Depois que uma criança nasce, a família passa a se atentar para a vida que essa nova pessoa terá. Como será o quarto dela, onde irá estudar quando crescer, quais roupas vai usar durante o frio e durante o calor, quais serão os cuidados que terão que tomar, entre muitos outros fatores.
Outra questão também permeia o pensamento das famílias religiosas: o batismo. É nesse momento que a criança será apresentada para a figura divina na qual cada família acredita, para que ela seja abençoada e protegida ao longo de toda a vida.
Cabe à família preparar tudo para esse dia de iniciação religiosa, tendo o dever, em alguns casos, de escolher um padrinho de batismo. Para cada religião, no entanto, há especificidades.
Entender a função dos padrinhos de batismo só é possível depois de compreender como esse ritual acontece em cada religião, visto que, para algumas, não há a presença do padrinho.
Processos de iniciação para cada religião
1) Budismo: a cerimônia de iniciação só acontece na vida adulta, depois de um ano de preparação para ela. É chamada de ordenação leiga e concede à pessoa um nome e uma ordem na linhagem de Buda. Parentes e amigos(as) podem acompanhar a cerimônia, mas não participam dela, logo não há padrinhos.
2) Candomblé: Ikomojádê é o nome da cerimônia que inicia uma pessoa no candomblé. Ela acontece em momentos diferentes, dependendo do sexo da criança: para meninas, ocorre no sétimo dia de vida; para meninos, no nono dia de vida; para crianças gêmeas, no oitavo dia de vida. Um nome africano e um orixá são definidos para a criança, para depois um casal de padrinhos ser escolhido para ela.
3) Catolicismo: o batismo é a celebração católica na qual uma criança, durante seu primeiro ano de vida, deve ir até uma igreja para que o padre possa ungir o peito da criança com óleo e derramar água benta na cabeça dela. Os padrinhos acompanham o processo e são responsáveis por manter a criança no caminho da fé, conduzindo-as à primeira comunhão e à crisma.
4) Espiritismo: não há um processo de iniciação no espiritismo nem a prática de qualquer tipo de ritual. A relação com o divino se dá por meio da caridade e da reprodução de boas ações. Sendo assim, não há padrinhos.
5) Islamismo: assim que uma criança nasce, o pai dela deve dizer, em seu ouvido, os fundamentos da religião, chamados de azan. Depois de uma semana, os cabelos da criança são raspados e o peso dela em prata deve ser doado para uma família em situação de vulnerabilidade social. Durante a doação, escolhe-se o nome da criança, então segue-se para um banquete nomeado akika. Não há padrinhos.
6) Judaísmo: a iniciação religiosa para crianças judias acontece em momentos diferentes, de acordo com o sexo. Meninas passam pelo bat-mitzvá aos 12 anos, enquanto os meninos celebram o bar-mitzvá aos 13 anos. Trechos do livro sagrado, Torá, são lidos antes de uma cerimônia festiva. Também não há presença de padrinhos.
7) Protestantismo: para essa religião, a cerimônia de iniciação é o batismo, mas acontece quando a criança quiser. O ritual acontece a partir dos 10 anos, em geral. A pessoa deve ser mergulhada na água para depois responder perguntas que serão feitas pelo pastor. Normalmente não há escolha de padrinhos.
8) Testemunha de Jeová: para passar pelo processo de batismo, uma pessoa que é testemunha de Jeová deve estudar os ensinamentos da religião. Na adolescência ou na vida adulta, o processo de batismo só é permitido se a pessoa responder corretamente às perguntas feitas pelos anciãos. Não há padrinhos de batismo.
9) Umbanda: no batismo umbandista, a criança recebe um nome e é abençoada com óleo, sal e água corrente por um pai-de-santo ou por uma mãe-de-santo. Não há presença de padrinhos nesse processo.
Dessa forma, conclui-se que um padrinho de batismo deve ser uma preocupação de quem segue as religiões candomblecista e católica. Em ambas, o padrinho deve ser uma figura que funcionará como guia espiritual para a criança, tendo a missão de mantê-la nos ensinamentos divinos e de instruí-la sobre cada um deles.
É importante lembrar que o padrinho deve ser uma pessoa que segue e conhece a religião que a família segue, mas que também é compreensiva e paciente. Se a criança oferecer resistências para seguir os ensinamentos da religião, o padrinho deve ser capaz de conversar com ela de forma amigável e didática.
Para o batismo da religião católica, há algumas condições para a escolha do padrinho, de acordo com o Código de Direito Canônico. É preciso que o padrinho:
1) Seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou pelo ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo;
2) Tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo bispo diocesano ou pareça ao pároco ou ao ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa;
3) Seja católico confirmado, já tenha recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir;
4) Não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada;
5) Não seja pai ou mãe do batizando;
6) Quem é batizado e pertence a uma comunidade eclesial não-católica só será admitido junto com o padrinho católico e apenas como testemunha do batismo.
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Isso significa que, na hora de escolher uma pessoa para se tornar o padrinho de batismo da sua criança, você deve levar em conta esses princípios. Essa pessoa deve ser de sua confiança, alguém que você conheça profundamente e admire, já que ela terá um papel importante na formação espiritual da sua criança.
Se você não tem um parente que siga os ensinamentos católicos ou que não tenha a capacidade de assumir esse papel, você pode escolher alguém da sua igreja com quem tenha proximidade, alguém que compartilha das suas crenças.
Durante o batismo católico, cabe ao padrinho, quando for solicitado, entregar uma vela acesa para a criança, dizendo: “Recebe a luz de Cristo”. Essa é a primeira das funções que o padrinho irá desenvolver ao longo da vida da criança.
No caso do candomblé, é preferível que o padrinho siga essa religião. Dessa forma, ele será um guia espiritual que irá orientar a criança e ajudá-la em qualquer situação, fazendo esse juramento no momento do batismo.
Sendo assim, as dicas fornecidas para escolher um padrinho católico são as mesmas que para escolher um padrinho candomblecista, levando em conta, é claro, que as religiões são diferentes. Além disso, há uma preparação que o padrinho candomblecista deve fazer antes do batismo:
1) Na semana anterior ao batismo, deve-se acender uma vela de sete dias para Oxalá;
2) Durante a semana, é recomendado o uso de roupas claras. É contraindicado frequentar lugares com energias negativas ou que estejam muito lotados;
3) É preciso tomar banho de chá de boldo, lavando a cabeça e o corpo, nos sete dias que antecedem o batismo;
4) Para a cerimônia, deve-se providenciar uma toalha branca lisa, que pode ter uma fita com a cor do seu Orixá;
5) Uma vela branca simples deve estar em posse do padrinho no dia do batismo.
A vela que for usada durante o batismo deve ser guardada pelo padrinho. Caso a criança passe por alguma situação difícil ou sofra com algum problema, a vela deve ser acesa sob a cabeça dela. Com essa representação da luz divina, a criança será protegida.