Caríssimo, que saudades de ontem! Não vejo a hora de chegar amanhã!
Semana passada eu assisti a um lindo pôr do sol numa cidadezinha do interior.
Fiquei muito comovido, pois me lembrei de outro pôr do sol que vi há tempos em outro lugar. Estava olhando um crepúsculo lembrando-me do outro, totalmente envolto em lembranças.
Tirei umas 50 fotos do momento. Graças a Deus temos câmeras digitais hoje em dia.
Com isto, perdemos o presente.
Mal podia esperar para chegar à minha casa e descarregar as fotos no computador para poder me lembrar de tudo depois.
E você, querido leitor, também adora guardar os momentos presentes no passado para lembrá-los no futuro?
Como é que é?
Nós nunca estamos presentes no PRESENTE. Mas será que isto é um problema?
Eu vejo amigos sonhando com alguma viagem de férias ou mesmo com a festa no final de semana e quando estão lá, presentes no evento, ficam ansiosos para postarem as fotos, contar as histórias nos blogs e se sentirem seguros em casa novamente.
Ou seja, não vemos a hora do futuro chegar para podermos rememorar os grandes momentos do passado. Só não percebemos que, com isto, perdemos o presente.
Hum, que coisa esquisita esta!
E você, meu caro amigo nostálgico, já ficou ansioso na sexta-feira esperando pelo churrasco no domingo? E, durante o churrasco, ansioso pelo fato do dia seguinte ser segunda-feira? Para então, na terça-feira, esquecer-se desta ansiedade e ficar na ilusão de que o domingo foi perfeito? Além de, claro, torcer para que a semana passe logo, não é?
Queremos riscar o momento presente do calendário. Vivemos entre o passado (usando a memória seletiva) e o futuro (inexistente).
Bem, agora eu realmente tenho que ir, pois hoje à noite eu vou sair e não vejo a hora do dia passar logo, para que amanhã eu possa ficar, nostalgicamente e melancolicamente, me lembrando de tudo o que de fato eu não vivi.
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Uma dica: respire…
E deixe que o presente invada apenas este momento. Só este… Só por agora…