Desde pequena fui criada com os meus três tios homens (e depois de um tempo um padrasto) que muito diziam sentir ciúmes de mim. Muito falavam sobre quando eu tivesse um namorado e muitas atitudes eram justificadas por esse tal ciúmes. Eu cresci acreditando que isso era completamente normal. Sim, sentir ciúmes na minha vida era algo totalmente enraizado. Hoje eu paro e penso: Que horror!
Na minha família, graças a Deus, os episódios de ciúmes nunca passaram de comentários e alertas. Nada muito grave e que é super compreensível devido à educação e criação que todos tiveram.
Mais tarde, quando comecei a me relacionar com namorados, com 14 ou 15 anos, o ciúmes era algo que me corroía por dentro, pois o meu tal amor, mesmo que imaturo por alguém, estava inteiramente associado ao ciúmes. Era basicamente: “Sentir ciúmes era sinal de amor”, “ter crises de ciúmes era sinal de amar o outro”, e por aí vai. E isso durou por muito tempo na minha vida.
É óbvio que nenhuma relação foi de vento em popa, qual a dúvida disso? Nenhuma. É claro como a água que isso precisava parar ou eu me prejudicaria e prejudicaria qualquer parceiro que aceitasse compartilhar a vida comigo.
Eu passei por três namoros na vida até entender tudo isso, foi difícil, eu precisei ser mãe para enfim me desconstruir e mudar. Gente, eu sou taurina e, acredite você em signo ou não, isso é difícil pra nós. Mas a maternidade chegou e mudou tudo, porém vamos por partes, que o assunto maternidade real vai chegar.
Antes de falar sobre como eu me permiti tirar o ciúme da minha vida, preciso explicar como são os relacionamentos atuais e como as pessoas se permitem sofrer. Com a era digital e este mundo online que aqui vivemos e exploramos, a comunicação realmente se tornou algo extraordinário e os relacionamentos, assim como o resto do mundo, sofreram essas mudanças também. O que quero dizer com isso é que as pessoas se falam muito mais, se encontram muito mais, sabem demais umas da vida das outras e enfim se expõem demais, digo porque eu mesma sou assim. Isso é um prato cheio para quem sofre do mal do ciúme. Um mundo em que todos postam as melhores fotos todos os dias, os corpos perfeitos, onde estão, o que estão fazendo e qualquer outra coisa, tudo isso faz com que a cabeça dos ciumentos entre em parafuso. Isso é um problema de quem sente? Claro que é, mas vamos organizar as coisas.
Primeiro, devemos excluir os casos em que a pessoa trai a confiança da outra e engana e mente para seu parceiro ou parceira, ok?
Segundo, um relacionamento deve ser baseado no amor, no respeito, na confiança e na empatia. O amor realmente é a base de tudo, mas ele sozinho não se sustenta. O amor sem confiança não vinga, sem respeito menos ainda. Por isso é preciso ter equilíbrio e sabedoria. Eu falo com muita certeza que a maioria das pautas das brigas dos atuais relacionamentos é, sim, por causa da internet, pelo ciúme causado pelos likes e comentários nas redes sociais. O que acontece é que o celular vira um termômetro para o relacionamento e é aí que entra a confiança e ainda mais a autoconfiança. Quando você tem alguém do lado em quem você confia, não existe like nem foto que te fará surtar, pois você confia no outro e em você. O que muitas vezes acontece é que a cabeça do ciumento cria muitas coisas e isso gera um sentimento tão ruim nele mesmo que faz com que essa pessoa fique cega e passe de todos os limites do respeito e da confiança, e o pior e grande erro a justificativa ser o amor.
Já que agora ficou mais claro o cenário da juventude atual, podemos entender que para alguém que acha que ciúmes é sinal de amor, olhar o celular, vasculhar os mínimos likes, as ligações, as mensagens e o que mais puder é sempre um sinal de cuidado e amor, amor, amor. Gente, que amor é esse? Isso não é amor, isso é doença. Sim, eu estava doente.
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Não é necessário entrar em detalhes de tudo o que fiz, de quantas vezes chorei e briguei por ciúmes até eu entender que isso era uma doença e que me deixaria cada vez pior e mais sozinha. Quando terminei meu terceiro relacionamento, com meu filho nos braços, decidi que era hora de me reencontrar e reconstruir. Todo mundo sabe, terminar um relacionamento nos faz viver um luto. Eu segui em frente e fui atrás de cuidar de mim, de viver, de mudar meu visual e ser a Fernanda que tinha se perdido no meio de tanta coisa em um espaço tão curto de tempo.
Uma vez eu recebi um texto do Osho que falava exatamente sobre relacionamentos e ciúmes e aquele texto me devastou. Foi ali que eu entendi e assimilei tudo o que eu era e o que eu não queria ser nunca mais. O trecho era:
“(…) simplesmente lembre-se: não peça a felicidade a ninguém. Ninguém pode dá-la a você. Somente você é capaz de dar esse presente a si mesma. É um presente seu. Assim, dê esse presente a si mesma e seja feliz! Eu não estou lhe dizendo para não se relacionar com as pessoas, mas quando você está feliz você se relaciona numa dimensão totalmente diferente, você se relaciona com felicidade. Agora você está se relacionando com infelicidade, você se relaciona como um mendigo. Comece a se relacionar como um imperador ou uma imperatriz, você não estará buscando nada em outra pessoa, você estará compartilhando.” OSHO – “Muito Além das Estrelas: Um Diário de Darshan”
Quando eu percebi a grandeza dessas palavras, o quanto isso era verdade, o quanto eu precisava me fazer feliz e apenas compartilhar isso com outra pessoa, o meu caminho se iluminou. Eu passei a olhar para cada pessoa e cada relacionamento que eu tinha (digo isso por causa de amizades também) e tenho com outros olhos e de outra forma. O sofrimento que o ciúmes me causava não existia mais, pois eu saberia que quem estivesse ao meu lado seria livre e que eu só estaria com alguém para compartilhar algo e ser livre, não para prendê-lo a mim.
O amor só acontece em liberdade, e o ciúmes, na maioria das vezes, é a corda que o enforca.
Vamos juntos e sempre em frente?
Estamos juntos, de alguma forma, por algum propósito.
Sejam felizes!