Estamos falando de seres humanos. Diversos pensamentos rodeiam nosso eu, e por isso, somos mutáveis. Para quebrar essa vereda de falsas identidades, basta colocar em dúvida nossas crenças limitantes. Quantas vezes nesse ano você parou para questionar quais conceitos já não te servem e quantos outros te atraem? Coloque sob suspeita o que você acredita e defende como verdade absoluta. O que tomamos como verdadeiro ou falso nos leva a precipícios completamente taxativos e asfixiantes.
Quando saímos da nossa habitual atmosfera, abre-se espaço para descobertas inimagináveis. Cada novidade é uma oportunidade de olhar a nós mesmos sob novas perspectivas. Conceitos e convicções, ideias e ideais, dogmas e religiões; a maioria deveria ter um prazo de validade. Seja por transformações, por aperfeiçoamentos, ou pelo simples fato de que não vestem mais.
Para que todas as nossas multi-facetas sejam respeitadas e então expressadas, temos que nos permitir. Permitir encontrar versões completamente diferentes, mas que se complementam e fazem de nós o que somos. Há muito para ser descoberto se reconhecermos nossa insignificância nesse universo tão vasto e cheio de possibilidades.
“Tenho mais almas que uma; Há mais eus do que eu mesmo. Existo, todavia, indiferente a todos; Faço-os calar: eu falo.” Ricardo Reis
Assim como eu, o filósofo Friedrich Nietzsche se apresenta como múltiplos em um de seus livros, e também pontua a necessidade de ousarmos para que então, conquistemos a nós mesmos:
“Eu sou vários. Há multidões em mim.
Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles.
Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo.
Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo permanecerá com cada um de mim.
Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou,
e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano.
[…]
Como já foi dito: ouse conquistar a ti mesmo.”
Nietzsche – A Gaia Ciência
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Se libertar da caixa é descobrir novas faces de si. É chegar mais perto do que você realmente é, como em um quebra- cabeça infindável. Apesar de me descobrir muitas, sei que todas são apenas resquícios do todo, parte e retalho. A construção final de quem nós somos vem com o tempo e se encerra somente com a morte. Sou os eus que partiram, os que ficaram e os eus que ainda seremos. Todos eles estão em contínua busca de novidades.
Para quem experimenta, a busca é gostosa, divertida e leve. Sem o peso da ansiedade e do perfeccionismo guiado pelo ego. É uma busca de quem não se limita e não estagna. Apenas respeita as idas e vindas num trabalho constante de vir a ser.
”Viver é um rasgar-se e remendar-se.” Guimarães Rosa
Seguimos jornada!