Nutrição

Por que fazer dieta é difícil e como lidar com isso?

À direita, uma mulher colocando as suas mãos na cabeça. Ao fundo, ilustrações de vários tipos de alimentos diferentes.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Quem nunca tentou começar uma dieta e desistiu 24 horas depois que atire a primeira pedra! Os motivos para simplesmente chutarmos o balde, enfiarmos o pé na jaca e deixarmos essa mudança de hábito para lá são vários, mas alguns deles se repetem entre aqueles que veem uma dieta fracassar.

Quem pensa que uma dieta bem-sucedida faz bem somente para o corpo está errado. Dessa forma, a ciência da felicidade, ramo que estuda como a felicidade é produzida, afirma que experiências às quais nos dedicamos e que produzem resultados que podemos mensurar (perder ou ganhar peso, por exemplo) geram hormônios como endorfina, serotonina e dopamina, entre outros, que produzem felicidade.

Para ajudar aqueles que tanto tentaram emagrecer mudando seus hábitos alimentares, porém fracassaram, preparamos este artigo que aborda os principais erros e as dificuldades das pessoas que tentam fazer uma dieta. Portanto, confira!

Por que fazer dieta é tão difícil?

É possível falar sobre as dificuldades específicas por que passamos quando tentamos fazer uma dieta (confira o tópico “Como sair de situações que sabotam a dieta”). Porém, a verdade é que, antes disso, é preciso falar sobre a dificuldade de fazer algo que a dieta é, em essência: uma grande mudança de hábito.

Lidar com mudanças de hábito é bastante complicado. E a dieta, então, que inclui várias mudanças? Com a dieta, precisamos mudar os alimentos, os horários, a rotina de exercícios físicos, os intervalos entre refeições, a quantidade de cada prato… Enfim, são diversas as mudanças, e isso tudo se traduz em dificuldade de mudar hábitos.

Uma mulher segurando um garfo. Neste, um pedaço de cheiro-verde.
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Essa dificuldade não é apenas emocional. De acordo com Rochele Paz Fonseca, psicóloga e especialista em Neuropsicologia, nosso cérebro tem dois mecanismos que nos levam no “piloto automático”: a memória implícita e as funções executivas.

Quando mudamos algo que sempre fazemos (memória implícita), é preciso fazer um esforço maior para realizar isso (funções executivas), então, o desconforto é duplo. E vem daí a dificuldade de fazer dieta.

Entretanto, como tudo é questão de hábito, basta pegar firme na dieta que, em algumas semanas ou meses depois, você já vai estar acostumado a ela. Os primeiros dias serão os mais difíceis, como em qualquer mudança de hábito!

Como ocorre o processo da dieta?

Ter em mente um motivo para fazer a dieta é algo, se não for essencial, ao menos, muito importante. Seja emagrecer, seja ganhar massa muscular, cuidar da saúde ou acompanhar outra mudança de hábito, ter esse objetivo é o que normalmente nos leva a buscar a dieta. Além disso, é o que vai ajudar a manter a dieta quando ela estiver difícil…

Depois disso, é essencial buscar ajuda médica e nutricional. Antes de começar uma dieta, faça exames de rotina, como um hemograma completo, entre outros, pois mudanças bruscas na alimentação podem não fazer bem para o organismo.

Com os exames feitos, é hora de buscar um profissional nutricionista, que vai elaborar a sua dieta e acompanhar o seu processo. Jamais comece uma dieta sem acompanhamento, porque isso pode ter efeitos desastrosos e catastróficos para a sua saúde.

Aí vem o problema: quais são as etapas mais difíceis da dieta? O começo, é claro! Adaptar-se aos novos alimentos, horários e quantidades pode ser bem desconfortável, mas, acredite: depois do período de adaptação, vai ser mais fácil. E vai ser mais ainda quando os resultados ficarem mais visíveis, pode confiar!

Como se adaptar à dieta

Como lidar com a dieta é o maior problema das pessoas que querem começar a fazer uma mudança de hábitos alimentares. Por isso, é essencial ter paciência com o seu processo, mas também disciplina, para ver progresso, o que vai te animar bastante.

Uma pessoa afastando um prato de croissants. À esquerda, uma tábua repleta de vegetais e legumes.
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Algumas dicas são:

1 – A não ser que seja por questões médicas e urgentes, comece a fazer adaptações progressivas, mudando alimentos aqui, horários ali e, aos poucos, implementando uma nova rotina.

2 – Não deixe de comer coisas gostosas! A dieta não precisa ser um calvário e um sofrimento. Se você sente prazer comendo, precisa continuar sentindo. A hora de comer precisa ser estimulante, não dolorosa.

3 – Não passe fome! Mudar quantidades e horários da alimentação pode ser ruim. Até o seu corpo se adaptar à nova alimentação, pode ser preciso fazer as mudanças aos poucos, como descrevemos no primeiro item. Então, se sentir fome, coma.

4 – Mude sua vida também! Mudar somente a alimentação não é suficiente. Estabeleça uma rotina de exercícios, durma com mais qualidade, controle os níveis de estresse… Enfim, várias mudanças precisam acontecer.

5 – Beba bastante água! Ainda que não mate 100% da fome, a água ajuda a “enganar” a sensação de fome, então pode ser uma grande aliada no seu processo de adaptação!

Como sair de situações que sabotam a dieta

Ainda que cada caso seja um caso, e cada dieta seja uma dieta, a maioria das pessoas que começam uma dieta passa por problemas semelhantes. Reunimos os mais comuns deles. Confira!

1 – Separe emoções e alimentação

Comer demais ao se sentir estressado, triste, ansioso, deprimido, entre outras sensações (até mesmo as positivas) acaba atrapalhando uma dieta. Por isso, encontre outras maneiras de extravasar o que você está sentindo, algo que não tenha relação com a sua alimentação.

2 – Planejamento é a chave!

Chegar na hora do almoço e lembrar que se esqueceu de descongelar aqui, de refogar isso ou preparar aquilo é uma perdição que pode levar a fast food, entre outros desregramentos da dieta. Por isso, planeje a sua dieta e as suas refeições com antecedência e evite improvisar, a não ser que seja realmente necessário.

3 – Fuja de guloseimas

Não se proíba terminantemente de comer nada (a não ser por questões de saúde), mas também evite as tentações. Se possível, não guarde guloseimas, como doces e ultraprocessados, em casa. Quanto menos você tiver oportunidade de ceder a essas guloseimas, mais segura sua dieta estará!

4 – Preste atenção na velocidade

Em suma, não adianta selecionar os alimentos ideais para a sua dieta e, então, devorá-los em cinco minutos. Comer rapidamente e não mastigar os alimentos de maneira adequada faz mal para o organismo e “bagunça” a sensação de saciedade; portanto, coma devagar, mastigue com calma e não tenha pressa.

5 – Respeite sua saciedade

Por fim, se você está se sentindo satisfeito, evite petiscar, repetir, comer uma sobremesa e por aí vai. Aprenda a respeitar a sua sensação de saciedade para estabelecer hábitos alimentares mais saudáveis e mais de acordo com a sua nova rotina.

Conheça alguns tipos de dietas e suas dificuldades de adaptação

Antes de prosseguir neste tópico, lembre-se: não comece uma dieta sem consultar um profissional nutricionista! Nossa alimentação é coisa séria, por isso, mudanças sem acompanhamento podem causar problemas até mesmo irreversíveis!

Dito isso, preparamos uma lista com diversos tipos de dieta e um breve comentário a respeito de por que é difícil começar cada uma delas. Confira!

Alimentos típicos de uma dieta low-carb. Leguminosas, ovos e frutas.
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Dieta Low Carb

É uma dieta na qual diminuímos a ingestão de alimentos ricos em carboidratos, como macarrão e pão, e aumentamos a quantidade de proteínas, como ovos, carne vermelha e frango.

A principal dificuldade, segundo especialistas, está no baixo consumo de fibras, que pode até mesmo afetar a frequência com a qual vamos ao banheiro.

Dieta do Ovo

A dieta do ovo foca em adicionar um ovo em todas as principais refeições do dia, como café da manhã, almoço e jantar. Porém, é importante ressaltar que ela não deve durar mais do que 10 dias.

A principal dificuldade é justamente passar a não odiar o ovo, o que pode atrapalhar e desanimar em relação à dieta, em curto prazo, e até mesmo fazer enjoar do alimento, em longo prazo.

Sucos de várias frutas e vegetais diferentes. À esquerda, uma pequena placa na qual consta o texto "detox".
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Dieta Detox

Essa dieta se baseia no consumo de chás, misturas, vitaminas, frutas e hortaliças com o intuito de “desintoxicar” o organismo.

A principal dificuldade está no fato de que as pessoas que fazem essa dieta normalmente não consomem esses alimentos com regularidade, então, a mudança pode ser drástica.

Dieta Cetogênica

Nesse tipo de dieta, a pessoa elimina quase todos os alimentos ricos em carboidratos, como arroz e pão, e adiciona mais alimentos ricos em gorduras boas. É parecida com a low carb, mas o foco está na gordura boa, não nas proteínas.

A dificuldade está no fato de que a maior parte das pessoas consome pão no café da manhã ou no café da tarde e, também, arroz no almoço e no jantar.

Dieta Dukan

É uma dieta em quatro fases, cada uma delas com um grupo específico de alimentos que podem ser ingeridos à vontade, de acordo com a preferência da pessoa, mas não podem ser misturados alimentos de uma fase com a de outra.

É considerada uma dieta bastante flexível, mas a maior parte das pessoas faz seu próprio cardápio, sem consultar um profissional nutricionista, então acaba não emagrecendo justamente por causa dessa flexibilidade e por ela permitir consumir quase tudo.

Um prato de salada.
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Dieta HCG

Essa dieta une consumo baixo de calorias com aplicação do hormônio HCG via oral ou intravenosa. Esse hormônio, segundo algumas pessoas, reduz a fome e acelera o processo de queima de gordura.

Essa dieta NÃO DEVE SER FEITA. Segundo profissionais ouvidos pelo UOL, essa dieta não tem aplicação prática e não é recomendada por profissionais nutricionistas, porque é perigosa para a saúde. De qualquer forma, a maior dificuldade é justamente porque se come muito pouco e pouquíssima quantidade de cada alimento.

Dieta da Sopa

Nessa dieta de sete dias, substituímos as refeições principais (almoço e jantar) por uma sopa, sempre a mesma, desde que tenha sido elaborada por um profissional nutricionista.

A dificuldade vem das pessoas que não gostam de sopa, ou que não têm o hábito de consumir esse alimento, já que a mudança da ingestão dos sólidos para as sopas pode ser drástica. O ponto positivo é que ela dura somente sete dias.

Dieta da USP

Prometendo emagrecimento de até um quilo por dia, essa dieta consiste em ingerir pouquíssimas calorias (cerca de mil) por 7 ou 14 dias.

Essa dieta NÃO TEM COMPROVAÇÃO DE EFICÁCIA, e seu nome em nada se relaciona com qualquer estudo sério feito pela Universidade de São Paulo. De qualquer forma, a maior dificuldade está na baixa ingestão de calorias.

Uma mesa com várias frutas e legumes de diferentes tipos.
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Dieta Mediterrânea

Considerada uma das mais equilibradas, a dieta mediterrânea consiste em maior ingestão de frutas, vegetais, peixes, azeite, vinho e derivados de leite, como é a alimentação da Espanha, da França e da Itália (países banhados pelo Mar Mediterrâneo).

É, provavelmente, a que apresenta menor grau de dificuldade de adaptação. Talvez a dificuldade seja a de qualquer dieta: parar de consumir determinados alimentos e passar a consumir alimentos de outro tipo.

Dieta de 1.200 Calorias

É uma dieta que, como está explícito no nome, permite somente a ingestão de 1.200 calorias por dia, divididas em seis refeições, espalhados ao longo do período desse dia.

Entre as principais dificuldades destaca-se justamente a baixa ingestão de calorias, que pode ser uma mudança drástica e nada saudável para a maior parte das pessoas.

Dieta Líquida

Na dieta líquida, substituímos todos os alimentos sólidos por líquidos: sucos, vitaminas, sopas, entre outros líquidos e caldos, em todas as refeições.

Essa dieta apresenta SÉRIOS RISCOS À SAÚDE, porque não é equilibrada. O nosso corpo precisa dos alimentos sólidos e dos benefícios trazidos por eles. De qualquer forma, a maior dificuldade é se adaptar à ausência completa dos alimentos sólidos.

Numa tábua, alimentos que contêm grande quantidades de proteína. Peixes, carnes e ovos.
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Dieta da Proteína

Preferência de quem deseja ganhar tônus muscular, essa dieta (também chamada de hiperproteica) consiste em aumentar a ingestão de alimentos ricos em proteínas, como ovos, leite e carnes.

A dificuldade está em ultrapassar a barreira da saciedade. Como os alimentos com mais proteína são aqueles que aumentam a sensação de saciedade, aumentar o consumo deles pode causar a famosa sensação de “estufamento”.

Dieta Intermitente

Também conhecida como jejum intermitente, é uma dieta que propõe não ingerir alimentos sólidos entre 16 e 36 horas seguidas, priorizando somente líquidos.

Essa é uma dieta perigosa, porque a não ingestão de alimentos sólidos pode causar fraqueza, indisposição, entre outros problemas, além, é claro, da sensação de estar permanentemente com fome.

Dieta Japonesa

É uma dieta que consiste na ingestão de pequenas porções de alimentos, bem como em poucas refeições ao dia, além de baixo consumo de açúcar, leite e derivados e alimentos industrializados e gordurosos.

Essa dieta vem com uma mudança grande na quantidade dos alimentos e das refeições ao longo do dia, então, muita gente pode “passar fome” se tentar entrar nessa dieta.

Numa mesa, um prato de maçã e um prato de bolo. Escorada sobre essa mesa, uma mulher pensativa.
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Dieta dos Pontos

Essa dieta é como um jogo: cada alimento “custa” uma quantidade de pontos, baseada em suas calorias, e temos uma quantidade máxima de pontos para “gastar”, então podemos fazer nosso cardápio, desde que não ultrapassemos os pontos.

Se idealizada com a ajuda de um profissional nutricionista, as dificuldades caem, porque elas vêm justamente do nível de autogestão necessário para que saibamos equilibrar o gasto dos pontos e não gastemos demais no início do dia, faltando no final dele.

Enfim, começar uma dieta é sempre uma mudança de hábito, que, como qualquer uma delas, traz dificuldades e exige paciência em relação ao processo de adaptação.

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Em relação especificamente a dietas, não se esqueça de consultar um profissional nutricionista e não faça nada por conta própria!

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