O conhecimento geral sempre nos ensinou que existem dois tipos de partos possíveis: o normal e a cesárea. De uns tempos para cá, vem sendo difundido também a opção do parto natural e com isso a confusão está feita.
Muitas mulheres acham que o parto natural é o parto normal e optam de maneira errada por este, achando que fugir da cesárea é suficiente para se ter um parto mais natural. No entanto, estes dois tipos de parto são bem diferentes e este artigo foi feito exatamente para esclarecer no que exatamente os dois se diferem.
Os dois partos em questão, o normal e o natural, têm apenas uma semelhança: são feitos por meio vaginal, ao contrário da cesárea, em que se é feito um corte no abdômen para a retirada do bebê.
O parto normal é praticado geralmente em hospitais e segue protocolos básicos dos obstetras e anestesistas de grandes centros médicos. Ao contrário do que muitas mães pensam, é um tipo de parto em que também utilizam diversos artifícios para acelerar o processo e seguir com o fluxo e a demanda de gestantes. O problema disso tudo é que em muitas vezes junto ao parto normal também é praticada a violência obstétrica.
Segundo a Defensoria Pública de São Paulo, violência obstétrica é a apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres por profissionais da saúde, por meio de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais, causando perda da autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos, impactando na sexualidade e negativamente na qualidade de vida das mulheres.
A violência obstétrica pode acontecer durante a gestação, durante o parto ou no pós-parto. A violência obstétrica pode acontecer durante a gestação, durante o parto ou no pós-parto.
A violência obstétrica engloba algumas práticas recorrentes, como a ingestão de ocitocina (hormônio responsável pelo trabalho natural de parto, que aumenta a dilatação, relaxa a gestante e estimula as contrações) junto ao soro da gestante assim que dá entrada no hospital, a privação de alimentos, o estouro da bolsa do feto antes da hora, imobilização e, principalmente, a episiotomia, que é um corte na vagina para facilitar a saída do feto mesmo sem necessidade.
A episiotomia é indicada pela Organização Mundial da Saúde em apenas 10% dos partos normais realizados, mas na prática este número é muito maior. Este corte deve ser feito avaliando a necessidade de cada mulher, de acordo com o tamanho da gestante e do bebê e pode ser feito apenas com o consentimento dela. Infelizmente, para agravar ainda mais a situação, a maior parte da violência obstétrica é feita sem o conhecimento da grávida.
No parto normal, a mãe também não pode ter livre movimento e geralmente é induzida a ficar em posição ginecológica durante o parto e logo que o bebê nasce, é afastada dele que é levado para a limpeza e exames.
Já no parto natural, tudo acontece como o nome indica, naturalmente. É um parto em que a natureza trabalha e a gestante precisa deixar tudo que for humano de lado para dar atenção e vazão aos seus instintos animais.
Assim, mesmo que exista um planejamento, ele pode ser quebrado, pois a vontade da grávida é tudo o que importa. Sendo assim, uma gestante que planejou ter o bebê na água, por exemplo, pode acabar o tendo deitada porque sentiu vontade disso.
Neste tipo de parto nada é feito quimicamente para induzir contrações, rompimento de bolsa e dilatação. Também não existe a privação de alimentos ou bebida para a gestante, já que ela precisa de energia para passar por todo o processo.
É um parto onde a futura mamãe só terá pessoas que tem intimidade por perto, como a família, o médico já conhecido e uma doula, que é uma pessoa treinada cuja função é fazer a gestante se sentir bem, confortando-a e fazendo com que ela tenha o que precisar.
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Dessa forma, a ocitocina é liberada de forma crescente e totalmente natural, pois a mulher, cada vez mais fêmea, se sente totalmente à vontade para deixar sua feminilidade livre e sua porção animal cada vez mais aflorada.
Em resumo, o parto normal não tem nada de natural! O parto natural é espontâneo e muito mais benéfico para a mãe e o bebê, que podem inclusive passar o momento que for necessário juntos para fortalecer ainda mais esse vínculo mágico e espontâneo.
Escrito por Roberta Lopes da Equipe Eu Sem Fronteiras.