Todos os dias lemos relatos de mulheres que sofrem as consequências de distúrbios alimentares severos ou que muitas vezes já pagaram o preço do distúrbio com suas próprias vidas. Basta pesquisar rapidamente na internet para encontrar reportagens, relatos, textos, manchetes, vídeos e áudios a respeito do assunto.
Porém não é tão comum ver notícias sobre homens que sofrem ou já sofreram com distúrbios alimentares. E essa diferença é, de fato, real. Há mais de um motivo que leva a essa realidade.
Em primeiro lugar, o padrão de beleza estabelecido pela sociedade é massacrante. Não só por “qualificar” corpos inatingíveis como belos, como também por mudar sua concepção de beleza constantemente.
Em um ano, seios grandes estão na moda e são considerados bonitos; no ano seguinte, os seios pequenos são valorizados. Em um ano, quadris largos e alguns quilinhos a mais são considerados saudáveis; na década seguinte, quanto mais magra você for, mais bonita você é; entre tantas outras características.
É impossível acompanhar o ritmo frenético da moda, do mercado da beleza, dos cosméticos, das cirurgias plásticas, das mídias que divulgam todos os dias pessoas famosas que recorrem a intervenções cirúrgicas para melhorar a aparência.
A mulher real não tem esses recursos e, justamente por isso, tenta encontrar meios de se adequar. Porque a mulher real é forte, mas é humana. Muitas vezes, ela só quer ouvir um elogio, quer ouvir que é bonita.
E se o padrão de beleza do novo milênio diz que a beleza está na magreza, a mulher vai atrás disso da forma que pode, do modo como sua mente diz a ela que é certo. E então os distúrbios alimentares aparecem. Bulimia, anorexia, vigorexia. Tudo se torna uma tentativa de autoaceitação.
Esse é o primeiro motivo. Depois, deparamos com os outros aspectos da vida. Já não bastasse a mulher se criticar e se analisar dia após dia, tentando encontrar forças e formas de se achar bonita da forma que é, ela ainda precisa conquistar respeito e espaço no mercado de trabalho, na família, no seu círculo de amigos. Ela precisa ser bem-sucedida.
Ela precisa ter dinheiro, comprar bens, fazer viagens. O mundo clama por isso. É quase obrigação se mostrar feliz nas redes sociais, nas fotos, nos vídeos, nas reuniões de família.
Ansiedade, depressão, mania, bipolaridade… Doenças psíquicas que afetam nosso físico de várias formas. E uma coisa leva a outra. De repente, para tentar se livrar da ansiedade, uma pessoa pode comer compulsivamente, mas depois se arrepende do ato (sinal claro de uma possível bulimia). Ou a depressão por não atingir o padrão de beleza que deseja pode a convencer de simplesmente parar de comer (anorexia), entre tantas outras possibilidades.
A vida no novo mundo, no novo século, no novo milênio, no novo ano, não é fácil. Porém devemos sempre nos lembrar de que o mais importante de tudo é o nosso corpo e a nossa saúde. Devemos sempre nos lembrar de que o nosso corpo é o nosso templo, amando-o e respeitando-o como ele realmente é.
Deveremos, sim, tentar melhorá-lo a cada dia, mas pelos motivos certos: para termos mais saúde, para termos uma vida mais longa, com mais perspectiva e possibilidades. Nunca deveremos fazer isso para nos encaixarmos em um padrão que daqui alguns anos pode mudar.
Por isso, mulher, cuide-se. Ame-se. Apaixone-se por si mesma todos os dias. Tente melhorar e evoluir mentalmente, psicologicamente e, sim, também fisicamente. Mas faça isso da maneira correta: sendo saudável.
Se você tem problemas com o seu corpo ou se você tem outras doenças que te levam a descontar sentimentos e emoções em seu físico, procure ajuda.
Distúrbios alimentares são sérios e podem levar à morte.
Não se permita chegar a esse ponto. Você vale mais do que isso! E se você não tem problemas alimentares, mas conhece alguém que apresenta sintomas de algum distúrbio, converse com essa pessoa ou com algum familiar dela. Toda ajuda é bem-vinda!
E para te ajudar a identificar distúrbios alimentares, separamos os principais sintomas de cada um deles abaixo.
Bulimia: A bulimia existe quando uma pessoa passa por momentos de compulsão por alimentos e, com isso, faz o consumo exagerado dos mesmos, muitas vezes para mascarar ansiedade ou outros fatores psicológicos que desconta na comida. Depois, arrepende-se e, com medo de ganhar peso, provoca o vômito ou faz uso não controlado de laxantes.
Anorexia: Diferentemente da bulimia, a anorexia faz com que a pessoa tenha um distúrbio de imagem, enxergando o corpo de uma forma que ele não é. Isso faz com que a pessoa tente de tudo para emagrecer: dietas milagrosas, exercícios descabidos e até mesmo abandono de refeições. Uma pessoa anoréxica passa muito tempo sem realizar refeições por causa do medo de engordar.
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Vigorexia: A vigorexia é o distúrbio alimentar menos conhecido. Essa doença psicológica atinge pessoas que se alimentam de forma extremamente saudável, praticam exercícios físicos e, mesmo assim, não acham que é o suficiente. Buscam incessantemente o impossível: o corpo perfeito.
Texto escrito por Giovanna Frugis da Equipe Eu Sem Fronteiras