Via de regra em alguma fase da nossa existência somos picados por essa condição ou em alguma faceta de nossa vida passamos a procrastinar. E está tudo bem! Agora você pode se perguntar como eu posso falar tudo bem se você procrastina. Muito simples, a intenção é que aprendamos pelo menos a compreender por que estamos na não ação, para aí conseguir gerenciar internamente uma solução verdadeira para resolver isso.
Pare por um instante para observar, apenas observar, o contexto social em que estamos inseridos. Desafio você por um dia a andar pelas ruas, no local de trabalho, em sua casa e em todos os lugares como o espectador de um longa-metragem. A intenção é que você seja 100% telespectador.
Talvez você fique assustado ao notar que a maioria das pessoas veste não só uma máscara mas uma armadura de proteção. Essa armadura muitas vezes não é contra o meio, mas sim contra si mesma. Uma vez que essa armadura deixe de existir, a máscara cai imediatamente e aí o ego, mal trabalhado, sucumbe e passa a não conseguir sequer existir.
Ou seja, o ego morre! E nessa dimensão o ego faz parte da nossa existência. Faz parte da construção daquilo que estamos. Estamos seres humanos. Estamos filhos(as). Estamos mães. Estamos pais. Estamos tios/tias. Estamos primos(as). Estamos no cargo x e na função y. O ser vai muito além dessa existência, vai muito além da construção desse ego que nos ajuda a viver aqui.
Contudo, muitos não vivem, apenas sobrevivem. Vagam por aí numa bolha criada por si mesmos, pois uma vez que essa bolha explode o mundo literalmente desaba.
Essa desestruturação do ego gera muito, mas muito medo e muitas vezes até mesmo pânico. Pois o controle vivido até o momento finalmente é constatado como uma ilusão, e este, caro leitor, talvez seja um dos recursos mais perspicazes que o ego lança para manter a procrastinação.
Ao procrastinar, você se manterá em ação para uma única coisa de forma extremamente eficaz: estará cada vez mais distante da sua verdadeira essência. Estará cada vez mais distante de realizar suas verdadeiras potencialidades de ofertar para o Universo o seu verdadeiro dom e assim receber na mesma proporção e intensidade toda a abundância, prosperidade e amor que o Universo abriga.
Como assim? Vamos fazer outro exercício.
Veja se você se identifica. Ou ao menos traz à sua consciência os padrões que alimentam a malha procrastinadora.
Numa outra realidade. Num multiverso qualquer por aí. Em que tudo é possível. Detalhe, aqui também é, nós só esquecemos como. Mas, enfim, vamos supor que seu EU nessa realidade paralela assumiu sua melhor versão. Que está em coerência com a sua verdadeira essência e que se coloca à disposição de todos por meio do seu “dom”.
Vamos mais longe, nesse mundo paralelo não só você vive esse sincronismo com a essência, mas toda a sociedade. Então de repente a sua função e seu dom é fazer pães e bolos para encher de alegria e amor as celebrações ou aquele momento especial do dia com a família. Você não está preocupado com o engenheiro que está projetando a malha ferroviária e tão pouco buscando compreender leis ou estudar anatomia e fisiologia, pois irá fazer uma cirurgia. Você está nessa sociedade, nesse multiverso para fazer pães e bolos. Simples assim.
E quando você acolhe isso com amor em seu coração compreende que você ajuda o engenheiro, o advogado e o médico dentro daquilo que você faz de melhor, pois quando o dia de trabalho dessas pessoas acaba pode ser com a família ao redor de uma mesa com os quitutes que você fez. Quitutes esses que jamais ficariam saborosos e tenros se feitos por eles mesmos, afinal o dom deles é distinto do seu.
Neste multiverso não há melhor nem pior. Apenas aquilo que é. Cada um em sintonia com sua melhor versão. Então seu bolo tem tanto valor quanto o projeto de engenharia – bolos também precisam de projeto, isso se chama receita; ou o entendimento das leis e como aplicá-las – é preciso compreender a receita e conhecer seus ingredientes; ou cirurgias em que qualquer deslize da mão do profissional os danos podem ser catastróficos – pois bem, se você não acertar a medida e uma determinada ordem de juntar os ingredientes provavelmente não haverá um bolo delicioso ao final.
Mas e o que tudo isso tem a ver com procrastinação? Tudo! Quando você identifica a sua função, isso irá desfragmentar o ego e muitas vezes ir contra o senso comum da sociedade doente. Nesse ponto já voltamos aqui para essa realidade… o multiverso está por aí em algum lugar.
E nessa esfera, até o presente momento no ano de 2019, somos treinados a crer que para ser feliz é preciso ter dinheiro. E para ter esse dinheiro precisamos fazer coisas que proporcionam isso. Quem aqui ao ler não se identifica? Ou ao menos uma vez na vida ouviu que tinha que ser isso ou aquilo e que x ou y não têm futuro e não dão dinheiro. No nosso exemplo, o confeiteiro nessa realidade tem menos valor visto pelo social do que o advogado, o médico e o engenheiro.
Mas isso está mudando. Se você se permite comer aqueles quitutes daquele confeiteiro x, sabe que irá pagar um valor antes inimaginável. E sabe por quê? Finalmente a sociedade está despertando para o fato de que o importante é a entrega que se tem ao fazer algo.
Se esse algo é o melhor que essa pessoa tem para entregar, então deve ser, sim, reconhecido e valorizado.
Nessa esfera esse reconhecimento vem com o que chamamos de dinheiro. E que sugiro que de uma vez por todas você acolha que é merecedor e que dinheiro é sempre bom! Afinal poderia ser outra moeda, como por exemplo ouro… ou já pensou em receber o valor de seu dom em créditos para adquirir o dom dos outros? Mas isso fica para outra história.
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O que importa aqui é que ao assumir o nosso, assumimos junto com ele a responsabilidade de sempre ofertar o nosso melhor. Quando paramos de tentar nos enquadrar no conceito doente do que é o ideal e olhamos para dentro de si mesmo e finalmente despertamos para nossa melhor versão não haverá mais por que procrastinar.
Mas aí precisamos lembrar que o ego doente irá morrer para outro novo nascer, e é essa virada de chave em que muitos simplesmente travam.
Travam por n crenças limitantes que os fazem ter medo de agir a favor de si mesmos. Travam, pois terão que arcar com a responsabilidade de serem quem são. Quando estamos na não ação, muitas vezes também estamos delegando a responsabilidade disso a alguém/algo ou a uma instituição. Logo, se deu errado é culpa “deles”, e se deu certo
até celebro, mas também atribuo a essa força oculta e invisível os louros.
E aí, caro leitor, entra uma coisa muito importante da qual muitos fogem: o autoconhecimento. Pessoas que não se conhecem tendem a procrastinar mais ainda, uma vez que, quanto mais ação temos mais sincronizados com nossa verdadeira essência estamos e, logo, menos procrastinamos. Aquele que não busca se conhecer mantém a armadura e a máscara e vive em simbiose com esse personagem criado. E para quem não sabe o que é simbiose é muito simples: imaginem dois seres acoplados, porém quando você remove um o outro tem sua existência diretamente afetada, ou seja, um morre, o outro morre também.
O procrastinador tem pânico da possibilidade iminente de estar com si mesmo, afinal como ele lidará com esse estranho dentro dele mesmo? Então o medo de ver a si mesmo é combustível para a não ação, pois entrar em contato com os padrões internos dos quais tem medo irá desconfigurar toda a armadura criada e lustrada com tanto orgulho, vaidade e medo do novo mundo à sua frente, já que aquele estado vivido até este momento irá morrer. A pessoa que procrastina está fugindo dela mesma, pois também morre de medo da crítica, uma vez que não se conhece. Entra-se assim em um círculo vicioso – se me conheço, paro de procrastinar, se paro de procrastinar, o ego que conheço hoje morre, então é melhor continuar a alimentar o movimento de fuga de si mesmo, pois assim não há colapso da realidade conhecida e vivida – por pior que ela seja.
Veja bem, ter aquele friozinho na barriga, um “medinho”, é natural, pois é do ego. Mas sabe aquele “meme”: se estiver com medo, vai assim mesmo. Então, para sair do processo de anestesias existenciais, é preciso simplesmente agir. Se precisar fugir, que seja do padrão cartesiano, das roupas básicas e dos sistemas fechados. Pare de se diminuir para caber num espaço que não foi feito para você. Permita-se entrar em contato com todas as suas fragilidades, pois é justamente nelas que reside a sua verdadeira forma.
Lembre-se: luz e sombra; feio e bonito; alegre e triste; bem e mal; Deus e diabo são apenas diferentes lados da mesma moeda. Ao acolher sua sombra e suas fragilidades, um novo estado de consciência se abre e criam-se estratégias reais de mudança e desconstrução dessa armadura e máscara. Sabe por que isso acontece? O ego tem medo de ser excluído, então toda a capacidade de adaptabilidade é acionada e finalmente você nasce para o novo mundo liberto da procrastinação.
Nessa esfera o que podemos fazer de forma prática então para desconstruir esse ego e permitir o nascimento da sua melhor versão? Tudo aquilo que estimule você a se conhecer e principalmente que integre os nossos diversos corpos: mente, emoção, físico e espiritual. Já aviso você que é uma caminhada viciante e sem volta. Faça atividade física, cuide da sua alimentação, faça terapias que tenham toque, terapias de reprogramação, seja investigador da sua própria existência e permita integrar luz e sombra.
E, mais do que isso, integre sua verdadeira essência. Assuma seu verdadeiro dom e se coloque à disposição do Universo para executá-lo. Oferte o seu melhor e você receberá o melhor também.
Ao fazer aquilo que se ama simplesmente conseguimos nos integrar ao todo rumo a uma expansão de consciência contínua e complexidade crescente.
Seja você em sua melhor versão.
Com fé, amor e gratidão.