Autoconhecimento Yoga

Pode ser a última vez

Mão, em preto e branco, segurando relógio que esta desmanchando em fragmentos que se transformam em pequenas borboletas.
Escrito por Juliana Ferraro
Pode ser a última vez…

Hoje pode ser a última vez que você verá alguém nessa vida: pode ser o motorista de ônibus, pode ser sua mãe

Essa é a realidade. É até difícil escrever e pensar sobre isso. As palavras vão sendo escritas apesar de uma grande negação do ego e muitos muros internos elevados contra a percepção real sobre a efemeridade das coisas, das relações e das pessoas.

última vez

Aquelas as quais somos indiferentes. Aquelas as quais amamos.

Nunca falamos sobre isso abertamente. Às vezes, a gente pensa “será que todo mundo pensa sobre isso”. E é essa pergunta que eu quero te fazer: quantas vezes por dia você percebe que pode morrer a qualquer momento? Ou alguém próximo?

Essa vida de viajar, morar longe e ficar em retiros me fez viver isso com intensidade. Nas minhas primeiras viagens, era o medo de nunca mais ver a minha avó. Medo de que, quando eu voltasse, ela não estivesse mais aqui na Terra. Mas e se eu ficasse com esse medo me dizendo o que fazer? Eu nunca teria ido viajar. E todas as vezes que fui, um dia antes de viajar, eu ia na casa dela e pedia a bênção. Que sempre tive. Ela me libertou.

E eu estive ao lado dela quando ela fez a passagem. Eu também tinha medo de não poder estar no seu velório. E eu estive, porque tudo acontece no momento certo, como deve ser.

Mas mesmo morando juntos e vendo em todos os dias, as pessoas podem nos deixar. Inesperadamente até… Quando amigos, irmãos de amigos ou cunhadas deixam o corpo com menos de 30 anos, algumas vezes sem explicação racional. E é assim. A gente fica pensando na última vez que se viu. Lembrando as últimas coisas que falamos e se, no meu contato com ela naquela noite antes de morrer, ela guardou uma boa lembrança, se pudemos trocar boas energias.

E se eu pensar que posso morrer a qualquer momento, assim como todo mundo, então, vou entrar em pânico? Não! Daí a gente começa a prezar mais pela vida e pelas relações. Se eu sei que, na realidade, pode ser hoje o último dia que vou ver meu marido, eu vou procurar sempre ter boas lembranças com ele, cultivar o tempo juntos com bons sentimentos, porque é isso que sempre vou pensar depois. E depois pode ser tarde demais.

última vez

Eu não sou mais defensora da filosofia “carpe diem” de jeito inofensivo. Eu não acho que devo ficar buscando satisfazer todos os meus desejos porque a vida é curta. Bem, por isso mesmo, e por não ter controle sobre quanto tempo vai durar, é que procuro aproveitar com qualidade, com presença. Aqui e agora! É cultivar tempo de vida. É ter consciência e viver com a verdade. Se isso norteia a forma como se relaciona com tudo no mundo.

Para se ter essa felicidade e aceitação, precisa de disciplina, de prática, de ajuda e de trabalho. É simples, difícil, estamos aprendendo.


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Sobre o autor

Juliana Ferraro

Juliana Ferraro é psicóloga por formação e viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée. Depois fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de um ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pela yoga e pela meditação. No Brasil: morou, deu aulas de yoga e se formou como massoterapeuta, em Paraty, RJ. Foi nessa época que concluiu quatro cursos de dez dias de meditação Vipassana e se aprofundou na prática de Ashtanga Yoga. Hoje, ela está estudando Ashtanga Yoga no KPJAYI, em Mysore, Índia. E dá aulas de Ashtanga Yoga online.

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