Procurar diminuir o outro, menosprezando-lhe os planos e conquistas ou mesmo desdenhando das coisas pelas quais ele se mostra entusiasmado diz muito mais sobre quem pratica essas ações do que sobre o outro propriamente dito.
“Gente grande de verdade sabe que é pequena e por isso cresce. Em contrapartida, gente que é pequena acha que já é grande, e a única maneira de ela crescer é diminuindo outra pessoa. O mundo do amor pela vida, pelo outro e por si mesmo exige que a gente se saiba pequeno pra poder crescer. Quem entre nós achar que já é grande o suficiente, pequeno continuará.” (Mário Sérgio Cortella)
Parece clichê, mas é fato que o prazer em subestimar as conquistas alheias evidencia uma falta de autoconfiança do agressor, que não se acredita capaz de fazer igual ou melhor, muito embora o seja. Afinal, o potencial para realizar algo grande não é e nunca foi qualidade restrita a alguns poucos privilegiados, e saber disso evitaria muita competição desnecessária.
A necessidade de se colocar em vantagem em relação a alguém revela não só uma profunda baixa autoestima – comumente disfarçada de exacerbado amor-próprio –, mas também uma profunda irresponsabilidade em relação ao outro, cujos pequenos planos, conquistas e alegrias podem se apresentar como as únicas coisas nas quais se agarrar.
O mesmo vale também para aquela sinceridade sempre mal-intencionada e desprovida de empatia, comumente travestida de coragem e transparência. Ora, de que vale uma sinceridade que não se detém diante da possibilidade de magoar o outro? De que vale uma crítica construtiva que esconde a intenção de destruir? Sinceridade verdadeira tem origem na intenção de engrandecer, e mesmo essa tem hora e lugar.
É que às vezes, mais do que sinceridade, as pessoas precisam de acolhimento, de escuta, de compreensão e de apoio, conforme o caso. Desmerecer um indivíduo ou ser demasiadamente sincero quando ele já está no chão é justamente o que se traduz na expressão “chutar cachorro morto”.
Nesse contexto, a verdadeira empatia e autorresponsabilidade – que aqui eu vou sintetizar na palavra maturidade – vai se revelar pela disposição para, em vez de se mostrar em vantagem sobre o outro, investigar o porquê dessa necessidade. Trata-se de uma autoinvestigação que exige muita honestidade e uma imensa coragem de mergulhar em si mesmo, trazendo à baila as próprias mazelas.
Por que ajo dessa forma? De onde vem isso? Qual é a origem desse sentimento de menos valia? Nunca se sabe qual é o tênue fio que o outro segura para a manutenção da vida. Será que você realmente precisa rompê-lo para, então, dar algum sentido à sua própria existência? E, se sim, até quando? O quanto isso o tem realmente ajudado?
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Não se trata de lidar com as pessoas como sendo elas feitas de porcelana. Trata-se apenas de se aproximar e se comunicar com o outro com o respeito e cuidado de quem não faz ideia das batalhas que ele enfrenta. Nesse sentido, peço licença ao Lama Padma Santem para me valer dos seus dizeres como forma de definir a tão aclamada empatia. “O outro é você mesmo em um mundo diferente. Olhe-o com apreciação profunda.”