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Primavera Como florir o jardim do coração?

Mulher entre flores com sol refletindo
123RF | Galyna Tymonko
Escrito por Anna Maria Oliveira

Primavera
Como florir o jardim do coração?
“(…) Estrela, eu lhe diria
Desce à terra, o amor existe
E a poesia só espera ver
Nascer a primavera
Para não morrer (…)”

-Vinicius de Moraes

Mulher em campo de flores com braços abertos e céu azul ao fundo
Maksim Goncharenok / Pexels

Eis que ela chegou, a primavera, após o silêncio introspectivo do inverno, renasce o murmúrio da primavera, a natureza desperta com suas cores e encantos para mais um ciclo.

Hora de soltar o passado e desapegar de tudo o que não serve mais, desde objetos materiais a sentimentos, mágoas e crenças, que prendem ao passado.

A palavra primavera tem origem no latim “primo vere”, que significa “antes do verão”.

Tempo para fazer florir o jardim do coração, multiplicar a generosidade e nutrir a simplicidade.

Os povos ancestrais reverenciavam as estações do ano com respeito e rituais de agradecimento pela vida, colheitas e amor à terra.

A conexão com a Natureza regia a vida das sociedades, influenciando o plantio de flores, cereais, frutas e legumes o ano todo.

O mito grego de Deméter e Perséfone é uma das explicações para a origem da primavera.

Meio rosto de mulher segurando rosa em foco
Rodolfo Clix / Pexels

“Deméter era a deusa do trigo e, de um modo geral, de toda a terra cultivada. Senhora dos cereais, chamada pelos romanos Ceres. Da sua união com Zeus, nasceu Perséfone, sua única filha, que cresceu bela e feliz.

Hades, o deus dos infernos, irmão de Zeus e, portanto, seu tio, apaixonou-se perdidamente por ela. Um dia, quando a jovem passeava despreocupada pelos prados verdejantes, ao colher uma flor, a terra abriu-se de repente e Hades surgiu para raptá-la e levá-la consigo para o mundo inferior sobre o qual reinava.

Deméter ouviu os gritos de aflição da filha e correu para ajudá-la, mas nada pôde fazer. Desesperada, começou a percorrer o mundo em busca da filha, sem comer nem beber, sem se preocupar com o seu aspecto nem tratar de si, sem cuidar de nenhuma das suas tarefas.

Acabou por conseguir que o Sol, que tudo vê, lhe revelasse quem fora o raptor da filha. Decidiu, então, não mais voltar ao Olimpo, a morada dos deuses, e renunciou às suas funções divinas até que a filha lhe fosse devolvida.

A terra ficou estéril e os homens com fome, pois as culturas secaram e morreram. Tudo era devastação e abandono. Zeus, responsável pela ordem no mundo, preocupado com a calamidade causada por Deméter, ordenou a Hades que devolvesse Perséfone.

A jovem, porém, por fome ou instigada por Hades, comera já um bago de romã no mundo das sombras e esse pequeno gesto ligara-a para sempre ao reino do marido. Então um acordo foi feito: Perséfone passaria metade do ano com a mãe, no Olimpo, e a outra metade com o marido, no mundo dos infernos.

Assim, quando Deméter tem a filha ao seu lado, está feliz e a natureza floresce: é o tempo da primavera e do verão. Mas quando Perséfone tem de regressar para junto de Hades, Deméter mergulha de novo na maior tristeza: começa então o outono, vem depois o inverno e a desolação na natureza.

Texto adaptado de publicação da Faculdade de Lisboa

Flor laranja ao sol vista em foco
Kaboompics .com / Pexels

Com o passar dos anos a humanidade, de modo geral, deixou de contemplar os ciclos da vida e as estações do ano, suas lições e convites. A vida urbana, industrializada, tecnológica ganhou importância, o ter passou a ser a meta.

A desconexão com a própria essência fez com que os humanos explorassem abusivamente a terra e seus recursos, a magia das celebrações e dos rituais ficou em algum lugar no passado coletivo. A visão apreciativa da vida passou a ser uma atitude de gente “bicho-grilo”, a turma do “paz e amor”!

Hoje, diante do cenário da pandemia que assola o planeta, o convite é retomar a visão apreciativa. Hábitos como cozinhar, trabalhar com jardinagem, admirar o final do dia, a lua cheia e as estrelas, viver de maneira simples, consumir menos, manter o distanciamento social e a redução de poluentes na atmosfera estão criando novas possibilidades de reconexão com a ecologia interior e exterior.

Uma das aprendizagens mais lindas na atualidade é a possibilidade de entrarmos no ritmo da Natureza, (re)aprendendo a seguir o fluxo da vida com mais leveza, admiração e amor.

É hora de soltar as falsas necessidades de objetos materiais, parar de acumular coisas descartáveis, repaginar objetos, roupas e móveis, usando a criatividade.

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Assim é a vibração da primavera um convite para florir o jardim do coração, escutar a sua voz, seus murmúrios, desejos, sonhos engavetados.

Fortalecer a nutrição do amor por si, pelo outro e pelo planeta, assim como Deméter, para que possamos receber Perséfone, símbolo de uma criação mais autêntica, genuína, colaborativa, doadora e acolhedora.

A vida mudou e pede que sejamos inteligentes, “nada será como antes, amanhã”.

Feliz primavera!

Abraço carinhoso

Sobre o autor

Anna Maria Oliveira

Idealizadora de abordagem personalizada para ensino e prática de Meditação e Yoga com crianças e jovens. Fundadora, Professora e Curadora de Projetos da Academia Confluência. Autora do E-book " Como ajudar crianças a relaxar - Práticas lúdicas com crianças de 06 a 10 anos", roteirista e narradora de meditações guiadas.

● Coordenadora Pedagógica no Terceiro Setor.
● Ministro aulas, cursos, palestras e vivências em desenvolvimento humano.
● Praticante de Meditação Raja Yoga e Hatha Yoga.

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