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Os seis pilares do caráter

Ilustração de silhuetas de cabeças
kubko / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Afinal o que é caráter? O que significa ter um bom caráter? De que forma podemos nos esforçar para moldarmos um bom caráter e quais características devemos levar em consideração quando nos dedicarmos a ter um bom caráter? Descubra respostas para todas essas perguntas no artigo a seguir.

O que é caráter?

Antes de mais nada, é preciso explicar por que caráter não é sinônimo de bom caráter. Segundo o dicionário Houaiss, caráter é o “conjunto de características que, sendo boas ou más, distinguem uma pessoa, um povo; traço distintivo”, ou ainda “formação moral”. Ou seja, um caráter não é formado apenas por bons adjetivos e por características que possam ser elogiadas. Traços tanto positivos quanto negativos da personalidade fazem parte do caráter, como explicado pelo dicionário. Portanto todos temos caráter, seja bom, seja ruim.

Além dessa explicação, o dicionário Houaiss aponta que são sinônimas da palavra caráter expressões como índole, honestidade e boa formação moral. Na linguagem informal, portanto, a palavra acabou virando sinônimo de ter uma boa índole, uma boa personalidade.

O que é ter um bom caráter?

É impossível responder a essa pergunta. E é impossível porque a personalidade, assim como outras matérias relacionadas à psicologia humana, não é ciência exata. O julgamento de um bom caráter, no fim das contas, é subjetivo. Quer ter uma noção disso? Pense nas três características essenciais que formam uma pessoa de bom caráter e, em seguida, peça que alguém próximo a você faça o mesmo.

A probabilidade de vocês terem escolhido as mesmas características é bastante baixa, não? E isso acontece porque, enquanto para uma pessoa a honestidade pode ser um pilar essencial de um bom caráter, para outra pessoa pode ser, na verdade, a generosidade. Cada pessoa julga quem tem um bom caráter com base em seus próprios filtros, em sua própria experiência e em seus próprios conceitos.

Cachorrinho recebendo carinho
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Para uma pessoa que já foi trapaceada ou traída na vida, a sinceridade pode ser um traço essencial de bom caráter. Para alguém que foi ajudado em um momento de necessidade, a caridade pode ser essa estrutura-base do bom caráter de alguém.

Ou seja, um bom caráter é fluido. Um bom caráter na sua opinião pode não ser um bom caráter na minha opinião. E tudo bem. Cada um de nós é um universo e vê a vida com seus próprios olhos, julgando com sua própria bagagem e com seus próprios princípios.

Os seis pilares do caráter

É, não há consenso a respeito do que seja um bom caráter, mas alguns esforços já foram feitos para tentar definir alguns princípios que regem um caráter positivo. Uma dessas propostas, que acabou virando uma teoria aplicada em diversas salas de aula dos Estados Unidos e, posteriormente, do mundo, ficou bastante popular: a dos seis pilares do caráter.

A teoria é patrocinada pela Rotary International, uma associação internacional de clubes que tem o objetivo de unir voluntários com o objetivo de prestar serviços humanitários e de caridade e de promover valores éticos a nível mundial.

Esse método já vem sendo proposto como atividade escolar em diversas escolas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. O método consiste em ensinar aos alunos quais são os seis pilares do caráter e, então, incentivar atividades e debates entre eles nos quais esses pilares sejam estimulados. Confira a seguir quais são eles:

1º – Zelo: essa característica do bom caráter diz respeito à atenção e ao cuidado que você dedica não só às pessoas que ama, mas também a qualquer pessoa com quem interage em seu dia a dia. Ser gentil com as pessoas é algo que devemos fazer sem exigirmos nada em troca e sem escolhermos as pessoas que vão receber esse tratamento. Sempre que identificar uma oportunidade de ser gentil, seja. Sempre que puder ajudar alguém, seja quem for, ajude.

2º – Cidadania: ser cidadão é, em resumo, fazer parte da sociedade de maneira harmônica, agindo com ética, respeitando autoridades e leis e estando consciente e praticante dos seus direitos e deveres. Preserve o meio ambiente, preocupe-se com sua cidade, seu bairro, sua rua. Faça sua parte e mantenha boas relações com os outros membros da sociedade, sejam eles policiais, sejam eles seus vizinhos, por exemplo. Pague impostos e esteja em dia com as suas obrigações com o governo.

Dois amigos se cumprimentando
William Fortunato / Pexels

3º – Respeito: esse é um dos pilares mais necessários. Respeite as decisões das outras pessoas, seus relacionamentos, as diferenças entre vocês, a orientação sexual delas. Simplesmente respeite. Cada um é de um jeito e merece respeito por isso. Não agrida, não ofenda nem machuque ninguém. Ah, e respeite-se também. Conheça seus limites, não aceite o que não lhe faz bem e saiba reclamar os seus direitos quando se sentir lesado. Respeite para ser respeitado.

4º – Responsabilidade: antes de fazer qualquer coisa, pense nas consequências que sua atitude vai ter para outras pessoas, para o ambiente e, é claro, para você. Se cometer um erro (e isso eventualmente vai acontecer), assuma a responsabilidade por ele e faça o possível para reparar tudo de ruim que dele tenha resultado. Liberdade está extremamente relacionada a responsabilidade, então seja livre, mas de maneira responsável. Quem é responsável recebe confiança dos outros, então seja leal e cumpra sua palavra sempre que colocá-la em jogo.

5º – Senso de justiça: a igualdade deve estar presente em todos os seus comportamentos. Não trate duas pessoas de maneira diferente por causa de etnia, orientação sexual, gênero, preferências ou qualquer que seja a disparidade entre você e ela ou entre ela e alguém que tenha uma característica da qual você gosta. Evite preconceitos e esteja sempre disposto a desconstruí-los, dando a oportunidade de as pessoas provarem que o seu pré-julgamento foi errado. Por fim, seja sempre justo quando observar um problema, uma discussão ou uma discordância.

6º – Sinceridade: falar a verdade é essencial para que você seja uma pessoa confiável e leal. Evite fazer promessas que não pode cumprir e evite mentiras, mesmo aquelas que, à primeira vista, pareçam inofensivas. Não faça fofocas nem espalhe boatos sem confirmar sua veracidade. Honre seus compromissos. Não engane nem iluda ninguém e evite que as pessoas se machuquem por você não ter sido honesto. Fale sempre o que pensa e sente, mas considere o impacto do que vai ser dito em quem ouve e selecione bem as palavras.

Os benefícios dos seis pilares para educadores e alunos

Ainda que o papel da escola não seja, em primeira instância, ensinar conceitos morais, já que essa parte da educação é uma atribuição do núcleo familiar do aluno, ensinar conceitos como zelo, cidadania, respeito, responsabilidade, senso de justiça e sinceridade provavelmente não farão mal, não é?

Crianças na escola
RODNAE Productions / Pexels

Não existem estudos que comprovem os benefícios desse método na vida dos alunos que receberam esse conteúdo em sala de aula, mas é de se imaginar, já que são conceitos positivos, que não farão nenhum mal, apenas bem para aqueles que entrarem em contato com eles, especialmente em uma idade tão jovem.

Para os educadores, que muitas vezes sofrem com desrespeito e com abusos dos alunos em sala de aula, ensinar esses conceitos pode ser um alívio bem grande, já que podem melhorar o comportamento e o convívio dos alunos entre si e com os professores. Além disso, atividades com esses conceitos em meio às aulas em que são ensinadas as disciplinas tradicionais podem ser um respiro no conteúdo, que muitas vezes é maçante para os alunos.

Os seis pilares e o futuro

Enquanto estão em sala de aula, nos muitos anos que formam o ensino fundamental e o ensino médio, os alunos entram em contato com muitos tipos de conhecimento, diversos entre si e bastante numerosos, então seria exagero imaginar que todos serão assimilados instantaneamente. O mesmo serve para esse método dos seis pilares. Ainda que os alunos não os absorvam tão logo sejam ensinados, é provável que, no futuro, lembrem-se do que foi aprendido a partir dessa teoria.

Diferentemente de disciplinas ensinadas e cobradas em provas, essas lições morais não são exigências e não recebem notas, porque são apenas estimuladas a partir de atividades que promovam empatia e os pilares que fazem parte desse conceito. Portanto, mesmo que os alunos não pareçam ter absorvido ou levem as atividades na brincadeira, é provável que, futuramente, quando se virem em situações nas quais essas características sejam necessárias, lembrem-se de como elas são positivas.

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Por fim, além do estímulo ao desenvolvimento dos tais pilares, outra habilidade social estimulada por essas atividades é a empatia. Como a maior parte dos exercícios dessa teoria envolvem o estímulo à imaginação, para que os alunos se coloquem em determinadas situações e discutam a melhor maneira de agir, isso inclui colocar-se no lugar do outro e também debater com os colegas a respeito das ideias mais agradáveis para a resolução dos problemas apresentados.

E aí, você concorda com os seis pilares do caráter desse método? O que acha de eles estarem sendo ensinados em escolas? Você tiraria algum desses? Adicionaria outro? Conte-nos a sua opinião e aproveite para fazer a sua reflexão a respeito de quais características você considera essenciais para que uma pessoa tenha um caráter considerado bom.

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