A cena é a seguinte: você encontra uma pessoa na rua. A pessoa te diz “bom dia”, não espera você responder, e então começa a contar tudo de terrível que está acontecendo na vida dela: o casamento que não vai bem, o familiar que está doente, o emprego puxado. E então, sem escutar nada sobre você, ela vai embora.
Esse foi só um dos motivos que me fizeram desaparecer das redes sociais. É isso que acontece no mundo virtual.
“Ok, mas você é uma terapeuta”, você pensou. “isso não faz parte do seu trabalho?” E eu te respondo: “sim, faz, se você marcar um horário comigo.”
A insatisfação com essa falta de etiqueta, com o “mundo perfeito” do Instagram, com o marketing e tudo o mais, acabou abrindo um espaço que me fez refletir sobre várias coisas. E, claro, quando você sintoniza num canal, muita coisa chega até você relacionada àquilo.
Sobre a vibração
Comecei a pensar que se eu acredito mesmo em vibração, em física quântica, não preciso estar nas redes sociais para atrair clientes.
Preciso é trabalhar em mim, estar curada, para atrair gente que eu possa ajudar.
“Coincidentemente”, assisti a um vídeo sobre o Ramana Maharshi, um guru indiano, e a prática que ele ensina, a Autorrealização, Autoinvestigação ou Rendição (surrender).
No vídeo, seu biógrafo explica que uma das características de uma pessoa que conseguiu a autorrealização é que ela não precisa fazer muito: o que ela precisa é atraído até ela.
Não estou nem perto de ter conseguido a autorrealização, mas talvez eu esteja mais no caminho do que eu pensava.
Sobre “por as palavras pra andar”
Esse é um ditado indígena que eu entendo de duas formas: uma é fazer o que você fala; a outra é fazer, e não só aprender. Eu achei que tinha que trabalhar nas duas coisas.
Nos últimos dias estou me dedicando a sentar e a meditar mesmo, diariamente.
Estou cuidando do meu corpo, que é um veículo sagrado como outro qualquer, por meio do qual a gente pode equilibrar os outros corpos.
Usei o tempo para traduzir meu livro para o inglês, ao invés de fazer mais um curso e ingerir mais conhecimento e sentir que eu deveria fazer mais, em vez de sentir que eu já tenho tudo que preciso.
Sobre a questão do tempo
É inegável a quantidade excessiva de tempo que as redes sociais consomem. É tudo tão interessante e, quando você vê, horas já se passaram.
Não sou adepta da produtividade – não acho que deveríamos usar esse tempo para sermos mais isto ou aquilo. Mas acho que poderíamos usar para sermos, em todos os sentidos que essa palavra propõem.
Ser no sentido de só sentar e existir, sem precisarmos nos distrair com qualquer coisa para ocupar a mente. O que há de tão errado com o nosso mundo que a gente não possa ficar quieto por cinco minutos para observá-lo?
Ser no sentido de essência, de sermos nós mesmos, não um personagem criado para as redes sociais, ou alguém que faz algo porque a consciência está pesada.
Sobre manter uma imagem
Aliás, já pensou na diferença entre fazer algo porque todo mundo está fazendo e a sua consciência está pesada (não comer carne, por exemplo), ou por amor (no caso, aos animais)?
Rudolf Steiner, o criador da Antroposofia, dizia que se é pra você não comer carne e ficar gastando energia sofrendo ou pensando nela, é melhor que se coma.
Quem sabe se eu trabalhar na minha vibração, no meu equilíbrio, uma hora consigo realmente virar vegetariana, sem esforço?
Sobre a minha personalidade
Eu sou introvertida. Estar nas redes sociais é realmente uma violação da minha natureza: não gosto de me expor, de expor minha vida.
E então comecei a me comparar com todas essas pessoas que conseguem fazer isso porque tem outro tipo de personalidade, e tudo bem.
Me afastar das redes me deu a clareza de que o que eu gosto de fazer é isto que estou fazendo agora: escrever. Não em 20 linhas, mas num espaço onde eu possa por meu coração, compartilhar o que aprendi, aprender também.
Sobre encontrar gente de verdade
Outro dia, alguém me disse por inbox: “eu acho que somos boas amigas uma para a outra”, e eu pensei: “sério? O que você sabe sobre a minha vida?”.
E então decidi que, além de cuidar do meu corpo, a minha prioridade vai ser encontrar pessoas. Olhar pra elas, saber o que elas não contam online, abraçar. E está sendo incrível.
Sabe aquela pessoa que parece que sabe tudo? É vulnerável. Sabe aquela pessoa que mal fala com você? Te surpreende com um: “aquele seu texto me ajudou muito”.
E eu acho que talvez este seja o grande “bode” que todo mundo está sentindo das redes sociais: elas deixaram de te surpreender.
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Se o problema são os algoritmos, as pessoas que você está atraindo, não sei responder. O que posso dizer é que a vida real sempre surpreende, na maioria das vezes, para o bem. É só ir com fé.