O que há de errado com esse título? Desde quando alguém precisa dar a si o prazer de sentir? No entanto, passamos a vida tentando fingir o contrário. Nossos verdadeiros sentimentos podem ser confusos, inconvenientes, desconcertantes e até mesmo viciantes. Eles nos deixam vulneráveis, expostos, despidos diante do mundo.
Eles nos forçam a fazer coisas que preferimos não ter feito. Não é de surpreender que, às vezes, nossas emoções nos assustem — elas parecem tão fora de nosso controle.
Frequentemente, fazemos o máximo para negá-las ou escondê-las — até mesmo para nós mesmos. Nossas atitudes em relação a elas são transmitidas para nossos filhos, que aprendem quando seguem não só os nossos exemplos, como também dos pais e dos professores — seus modelos.
Nossos filhos recebem uma mensagem alta e clara, de modo que, em pouco tempo, eles também aprendem a reprimir até mesmo as mensagens mais urgentes vindas de dentro de si, assim como havíamos aprendido a fazer.
É verdade que todos nós experimentamos sentimentos quase continuamente, a cada momento de vigília — até mesmo em nossos sonhos —, sem nunca pedir ou obter a aprovação de ninguém. Parar de sentir seria como parar de pensar… ou de respirar.
Portanto, negamos a nós mesmos — e aos outros — a permissão para sentir. Reprimimos, sufocamos, fingimos. Evitamos ter conversas difíceis com nossos colegas; explodimos com entes queridos; e assim passamos impotentes por um saco inteiro de biscoitos sem saber o porquê.
Quando negamos a nós mesmos a permissão para sentir, estamos tentando fazer o impossível. Nossas emoções são uma parte fundamental — talvez a parte mais importante — do que nos torna humanos.
Nossas emoções são um componente essencial da nossa experiência humana. Elas nos conectam com o mundo ao nosso redor e nos permitem compreender e processar as informações que recebemos. Sentir é uma forma de nos relacionarmos com o que está acontecendo dentro e fora de nós, e isso nos ajuda a dar significado às nossas experiências.
Quando negamos a nós mesmos a permissão para sentir, estamos rejeitando uma parte fundamental de quem somos. Estamos suprimindo nossos desejos, necessidades, alegrias, tristezas e medos. Essas emoções não desaparecem simplesmente porque escolhemos ignorá-las. Em vez disso, elas se acumulam dentro de nós, criando um peso emocional que afeta nossa saúde mental e nosso bem-estar.
Ao permitir que nossas emoções sejam sentidas e expressas, estamos nos dando a oportunidade de crescer e evoluir emocionalmente.
Aceitar e abraçar nossos sentimentos nos permite entender a nós mesmos de uma maneira mais profunda, promovendo a autoconsciência e a autenticidade. Além disso, quando nos damos a nós mesmos e aos outros a permissão de sentir, criamos espaços de compreensão, empatia e conexão genuína.
É importante ressaltar que nos dar o prazer de sentir não significa agir de forma impulsiva ou prejudicar os outros. Trata-se de acolher e de processar nossas emoções de maneira saudável e construtiva, buscando maneiras adequadas de expressá-las e de lidar com elas. Esse é um convite para sermos mais compassivos e tolerantes conosco e com os outros, reconhecendo que todos nós estamos navegando pelas complexidades da vida emocional.
Ao adotarmos uma abordagem mais consciente e aberta em relação às nossas emoções, podemos cultivar relacionamentos mais autênticos, tomar decisões mais alinhadas com nossos valores e viver uma vida mais plena e satisfatória. Permitir o prazer de sentir é abraçar a nossa humanidade e abraçar o verdadeiro potencial de crescimento e transformação que isso pode trazer.
Portanto, encorajo você a dar a si mesmo e aos outros a permissão de sentir. Não tenha medo de suas emoções, mas sim de aprender com elas e usá-las como um guia para uma vida mais rica e significativa.
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