Quando pensamos no tratamento de uma doença ou de um problema de saúde, o que queremos saber é se esse tratamento funciona mesmo? E a maneira de descobrir se ele funciona realmente é por meio da ciência e de métodos científicos, que comprovam a eficácia daquela solução apresentada.
Quando falamos sobre problemas que afetam a mente, esse campo fica mais delicado, porque os sintomas e os problemas não são tão “palpáveis” quanto um braço quebrado ou uma dor nas costas, por exemplo. Então, podemos dizer que a psicologia e a psicanálise, que cuidam da mente, são ciências? Descubra!
Direto ao ponto
O que é psicologia?
A psicologia é o estudo da mente, dos seus processos e do comportamento de indivíduos e de grupos de seres humanos. O objetivo principal da psicologia é compreender pessoas e grupos de pessoas com base no comportamento desses indivíduos ou do coletivo.
A partir dessa compreensão, a psicologia, portanto, ajudaria o ser humano a lidar com problemas, traumas, dores e outros tipos de incômodos derivados de seus próprios sentimentos e pensamentos e do seu contato com o mundo externo.
Uma coisa essencial para esta discussão neste artigo é entender que não existe uma única psicologia, mas uma série de abordagens e de linhas de pensamento. Há teorias que entendem o ser humano de maneira mais prática, no modelo causa e efeito (como teoria cognitivo-comportamental).
Há, porém, outras que flertam com a filosofia e que são, digamos, menos preocupadas em curar, mas mais focadas no processo de autoconhecimento (como a fenomenologia existencial).
O que é psicanálise?
A psicanálise é um estudo da mente humana independente da psicologia (não sendo uma teoria da psicologia, como muitos pensam) que deriva da medicina. O fundador desse pensamento é o famoso médico Sigmund Freud.
O estudo da psicanálise, como foi criada por Freud, baseia-se principalmente na investigação do que ele chamou de inconsciente, isto é, uma “área” da nossa mente à qual não temos acesso, mas que registra tudo aquilo com o qual temos contato e que comanda nossos desejos e nossas vontades sem que tenhamos noção clara disso.
Há, hoje, diversas abordagens diferentes da psicanálise, mas todas elas são mais “abertas” e menos objetivas do que a maior parte das abordagens da psicologia, porque a psicanálise se baseia menos em métodos e mais na individualidade de cada paciente, o que impediria a reprodução de um mesmo “tratamento” para mais de um paciente.
O que é ciência?
Antes de avançarmos na discussão a respeito de a psicologia e a psicanálise serem ciências, é importante esclarecer o que é ciência.
Não há uma definição exata do que é ciência, mas podemos resumir dizendo que a ciência é uma produção de conhecimento passível de testes e que pode ser confirmada (ou refutada) quando analisada. O teste da ciência é conhecido como método científico.
Isso significa que, em geral, considera-se ciência aquilo que pode ser comprovado. Se surge um homem alegando que cura pessoas usando seus pés, é preciso que ele possa reproduzir essa cura várias vezes, nas mais diversas condições, como prova de que é mesmo capaz de curar; caso contrário, isso não será considerado ciência, pois não há comprovação.
Psicologia é ciência?
E agora vamos à pergunta de um milhão de dólares: psicologia é ciência? A resposta é menos simples do que um sim ou um não, porque é possível dizer que ela é e não é ciência. E isso acontece justamente porque existem muitas abordagens diferentes na psicologia, como explicado anteriormente.
A teoria cognitivo-comportamental, por exemplo, é comumente considerada uma ciência, porque tem métodos e tratamentos já estabelecidos (e que foram comprovados eficazes por testes) para lidar com problemas como depressão, transtorno de ansiedade, entre outros.
Muitas abordagens da psicologia, entretanto, não enxergam as dificuldades e os problemas psicológicos que todos temos como doenças, então não propõem tratamentos. Em vez disso, o que propõem são conversas, discussões e debates, sempre com a intenção de a pessoa se conhecer, não se curar.
Se não há o que curar, se o que há é um processo de autoconhecimento, como seria possível medir se uma pessoa se conhece mais ou melhor depois de determinada quantidade de sessões de psicoterapia? Impossível, não é? Por isso é que a psicologia navega entre ciência, medicina, filosofia, arte, entre outros campos.
Psicanálise é ciência?
Se não há consenso a respeito de a psicologia ser ou não considerada ciência, há consenso a respeito de a psicanálise não ser uma ciência. E isso acontece porque os métodos propostos por Freud e desenvolvidos por seus seguidores não podem ser comprovados por métodos científicos.
A psicanálise tem como essência o discurso livre do paciente, isto é, o paciente fala sobre o que quiser e, com alguma intervenção do psicanalista, vai “navegando” em seu próprio interior, sem nenhum objetivo concreto que não seja o processo de autoconhecimento.
Apesar de Freud ter morrido afirmando que a psicanálise era uma ciência (Freud era médico), nenhum dos conceitos da psicanálise encontra apoio na ciência sobre o cérebro e o comportamento humano acumulados desde o último século.
A psicanálise surgiu a partir das observações de Freud a partir de um número muito reduzido de pacientes e em um contexto muito específico da sociedade em que vivia, por isso sua eficácia não pode ser comprovada quando esses princípios são aplicados na sociedade em que vivemos hoje.
O fato de a psicanálise não ser considerada uma ciência não desmerece, de jeito nenhum, seus profissionais e aqueles que buscam esse tipo de terapia, porque ela, assim como a filosofia e como a arte, não existe com o único objetivo de promover uma cura, mas de conduzir o paciente a se conhecer mais e a lidar consigo mesmo de maneira mais harmônica.
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Agora que você já entendeu alguma coisa sobre a pergunta que intitula este artigo, qual é a sua opinião a respeito de a psicologia e a psicanálise serem ciências? Na sua opinião, elas são? Compartilhe conosco!
