a territorialidade. Quem já presenciou alguma briga de gatos durante a madrugada sabe bem o que isso significa. Isso acontece principalmente com gatos mais adultos ou com aqueles que não tiveram uma socialização boa quando filhotes. É preciso preparar o gato, o ambiente e até você mesmo para a chegada de um novo animal. Procure manter e respeitar a individualidade de cada um. Uma boa saída é o adestramento, caso medidas comuns não estejam surtindo efeito.
Se o problema é com um cachorro, saiba que pode acontecer (em especial se se tratar de gatos que não tenham sido socializados com cachorros quando pequeninos), mas não é da natureza dos gatos odiar os cachorros, e vice-versa. O ideal é respeitar as diferenças de tamanhos e temperamentos e jamais esperar que eles ajam de forma parecida. Cachorros maiores geralmente despertam medo, mas mais pelo tamanho do que por serem cachorros.
E como agir?
Em primeiro lugar, com relação a rivalidades com outros gatos, cachorros ou humanos, procure tomar medidas de segurança para evitar problemas mais sérios. Procure também validar a importância de seu bichinho, e, mesmo com a mudança de rotina, tente não alterar muito a dele, pois gatos geralmente não gostam de mudanças bruscas.
Tente também criar a ideia de positividade na relação com possíveis “rivais”, fazendo, por exemplo, com que a presença deles seja uma experiência positiva. Procure respeitar o espaço do animal. Se ele não está confortável com uma situação, jamais o force a alguma interação, não o pegue no colo nem mexa muito nele, pois tudo isso pode irritá-lo.
Você também pode gostar
Caso você precise investir em atitudes mais robustas, procure um adestrador, para harmonizar a relação entre animais e humanos dentro do mesmo espaço. Uma boa dica também é procurar o seu veterinário, pois existem substâncias que influenciam o comportamento social e reprodutivo dos animais: os feromônios. Esses compostos ajudam bastante a controlar a agressividade, principalmente se os gatos sentem “ciúme”. Um feromônio natural bastante indicado é o catnip (ou erva-gateira). É um excelente relaxante e também atua como repelente.
É importante também manter a saúde do seu gato em dia, com alimento de qualidade, consultas periódicas, vacinas, entre outras medidas. Muitas vezes, o comportamento deles pode mudar em decorrência de questões de saúde, portanto o veterinário deve ser visitado frequentemente.
Seja como for, ter um animal é como ter um filho. Dá trabalho, requer cuidados, é preciso ter muita paciência e, acima de tudo, muito amor e respeito. Se os gatos sentem ciúme, devemos considerar seus sentimentos, mesmo que não tenham a mesma dinâmica que os nossos. Lembre-se de que, por serem irracionais, eles não calculam nem premeditam suas atitudes. Cabe a nós, seus tutores, garantir que eles tenham o tratamento adequado para se sentirem bem, felizes, livres e tranquilos.