Somos capazes de enxergar com tamanha clareza aquilo que não nos agrada nas outras pessoas, capacidade esta que nos falta quando o tema versa sobre nossas próprias imperfeições.
Pelo contrário, geralmente nos enxergamos perfeitos, idealizados e gastamos muita energia para sermos vistos desta maneira.
Mais ainda, por vezes investimos pesado para garantirmos que estas máscaras não caiam e pagamos um preço alto para tal: fingimos, dissimulamos, engolimos sapos, gastamos o que não temos, tudo para aparentar ser algo que nem sempre somos.
E para quê? Por não lidarmos com nosso lado sombra, verdadeiro, escondido, nem sempre tão belo, mas real? Vivemos presos, sob vigilância, exercida por nós mesmos, para não mostrarmos aos outros e principalmente a nós mesmos aspectos que não dominamos, que não nos agradam, que nos desarmonizam, mas que facilmente identificamos nos outros e repudiamos com veemência.
Provavelmente, se fizéssemos melhor contato com estes nossos conteúdos menos nobres, talvez parássemos de perder tempo tentando tripudiá-los nos outros e pudéssemos abraçar a causa e fazer uma bela lição de casa. Afinal, ninguém conserta aquilo que desconhece.
Só quando percebermos que não somos tão perfeitos assim e tomarmos contato com nossas imperfeições, compreendendo e aceitando nossa humanidade e destinação para a transformação interior, começaremos a potencializar nossa humildade e respeito pelas nossas limitações, passando também a respeitar os outros por serem humanos como nós. O respeito pelo outro começa pelo respeito por nós mesmos. Quem não respeita não se respeita tampouco.
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Então passemos a observar nosso nível de crítica e exigência para com o outro: caso intenso, sinal de que não estamos devidamente conectados conosco mesmos.